Santos tem a 1ª condutora de bonde do Brasil
Durante um ano, ela ficou aguardando contato, após ser classificada para a função. “Quando já tinha até esquecido, fui chamada”, confidenciou Cristiane Mascarenhas Gonçalves, 37 anos, a primeira condutora da história do bonde no Brasil.
De acordo com o gerente de manutenção e serviços da CET, Marcos Rogério, há mulheres atuando, mas como motorneiras, nas cidades portuguesas de Lisboa e Porto.
Formada em turismo em 2000, Cristiane queria continuar nessa área, após atuar como guia, em agências e no terminal marítimo de passageiros do porto santista. “Nem acreditei quando soube que iria trabalhar no bonde”, afirmou, dizendo ter se sentido “muito bem acolhida” na CET e na Setur, e feito muitas amizades.
Ela começou a fase de treinamento em agosto e elogiou o condutor Élcio, que lhe ensinou todos segredos da atividade. “Cobrar a passagem é o mais fácil na função”, prosseguiu, explicando a necessidade de utilizar calçados especiais, antiderrapantes e isolantes em função das manobras em materiais energizados.
“É um trabalho sério, difícil e perigoso, pois tenho que mudar, nos trilhos, a chave de direção do bonde e passar o pantógrafo para a outra linha aérea.” Mas o que a incomoda, mesmo, é a presença irregular de veículos nos trilhos. “Quase todos os dias isso acontece”, reconhece, dizendo ser necessário desembarcar, procurar ou aguardar o motorista e, se for o caso, acionar o guincho para desimpedir o caminho. “Enquanto isso, os passageiros ficam esperando e os guias de turismo da Setur têm que usar ainda mais a criatividade.”
Quem também gostou do novo trabalhado de Cristiane é Milany, sua filha de 10 anos. “Ela sempre quer vir comigo e adora passear de bonde.”
Foto: Rê Sarmento