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Seminário destaca a importância do livre brincar para as crianças

Publicado: 9 de novembro de 2017
15h 12

O 5º Seminário para as Infâncias, realizado na quarta e quinta-feira (8 e 9), no Sesc/Santos, reuniu cerca de 350 educadores, conselheiros tutelares e gestores da Baixada Santista.

Valorização de vínculos, importância do brincar, educação nos três primeiros anos, políticas públicas para as infâncias, boas práticas, entre vários temas, foram discutidas.

A valorização do vínculo entre bebê e educador (ou mãe) e o brincar livre foram os temas abordados pela especialista em educação infantil, Suzana Soares, que acabou de lançar o livro Vínculo, movimento e autonomia. Suzana explicou que a proposta da pediatra húngara Emmi Pikler, para crianças de zero a 3 anos, é o resultado da experiência de dez anos como médica de família e do trabalho realizado em instituição de acolhimento, em Budapeste, logo após a II Guerra Mundial (1946), com observação e registro detalhado do desenvolvimento de bebês.

A construção do vínculo de confiança entre bebê e educador/mãe se consolida durante os cuidados diários - banho, troca de fraldas, alimentação e preparação para o sono. “São encontros únicos, que devem ser sem pressa, conversando e olhando nos olhos do bebê”. Ela destacou que desde cedo a criança precisa aprender a fazer as coisas por si própria, a tentar, experimentar, superar dificuldades, com a observação do educador e sua atuação, quando necessário. “Depois que a criança está suprida emocionalmente, solicita menos o adulto, pode ficar em lugar seguro e confortável, com outros bebês, para que interajam e brinquem com objetos lúdicos e de qualidades táteis diferentes, descobrindo formas de se movimentar”, disse Suzana.

Ela lembrou que em várias situações o adulto quer 'ajudar' o pequeno, bloqueando sua autonomia. Suzana afirmou que não é bom adiantar nenhuma fase do desenvolvimento motor, como sentar, engatinhar ou andar, pois a criança vai conquistando as posições por ela mesma. Ressaltou que é possível haver diferença entre uma criança e outra, de vários meses, sem que seja atraso ou algum problema.

Os participantes disseram que é preciso mudar paradigmas, por parte dos educadores e das famílias, que às vezes consideram que o bebê estar bem cuidado é estar limpo quando é buscado na creche. “Mas o brincar, o que implica se sujar, é fundamental, e com roupas confortáveis”, declarou Suzana.

A professora da unidade municipal Monte Cabrão, Karina Marcolino, 38 anos, há 20 na educação infantil, disse que a evolução é grande e hoje há novos conceitos para educar. “A fala da especialista foi a confirmação de que estamos no caminho certo”.

Três primeiros anos são determinantes

Escritora e pesquisadora paulistana da evolução do brincar, Adriana Friedmann debateu no seminário A participação das crianças começa na primeira infância. A profissional disse que, até os seis anos, as crianças têm a base de seu desenvolvimento, mas que os três primeiros são cruciais, quando se dá a formação do processo cognitivo, emocional, físico, moral e social do ser humano. “Somos a herança genética, educação, meio ambiente e qualidade dos vínculos e hoje as evidências são de que as crianças estão perdendo sua infância prematuramente”, afirmou Adriana.

Para isso, elencou fatores como fragmentação e hiperestimulação; lacunas no desenvolvimento da criança; crise de valores dos pais; educadores e cuidadores angustiados e apresentação de sinais como agressividade, doenças, depressão, medos etc.

A educadora defendeu o brincar livre como forma de resgatar a infância. Alguns participantes comentaram que, às vezes, na hora do recreio, as crianças têm brincadeiras dirigidas e poucas vezes escolhem do que querem brincar e com quem e que isso precisa ser repensado. “O brincar promove o sonho e a fantasia, aumenta a possibilidade de trocas e aprendizagens e pode reencantar a vida das crianças de hoje”, destacou Adriana.

O evento foi realizado pelo Sesc/Santos, Secretaria de Educação (Seduc), Rede Marista de Solidariedade e OMEP (Organização Mundial para Educação Pré-Escolar)/ARBS (Associação Regional da Baixada Santista), com patrocínio do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) e do Conselho Municipal de Educação (CME).