Mês da Mulher: santistas mostram superação na Cidade mais feminina do país; veja atrações da comemoração

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Caterina Montone

“Tem talento de equilibrista/Ela é muitas, se você quer saber”. A música ‘Desconstruindo Amélia’, da cantora Pitty, fala de vozes femininas que resolvem assumir o protagonismo da própria vida, papel que é celebrado em 8 março, Dia Internacional da Mulher. Santos, município que oferta programas exclusivos para garantir os direitos das mulheres, comemora a data com inúmeras atividades alusivas durante o mês inteiro. Confira todas as atividades aqui.

Seja no Centro, Zona Leste, Zona Noroeste, Morros ou Área Continental, basta sair pela Cidade para conferir a pluralidade de mulheres que atravessam as ruas de Santos. Elas vão trabalhar para garantir o próprio sustento, estudar para conquistar os tão sonhados diploma e profissão, caminhar pela orla, tomar um sol na praia, torcer pelo time favorito no estádio ou tomar aquele cafezinho no Museu do Café. Hoje, a mulher está em todo o lugar e em grande maioria. Essa estatística foi observada pelo Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), em 2022. Dos 418 mil moradores, 228,8 mil são do sexo feminino. Enquanto a média nacional é de 51,5% de mulheres, na cidade santista esse percentual sobe para 54,68%, o que representa 82,9 homens para cada 100 mulheres e torna o Município o mais feminino do país.

SERVIDORAS

Na Prefeitura, o número de mulheres continua sendo significativo com 64,3% de seu quadro funcional formado por servidoras, num total de 7.185 entre 11.170 ocupantes de cargos. A presença feminina também é destaque na chefia da Administração Municipal, tendo 617 mulheres como secretárias, assessoras e assistentes técnicas, chefes de departamento, coordenadoras e no comando da Procuradoria Geral do Município.

As secretarias de Educação (Cristina Barletta), Desenvolvimento Social (Audrey Kleys), Empreendedorismo, Economia Criativa e Turismo (Selley Storino), Infraestrutura e Edificações (Larissa Oliveira) e Mulher, Cidadania e Direitos Humanos (Renata Bravo, que também é vice-prefeita) têm mulheres na liderança.

A última pasta mencionada, inclusive, foi criada em 2022 pelo prefeito Rogério Santos, após ampliar a denominação da Secretaria Municipal de Cidadania. Tem a finalidade de promover os direitos e ampliar o olhar para todas as questões do público feminino, grande maioria na Cidade. A data da criação da Semulher está ligada a 7 de agosto, data em que é celebrado o Dia Estadual da Lei Maria da Penha, instituído após a sanção da Lei Federal 11.340, em 2006.

“Nosso governo mantém um compromisso constante com a promoção da igualdade de gênero, a proteção dos direitos das mulheres e o empoderamento de todas as santistas. Tivemos importantes conquistas recentes, como a criação da Secretaria da Mulher, da Cidadania e dos Direitos Humanos, e é por meio dessas ações, iniciativas e políticas públicas que estamos construindo um futuro onde todas as mulheres de Santos possam prosperar, alcançar seus objetivos e contribuir plenamente para o desenvolvimento de nossa cidade", afirma Renata Bravo.

“Nosso trabalho tem foco na elaboração e implementação de políticas públicas que assegurem direitos e oportunidades às mulheres. Atuamos para que os avanços conquistados sejam previstos em lei, sempre com ações pautadas no amplo diálogo com a sociedade. Ouvimos com sensibilidade as demandas e atuamos com uma equipe competente para garantir mais que atenção, mas respeito e dignidade. Ao promover a equidade de gênero e a defesa de direitos fundamentais, fortalecemos os alicerces da democracia e da cidadania", acrescentou o prefeito Rogério Santos.

E, para continuar seguindo com esse objetivo, diversas secretarias, por meio da Prefeitura, implantam ações de combate à violência contra a mulher, oferecem emprego, incentivam o empreendedorismo e atuam na promoção da saúde e no bem-estar das santistas.

MULHERES À FRENTE COM DIREITOS

O programa Guardiã Maria da Penha, iniciado em 2019, é sinônimo de ‘luz no fim do túnel’ com a finalidade de assegurar a integridade física e moral das vítimas, protegendo-as dos agressores e garantindo o cumprimento de medidas protetivas. Atualmente atende 127 mulheres, apontando um aumento pelo 2º ano consecutivo, já que, em 2023, foram realizadas 118 assistências. Ao todo, desde o primeiro ano de ação, já foram 645 processos recebidos. O Guardiã Maria da Penha é uma parceria entre a Coordenadoria de Políticas para a Mulher (Comulher), da Semulher, Guarda Civil Municipal, da Secretaria Municipal de Segurança (Seseg) e Ministério Público Estadual.

PRÓ-MULHER

Em 2022, as santistas tiveram uma conquista histórica com a criação do Programa de Empoderamento Feminino (Pró-Mulher). Entre as ações e políticas públicas da iniciativa está o atendimento prioritário às mulheres vítimas de violência nos serviços municipais, além de classificação prioritária para atendimento nas três unidades de pronto atendimento (UPAs) em caso de violência. O Pró-Mulher, ainda, tem como meta encorajar e incentivar as denúncias de violência contra a mulher.

RESPEITAR

Destinado a autores de violência contra a mulher que estejam com inquérito policial e/ou processo criminal, o Programa Respeitar já atendeu 318 homens encaminhados pela Secretaria de Desenvolvimento Social, Delegacia de Defesa da Mulher, Ministério Público e Poder Judiciário. Os atendidos participam de ações que promovem a conscientização e ressocialização. São casos, em menor potencial, em atendimento à Lei Maria da Penha.

EU ME DEFENDO

Já o curso de defesa pessoal ‘Eu me Defendo’, tem o objetivo de promover técnicas de defesa para mulheres, a fim de mostrar como agir em situações de risco e estar em alerta aos sinais de possíveis ataques. A prática foi criada em 2019 pela Secretaria Municipal da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos. No ano seguinte, passou a atender mulheres com deficiência e, em 2021, ampliou também para as transexuais. Atualmente, está com inscrições abertas. Confira aqui.

EMPREGO

O sistema de Empregabilidade de Mulheres em Vulnerabilidade e Vítimas de Violência tem a intenção de, por meio de termos de cooperação com associações, sindicatos, empresas, universidades e escolas técnicas, conseguir maior disponibilização de vagas, via Centro Público de Emprego, para as mulheres cadastradas e a consequente inclusão no mercado de trabalho. A medida também inclui a realização de cursos de capacitação para aumentar a empregabilidade deste público.

CONSCIENTIZAÇÃO MENSTRUAL

Mulheres em situação de vulnerabilidade social, usuárias dos abrigos, podem contar com a distribuição de produtos de higiene menstrual, como absorventes internos e externos, além de orientações  em relação ao ciclo natural.

RECURSOS

Com a função de captar recursos para financiar programas, projetos e ações relacionados à categoria feminina, o Fundo Municipal da Mulher (FMM), criado ano passado, é outra iniciativa vinculada ao Comulher e administrada pela Semulher. O FMM é voltado à garantia dos direitos das mulheres nas áreas de prevenção e combate à violência; monitoramento, assistência e cuidado às vítimas de violência doméstica e sexual; segurança e acesso à justiça; profissionalização, capacitação, empreendedorismo, inserção ou reinserção no mercado de trabalho e geração de renda e emprego, entre outras.

SAÚDE DA MULHER E GESTANTE

É no Instituto da Mulher e Gestante (Avenida Conselheiro Nébias, 453 - Encruzilhada), da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que as santistas podem contar com uma equipe completa, além de trabalho de apoio ao câncer ginecológico. A unidade concentra o atendimento às gestantes que são pacientes de risco, incluindo adolescentes. Há, também, o Programa de Atenção Integral às Vítimas de Abuso Sexual (Paivas), que presta assistência psicológica, além da prevenção contra doenças sexualmente transmissíveis.

MÃE SANTISTA

O Mãe Santista, que existe desde 2013, visa oferecer apoio abrangente às gestantes, desde o pré-natal até o período pós-parto, está ligado a toda a SMS. Além de acompanhar o desenvolvimento do bebê até os dois anos de idade, a iniciativa ainda é considerada a grande responsável pela redução do índice de mortalidade infantil no Município. 

AUTOESTIMA E ASSISTÊNCIA À MULHER

Mulheres que já passaram por outros serviços sociais oferecidos pelo Município e estejam precisando de apoio e um ‘empurrãozinho’ para a retomada de suas histórias estão abrigadas na Casa das Anas, um lar para um momento de transição na vida. Além de contarem com uma rotina doméstica, também recebem assistência. A iniciativa é da Secretaria de Desenvolvimento Social (Seds).

CURSOS

A Vila Criativa na unidade do Mercado (Praça Iguatemi Martins s/nº - Vila Nova) oferece frequentemente cursos de qualificação, nas mais diversas áreas, como gastronomia, moda e beleza, vendas e tecnologia para santistas que residem em bairros de maior vulnerabilidade social. Também assinado pela pasta, o Salão-Escola Autoestima, da Vila Criativa da Beleza (mesmo local da Vila Criativa citada acima), oferece espaços como recepção, sala de estar e ambientes para os cursos de maquiagem, design de sobrancelha, manicure, barbearia e cabeleireiro, com a missão de capacitação profissional, elevar a autoestima da mulher e de solidariedade, ao doar mechas de cabelos de clientes determinadas a uma boa ação a pacientes que estão em tratamento contra o câncer.

SANTOS À LUZ DA LEITURA 2024

‘Desviar para encontrar: o lugar e a voz do feminino’. Esta será a temática de 2024 do projeto institucional Santos à Luz da Leitura, da Secretaria de Educação (Seduc). Com um trabalho voltado para as artes e a literatura, a iniciativa levará para a rede municipal discussões e ações sobre o universo da mulher, a importância de seu papel na sociedade e a igualdade de gêneros. Desenvolvido desde 2014, o projeto tem como principal objetivo fomentar a leitura e as representações artísticas nas escolas municipais e núcleos de educação integral, propondo atividades diferenciadas para os alunos e realizando formações com profissionais da educação. A cada ano uma temática é selecionada.

SANTOS MULHER

O aplicativo, disponível para iOS e Android, reúne os programas que são desenvolvidos pelas diferentes pastas municipais especificamente para esse público. Por exemplo, o Mãe Santista, da Secretaria de Saúde, ou o Guardiã Maria da Penha, da Secretaria da Mulher, da Cidadania e dos Direitos Humanos. Pelo App, são disponibilizados eventos, notícias, capacitações e cursos com links, para que as munícipes possam se inscrever ou acessar conteúdos. Documentos oficiais, como a cartilha ‘Violência contra a Mulher’, que apontam comportamentos abusivos e indicam onde procurar ajuda no Município, também podem ser acessados.

ELAS FAZEM HISTÓRIA

É mais do que importante para qualquer mulher ouvir relatos de outra que descobriu em si um grande potencial, mesmo quando a realidade e as pessoas de fora não pareçam estar na mesma sintonia. Além dos desafios enfrentados para ocupar seu espaço dentro do ambiente de trabalho, em uma profissão fundamentada em valores masculinos, há aquelas que deixaram para trás a ideia ultrapassada de que são ‘velhas’ demais para realizar sonhos.  Confira algumas das milhares de histórias de força e superação que são contadas em Santos

Taiane Miyake - Coordenadora da Diversidade (Codiver)

Referência na promoção dos direitos das pessoas LGBT+ no Município, Taiane Miyake é santista de nascença. A história da coordenadora de Políticas para a Diversidade não difere das demais pessoas que se descobrem transexuais e travestis. Aos 19 anos, foi expulsa de casa pelo pai, que nunca aceitou a identidade de gênero da filha em vida. Foi neste momento que, para sobreviver, teve que passar por diversos desafios. Em 2012, um edital na Prefeitura de Santos foi aberto para agentes de prevenção de saúde no segmento LGBT+. Miyake obteve aprovação após seleção e trabalhou empenhadamente por dez anos. Em 2021, saiu candidata à vereadora e foi convidada a estar à frente da Codiver. Aos três anos de idade, Taiane sonhava com uma festa cheia de bonecas, vontade que ninguém da família compreendia. Hoje, aos 53, com 35 anos de transição, luta para realizar o sonho da casa própria e voltar à faculdade. Mas, desta vez, para cursar Psicologia e continuar transformando o mundo em uma fartura de possibilidades. “Eu tenho muito orgulho da mulher que me tornei pelo fato de que hoje estou adentrando espaços que eu jamais vi ser possível antes”.

Maria Nilda das Virgens - Inspetora chefe da Guarda Civil Municipal

Quem frequenta ou já passou próximo ao Paço Municipal (Centro Histórico), já encontrou a inspetora chefe da Guarda Civil Municipal, Maria Nilda das Virgens, 53. Na profissão que é composta maioritariamente por integrantes homens, assim como em quase todas as instituições pertencentes à área de segurança pública, a inspetora demonstra empenho e compromisso há 32 anos. “Eu trabalho como guarda para ajudar as pessoas, que precisam de nós, e saber que consigo alcançar esse objetivo me deixa feliz. Para mim, é um orgulho imenso fazer o que eu faço hoje, em um cargo ocupado por homens em sua maioria. Tenho amor por essa farda”. Apesar de ouvir que a profissão é perigosa e grosseira demais para uma mulher, integrar a equipe da GCM sempre foi um sonho desde criança. E Nilda nunca desistiu de alcançá-lo. Hoje, carrega o respeito e reconhecimento dos seus colegas, que a veem como referência na área.

Edmea Correia - Atleta do Surfe Senior Santos

“A mulher não pode chegar a uma certa idade e dizer ‘estou velha, então não posso fazer mais coisas como antes’. O esporte, por exemplo, traz muitos benefícios que a gente precisa, mas temos outra infinidade de limites para superar. A nossa cabeça não pode parar”. Quem faz a afirmação é Edmea Correia, 77, uma das alunas da Escola Radical de Surfe, no Posto 2. Distribuindo carisma por onde passa, a aposentada é praticante do esporte desde os 58 anos, quando fez uma aula experimental do equipamento e, como ela diz, foi amor ‘à primeira onda’. A atleta conta que chegou à Escola Radical pelo filho Val, que é deficiente visual e pratica o esporte há 20 anos. A emoção ao vê-lo surfando foi tanta, que começou a acompanhá-lo nas aulas. A confirmação da importância do esporte em sua vida ocorreu em 2011, quando um câncer de mama foi descoberto. Mesmo que desmotivada e já ‘contando os dias’ para o pior, o professor, Cisco Araña, e os colegas da modalidade não deixavam Edmeia faltar às aulas. Hoje curada, ela esbanja saúde e gratidão aos amigos enquanto dá um show sobre as ondas junto ao filho e ao marido, Chico.

Confira a programação completa do Mês da Mulher aqui

Esta iniciativa contempla o item 5 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: Igualdade de Gênero. Conheça os outros artigos dos ODS

Fotos: Isabela Carrari, Francisco Arrais, Raimundo Rosa, Marcelo Martins e Carlos Nogueira/Arquivo PMS