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Seminário sobre Família Acolhedora, em Santos, discute questão do apego aos acolhidos 

Publicado: 5 de outubro de 2023 - 14h35

Vale a pena para uma família se apegar a uma criança ou adolescente por um período temporário? A delicada questão, pela qual passam aos que aderem ao Programa Família Acolhedora, foi discutida na manhã desta quinta-feira (5), no Seminário Acolhendo com Afeto: Família Acolhedora. O evento foi promovido pelo Instituto Fazendo História, com apoio da Prefeitura de Santos, no Hotel Monte Serrat, no Centro Histórico. Pelos relatos dos participantes, a doação de amor e carinho a quem precisa são sempre válidos, mesmo por um período determinado.

O Programa Família Acolhedora oferece um lar temporário para crianças ou adolescentes em situação de abandono ou afastados da família. Parte do princípio que a criança tem de ter os cuidados que um lar proporciona até que retorne para seus laços originais ou vá para adoção. Desde que foi implantado em 2003 em Santos, mais de 230 crianças e adolescentes foram acolhidos graças ao programa.

"Eu sou uma tia acolhedora. Minha irmã recebeu dois meninos, e toda a família os acolheu. A gente precisa se apegar. A última noite com eles foi muito difícil porque a relação criada com eles foi linda. Hoje, minha irmã faz parte da vida desses dois meninos". O relato foi dado pela prefeita em exercício e secretária municipal da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos, Renata Bravo.

O mesmo sentimento pelo qual passou a família da prefeita em exercício está na vida do casal Jéssica Isabele Ribeiro, 30 anos, e Hugo Bessa, 29. Moradores do Marapé, eles tiveram a primeira experiência como família acolhedora em 2021, com um bebê de apenas 4 dias de vida. "Foi uma aventura", conta Jéssica. "A gente foi se adaptando", completa ele.

O casal passou a se interessar pelo programa ao ver uma apresentação, por vídeo, durante o período mais crítico da pandemia de covid-19. Eles entraram em contato com as equipes da Prefeitura até receberem a aprovação à adesão do programa. "A gente se apaixonou pelo bebê", resume Jéssica.

A experiência vivida pelo casal resultou em outros quatro acolhimentos. "A gente entra no programa sabendo que não pode adotar, mas cria um vínculo com eles", ressalta Jéssica. Ela passou a descrever essas experiências e a tirar dúvidas sobre o tema em um perfil criado no instagram: @acolhendoemsantos.

EXPERIÊNCIA EM CASA

Secretária municipal de Desenvolvimento Social, Audrey Kleys também deu um depoimento pessoal sobre o Família Acolhedora. Sua mãe, que trabalhava no Educandário Anália Franco, passou a receber em casa crianças e adolescentes em épocas específicas, como Natal, Ano-Novo e Páscoa - uma iniciativa da instituição, mesmo antes de o programa ser implantado na rede pública.

Em um final de ano, lembrou Audrey Kleys, nenhuma criança estava programada para ficar com sua família até a véspera de Natal. De repente, sua família foi noticiada da necessidade de ficar com três irmãos, cuja mãe estava internada em um hospital. "Minha família os acolheu, e fizemos a diferença na vida deles. Eu posso dizer que este programa transforma vidas".

Juiz da Vara da Infância, Juventude e Idoso de Santos, Evandro Renato Pereira lembrou que a implantação do programa, há 20 anos, foi cercada de várias dúvidas metodológicas. "Havia quem pensasse se não era melhor colocar as crianças em um abrigo, durante a fase de transição. Mas acabou vencendo a tese de que as crianças e adolescentes precisam de famílias".

SERVIÇO

Os interessados em participar do Família Acolhedora devem procurar os responsáveis pelo serviço na Seção Família Acolhedora, na Rua Dino Bueno, 16, Ponta da Praia. Mais informações podem ser obtidas no (13) 3251-9333. 

As equipes fazem um cadastro e uma entrevista para avaliar se o seu perfil se encaixa nas regras do programa. Na sequência, é feita uma visita à residência do interessado para conhecer os familiares, confirmando se todos concordam em receber a criança ou adolescente. O objetivo é garantir que a criança seja acolhida por todos e receba afeto.

Esta iniciativa contempla o item 10 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: Redução das Desigualdades. Conheça os outros artigos dos ODS

FOTOS: FRANCISCO ARRAIS/PMS