Ponta da Praia, em Santos, comemora 56 anos de vida urbana ligada ao mar

Egle Cisterna e Luigi Di Vaio

Um dos cartões-postais dos santistas está em festa nesta quinta-feira (29). O bairro Ponta da Praia comemora 56 anos com uma cara diferente e atraindo cada vez mais visitantes pelos destaques naturais e culturais. O mar é a principal referência do bairro, que vem se desenvolvendo nos últimos anos e atraindo muita gente para o local. 

Uma das principais atrações está em seus mais de dois quilômetros de orla, onde as pessoas se reúnem nas muretas para fotografar o mar e o pôr do sol. “Eu adoro ver o sol se pôr. E é um dos lugares mais bonitos para fazer isso”, conta a curitibana Cecília Regis, que há 17 anos mora no bairro.  “Já era para eu ter ido embora de Santos, mas não saio daqui por nada. Além de ter praia e qualidade de vida, o bairro tem tudo perto”, conta.

Há dois anos, Armando Molina Delgado e Maria Cecília Molina encontraram um canto para relaxar e aproveitar a vida. O casal, que vive em São Bernardo do Campo, comprou um apartamento na Ponta da Praia e vem para cá, pelo menos, uma vez por mês. “Aqui, moramos numa rua que fica linda no final do ano, toda enfeitada (Rua Roberto Simonsen, conhecida pela quantidade de enfeites de natal), e ainda conseguimos ir a pé assistir ao chorinho na praça, que é uma delícia”, diz Maria Cecília.

Ela e Armando elegeram o Aquário de Santos como seu ponto preferido da Cidade e trazem cadeiras de praia para sentar em frente ao parque mais visitado do Estado e aproveitar a vista.

Ao olhar para o mar, em qualquer momento do dia, é possível ver outras vocações do bairro: a prática de esportes náuticos. Canoas havaianas, caiaques, stand up paddles são facilmente registrados em movimento na região e, de quebra, a Prefeitura mantém no bairro a Escola de Esportes Náuticos, abrigada no Posto 7. E isso vem de longe, pois foi na Ponta da Praia, há mais de 100 anos, que os clubes de regatas se instalaram na região e se destacaram no esporte.

E o elo com o mar está inclusive nas opções culturais e de lazer do bairro, que conta com o Museu de Pesca, Museu do Mar e Museu Marítimo, além do próprio Aquário. O Deck do Pescador também é uma preferência de muitos que se encontram ali para apreciar a vista ou praticar a pescaria. Durante a temporada de cruzeiros, a orla do bairro também é o ponto preferido daqueles que vêm ver as embarcações turísticas saindo do canal do Porto.

A Ponta da Praia tem uma população residente de pouco mais de 31 mil habitantes, distribuída numa área de 1,79km², que é atendida pela Policlínica Ponta da Praia, pelo Complexo Esportivo Rebouças, pelas e as UMEs Professora Ivete Mesquita Nogueira, Pedro II, Maria Luiza Alonso Silva, Professora Maria Carmelita Proost Villaça e Dr. Porchat de Assis.

PESCA IMPULSIONOU O BAIRRO E A CIDADE

A historiadora Karime Moussalli cita alguns dados do bairro relacionados ao desenvolvimento de Santos. “A pesca é uma das maiores atividades da economia santista e, neste contexto, a Ponta da Praia obtém grande destaque, não somente pela estrutura que possui para receber e comercializar o pescado, mas porque foi um dos principais redutos de pescadores artesanais, sendo que, até hoje, parte deles ainda permanece na região”.

Além das atividades relacionadas à pesca, Karime conta que a comunidade pesqueira mantém uma importante tradição que se realiza anualmente no bairro: a festa em homenagem a São Pedro, celebrada na igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, sendo também realizadas procissões terrestres e marítimas. 

“A festividade surgiu com a vinda de imigrantes do Sul da Itália, especialmente de Santa Maria di Castellabate, na província de Salerno, para terras brasileiras, trazendo a devoção a Nossa Senhora, coma denominação de Santa a Mare, correspondente a Nossa Senhora dos Navegantes no Brasil”, destaca a historiadora.

Karime Moussalli assinala que, como os imigrantes eram ligados às atividades pesqueiras, as devoções entre São Pedro, Padroeiro dos Pescadores, e Nossa Senhora dos Navegantes foram associadas, e a festividade passou a ser realizada no dia 29 de junho. Nesta quinta-feira (29), haverá procissão de fiéis, que sairá do Terminal Pesqueiro de Santos (TPS), às 16h, passando pelo Mercado de Peixes e seguindo até a Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes.

MEMÓRIAS E DESENVOLVIMENTO

Memórias dos moradores mais antigos apontam que boa parte do bairro era tomada por chácaras de japoneses, com muitas plantações que abasteciam a Cidade com verduras e legumes. O comerciante Júlio César, que mora no bairro há 50 anos, ainda se recorda dessa paisagem diferente do bairro. 

“Era tudo muito diferente, mas foi um tempo muito bom, de aproveitar e jogar futebol na rua e curtir de outra forma. Hoje, a Ponta da Praia está melhor. A orla está bonita e era esse o desenvolvimento que eu queria para este bairro que eu não troco por lugar nenhum”, comenta o morador, que também é permissionário no Mercado de Peixes.

Esse desenvolvimento a que Júlio se refere é o projeto da Nova Ponta da Praia, entregue em 2020, que revitalizou toda a orla, dando uma característica peculiar ao espaço público. O resultado é o grande número de pessoas que passeiam por ali. A estátua com um coração e o nome da Cidade já se tornou parada obrigatória para quem quer levar uma bela recordação de Santos, com o oceano como pano de fundo.

E a Prefeitura continua com as melhorias. A Ponte Edgard Perdigão está na reta final das obras que vão revitalizar o equipamento, dando mais segurança e acessibilidade ao atracadouro de embarcações pesqueiras, das que fazem a travessia da Ponta da Praia, em Santos, para a praia do Góes, o bairro de Santa Cruz dos Navegantes e a Fortaleza da Barra, em Guarujá, além do embarque de passageiros das escunas turísticas. A previsão é de que o local seja entregue no início do segundo semestre.

Esta iniciativa contempla o item 11 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU: Cidades e Comunidades Sustentáveis. Conheça os outros itens dos ODS .