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Profissionais de Santos que lidam com o luto dos outros têm apoio para enfrentar rotina

Publicado: 1 de novembro de 2023 - 13h04

Eles são quase invisíveis no que fazem, mas estão presentes nos momentos mais difíceis das pessoas. Lidam com o luto de famílias e acabam sendo impactados por acompanhar a dor da perda dos outros. Estamos falando dos sepultadores, profissionais responsáveis pelos sepultamentos e exumações nos cemitérios. Nesta quarta-feira (1º), é celebrado o Dia do Sepultador, uma das profissões mais antigas da humanidade.

A data faz parte do Calendário Oficial do Estado de São Paulo desde 2008. Na Prefeitura de Santos, existem 16 sepultadores, que atuam nos cemitérios da Areia Branca, Filosofia e Paquetá. Apenas no ano passado, eles foram responsáveis por realizar 3,3 mil sepultamentos e 3,6 mil exumações.

“Eles são o braço forte na hora da dor. Não é um trabalho fácil, mas necessário. Tenho orgulho dessa equipe que trata com maior respeito os familiares na hora do sepultamento”, afirma o coordenador de Cemitérios da Secretaria das Prefeituras Regionais, Bento da Silva Filho.

IMPACTO EMOCIONAL

Nelson Kolben é um dos mais antigos neste ofício na Cidade. Ele atua há mais de 45 anos no Cemitério da Filosofia (Saboó). “Os tempos mudaram, mas o serviço continua o mesmo. Vemos muitos pais e mães chorando e isso mexe muito com a gente. Mas temos que entender e encarar essa realidade e fazer o nosso trabalho com dignidade, sempre pensando em atender bem os familiares nesta situação delicada”, conta ele.

E justamente por tratar diretamente com a morte e com momentos difíceis, estes profissionais acabam sendo impactados. Pensando na saúde mental deles, a equipe de Medicina do Trabalho do Departamento de Gestão de Pessoas e Ambiente de Trabalho (Degepat), da Secretaria de Gestão e Finanças, começou a desenvolver rodas de conversa nos cemitérios. Desde o início do ano, os encontros com os trabalhadores acontecem a cada 15 dias.

“Eles lidam com pessoas em sofrimento e, durante a pandemia, continuaram seu trabalho, enfrentando a covid, com um aumento considerável de trabalho naquele período. É um tipo de profissional que precisa de cuidado diferenciado”, explica a psicóloga Luciana França, da Seção de Apoio Comportamental do Degepat.

Ela relata que, durante os encontros, muitos destacam o desafio de, por exemplo, fazer o enterro de crianças ou ter que fechar um caixão depois de um velório com familiares em desespero.

“Nosso principal desafio é não errar e sempre ter cuidado com os familiares. Isso nos afeta muito e, na pandemia, foi pior ainda, pois levávamos todas essas inseguranças para casa. Esse apoio psicológico tem nos ajudado muito”, diz Sizinio Rosa dos Santos, que está nesta função há seis anos. “Nem sempre nosso trabalho é visto, mas ele é muito importante para a sociedade. Eu tenho orgulho do que faço”, finaliza ele. 

Esta iniciativa contempla o item 3 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: Saúde de Qualidade. Conheça os outros artigos dos ODS.