Surfistas comemoram 32 anos da Escola Radical de Santos e transformação em suas vidas

Uma iniciativa que verdadeiramente transforma, por meio do esporte, a vida das pessoas. Essa é a Escola Radical de Santos, a primeira pública de surfe do Brasil. Em seus 32 anos de existência, comemorados neste final de semana, a escola se tornou sinônimo de superação, auxiliando milhares de pessoas a enfrentar não só o medo do mar, mas superar todos os tipos de dificuldades por meio da prática de surfe.

Mais de 30 mil alunos já passaram pela escola , que conta atualmente com mais de 400 inscritos, distribuídos em turmas para todas as idades. Muitos destes celebraram o aniversário da melhor maneira possível: surfando. O Prancha Oca Santos Longboard marcou as comemorações, em dois dias de festival na praia da Pompéia, com direito a parabéns e bolo.

Os grandes presentes, com certeza, são as histórias. “O surfe mudou a minha vida”, conta Marlene dos Santos, aposentada, 84 anos, uma das alunas mais antigas da escola. "Quando me aposentei, há 18 anos, precisava de algo para preencher meu tempo. Fui procurar uma atividade e falaram da escola de surfe. Desde o primeiro dia que pisei aqui, nunca mais parei".

"O surfe é um esporte completo, porque aqui você faz ginástica e todas as atividades dentro e fora da água. As pessoas não têm ideia de como é bom, incluindo as amizades, são pessoas incríveis que me ajudaram muito a passar pela aposentadoria de uma maneira muito agradável", completa.

O surfe também transformou a vida do aluno Raphael Guilherme dos Santos, o Raphinha, 21 anos, que entrou na Escola Radical aos 7 e se tornou um grande exemplo de superação, por meio do esporte. A mãe, Fabiana dos Santos, 39, conta que ele vivia sentado ou deitado por conta de uma paralisia cerebral durante o parto. “O meu filho gosta muito de feijão e aqui ele achou o tempero que faltava no feijão dele. A escola de surfe é a sua segunda casa, aqui ele começou a andar. O Cisco e o surfe mudaram a vida dele”, diz emocionada.

E as belas histórias não têm fim. José Bailão, aposentado, 79, está na escola há oito anos e ressalta como o surfe tem sido importante para a sua autoestima. “Cada vez que entramos na água, o surfe nos enche de alegria e satisfação, principalmente para o grupo 50+", afirma, dizendo que passou a ser admirado por seus amigos e familiares. "Isso me dá muito orgulho. Espero ter mais alguns anos de vida para continuar surfando e jogando tênis, que são as coisas que mais gosto de fazer".

Com praticantes de todas as faixas etárias, a partir dos 8 anos, a Escola Radical também tem auxiliado na formação de promessas do esporte, como Nicole Arana, de 17 anos, que começou a surfar aos 3 anos, incentivada pelos pais, e hoje tem o tempo ocupado pelas atividades da escola e pelas competições.

"Comecei na pranchinha, mas quando fui crescendo, com uns 12 anos, conheci o longboard através do meu pai, e foi paixão à primeira vista. Fiquei em segundo lugar no Campeonato Santista de Longboard e pretendo ter um resultado ainda melhor nos próximos. O surfe não é só um esporte, é um remédio, um escape, é uma higiene mental. Quando a gente entra no mar esquece de tudo, é um momento de pura conexão”, explica.

GRANDE FAMÍLIA

De acordo com o coordenador da Escola Radical, Cisco Araña, o segredo do sucesso da iniciativa é o amor com que o trabalho é realizado. "Somos uma grande família com tios, avós, pais, filhos e netos. É um local onde pessoas das mais diferentes idades se encontram para vivenciarem juntas um momento de conexão e contato com o mar. Aprender a surfar acaba virando uma consequência, mas o grande diferencial é a alegria e a relação de amizade que adquirimos uns com os outros. Esse é o verdadeiro sentido de todo o trabalho”, ressalta.

O secretário de Esportes, Gelasio Ayres Fernandes Jr., destacou a importância da iniciativa, lembrando que Santos tem a primeira escola pública de surfe do Brasil e a primeira 100% gratuita de surfe adaptado do mundo. "Esse pioneirismo mostra a importância que a modalidade tem para a nossa Cidade".

Ele ressalta que o trabalho realizado na escola extrapola o objetivo inicial, que era ensinar a prática do surfe. "Transforma a vida das pessoas. Tive a  oportunidade de fazer uma aula com a turma 50+ e posso dizer com propriedade sobre alegria envolvida durante as aulas. Essa conexão única com o mar é algo que não para explicar, tem que sentir". 

Esta iniciativa contempla o item 3 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: Saúde de Qualidade. Conheça os outros artigos dos ODS.