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Sílvio fernandes lopes já previa uma carreira brilhante para covas

Publicado: 6 de março de 2001
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Mesmo com opções partidárias diferentes – Covas seguia a linha janista e Silvio Fernandes Lopes era ademarista – nunca houve brigas, desentendimentos ou qualquer tipo de rivalidades entre os dois, no período em que trabalharam juntos na Prefeitura Municipal de Santos; Silvio como prefeito e Mário como Chefe de Divisão de Serviços Públicos e posteriormente Chefe do Departamento de Obras, cargo equivalente ao que hoje corresponde a secretário de Obras e Serviços Públicos. A imagem de um funcionário extremamente competente, capaz, criativo e com ótimas idéias foi relembrada, ontem, pelo ex-prefeito de Santos, que lamentou a enorme perda para o País de uma das personalidades mais sérias e que soube construir um nome espetacular em sua trajetória política. Num país onde há tantos bandidos na política, deve ser ressaltado um nome respeitado por todos, absolutamente inatacável. Provavelmente seria um candidato imbatível à Presidência da República, nas próximas eleições, avalia Sílvio Fernandes Lopes, lamentando a doença terrível que abateu o governador, quando ele ainda demonstrava uma energia impressionante na condução e na recuperação do Estado de São Paulo. JOVEM DEDICADO Silvio destacou a dedicação que o jovem engenheiro demonstrava no desempenho de suas funções, no período em que a Prefeitura contava com uma grande equipe de engenheiros, do qual também fazia parte Armando Clemente. Essa equipe deu uma nova fisionomia a Santos, envolvendo obras de drenagem, pavimentação, iluminação e nos jardins da praia, avalia o ex-prefeito. Mário Covas havia trabalhado inicialmente na administração de Antonio Feliciano da Silva, mas no episódio trágico de deslizamento dos morros, ocorrido em 1956, quando dezenas de pessoas morreram, houve divergências na forma de conduzir a recuperação da Cidade e Covas acabou pedindo demissão. Retornou à Prefeitura no ano seguinte pelas mãos de Sílvio Fernandes Lopes que havia sucedido Antonio Feliciano. Coube a Covas a Divisão de Serviços Públicos e a outro engenheiro, Luiz La Scala Jr, a Divisão de Obras. Era uma equipe unida. Muitas vezes aconteciam reuniões na casa de Covas, ora na casa de La Scala e também na minha casa, relembra Sílvio, citando o trabalho imenso realizado por todos, enquanto Covas cuidava sobretudo da limpeza urbana, incluindo as valas que na época cortavam bairros populosos como Marapé, Macuco e Ponta da Praia. As valas representavam um grande desafio, lembra Sílvio citando o empenho do Mário em busca de equipamentos mais adequados à limpeza, entre eles varredeiras. A eficiência de Covas era notada pelo então prefeito, que um dia chegou a brincar você está se preparando para ser um grande prefeito de Santos. Segundo Sílvio Fernandes Lopes, nessa época Covas começou a se interessar por política, e a demonstrar simpatia pelo janismo. Na verdade ele não era exatamente janista, analisa Sílvio. Covas acabou concorrendo à Prefeitura pelo PST, partido que dava sustentação a Jânio disputando o cargo com outro engenheiro da equipe da Prefeitura, Luiz La Scala Jr. que foi apoiado por Sílvio. Nós vencemos a eleição, mas aí aconteceu o acidente que provocou a morte de Luiz La Scala antes de sua posse. Sílvio recorda que estava em São Paulo quando soube da notícia do acidente e ao chegar ao hospital, Mário Covas estava na porta da Santa Casa. Nós dois nos abraçamos e choramos juntos, relembra Sílvio, reafirmando que a campanha política havia sido muito ética: Éramos todos amigos. E foi esse mesmo grupo de amigos que fundou o Caiçara Clube, no José Menino, num trabalho que envolveu um grande esforço para a construção da sede, o Mário frequentou muito o Caiçara, durante o tempo que morou em Santos. E em plena ditadura, já cassado, foi homenageado pela então diretoria do Caiçara, presidida por Álvaro Fontes, que era vereador. Foi uma atitude de coragem, naquela época, do Álvaro Fontes,, explica Sílvio, aludindo às perseguições que ocorreram no período. Mantendo a amizade com Mário, mesmo com o afastamento que a vida impôs, Sílvio diz que se sentiu emocionado numa solenidade que ocorreu no Palácio dos Bandeirantes, há cerca de 2 anos e meio, quando participou da assinatura do contrato para construção de módulos do projeto do Rodoanel. Sílvio preside a Constran- Construção e Comércio S.A. que associada à Queiroz Galvão ganhou a concorrência de 4 dos 6 módulos licitados da obra. O Covas brincou quando fui assinar o contrato, afirmando que conhecia aquela assinatura, e me fez uma homenagem bonita ao me chamar de meu primeiro patrão.