Missa pelo aniversário de Santos será no Santuário do Valongo

O imponente Santuário do Valongo, no Centro Histórico, será palco da missa em homenagem ao 466º aniversário de Santos, amanhã (quinta-feira, às 9h. Mas a cerimônia religiosa, celebrada por frei André Becker, terá outras duas comemorações: 372 anos de fundação da Igreja do Valongo e 25 anos de elevação do templo à categoria de santuário.

Para o frei, também reitor do santuário, a festividade tem significado especial, pois é mais uma oportunidade para o santista conhecer as belezas arquitetônicas da igreja, em estilo barroco. "É uma das mais bonitas do país. Sua origem se mistura à própria história do Brasil, já que foi fundada em 1640".

Segundo o religioso, o templo é muito procurado para casamentos, até por pessoas de outras cidades, além de frequentada por fiéis da região. "A beleza da arquitetura e do acervo histórico e religioso tem servido de cenário para turistas que não abrem mão de uma boa foto e para produtoras de documentários. Até uma minissérie de Rede Globo foi filmada aqui".

História e lendas
As histórias sobre a igreja mesclam verdades e lendas que influenciaram o inconsciente coletivo da população sobre ataques de piratas, túneis subterrâneos que ligavam o templo ao Mosteiro de São Bento e até milagre sobre a imagem de Santo Antonio.

Frei André diz há que alguns exageros. "Não existem provas concretas de ataques de piratas à igreja, se bem que à época eles rondavam o nosso litoral. Sobre os túneis me informei com historiadores e nada foi comprovado".

Quanto à imagem de Santo Antonio, a história procede, segundo ele. Em 1859, por pouco, a São Paulo Railway, responsável pela estrada ferroviária Santos-Jundiaí, não demoliu a igreja. Mas os funcionários da empresa inglesa não conseguiram arrancar a imagem, o que foi considerado um milagre pelos fiéis.

"Não houve força humana capaz de tirá-la do altar, o que obrigou os engenheiros a abandonar o projeto. Mas os fiéis também reagiram ao atentado contra o santo. Armados de paus, ferramentas e armas impediram a demolição", conta o frei.

Beleza e devoção
O Santuário do Valongo encanta pela beleza interna e externa. Suas portas são de madeira de jacarandá talhadas em Portugal, não tem pregos e foram usados apenas cravos para sustentá-las, semelhantes aos usados na crucificação de Jesus. Os vitrais são de origem alemã. Os cinco altares apresentam estilos influenciados pelo barroco-colonial, arte moura e chinesa.

Outro detalhe é um pequeno púlpito (palanque onde antigamente os sermões eram proferidos). No altar principal está um dos únicos tronos giratório do país. De um lado, a Santíssima Trindade e do outro, o ostensório para a Adoração Perpétua. A rotação do altar é feita manualmente. Ele é folheado em ouro 18 quilates.

Mas o moderno também se coaduna ao barroco. Nas paredes laterais, por exemplo, o mural de azulejo foi criado em Portugal pelo artista Cândido da Silva Júnior. Ele se autorretratou de paletó e gravata compondo uma das cinco ilustrações que mostram passagens marcantes de Santo Antonio.

Histórico
O Convento de Santo Antonio do Valongo, da Ordem dos Franciscanos, foi fundado em 25 de janeiro de 1640 por frei Manoel de Santa Maria. O início da construção, porém, foi em 1º de junho de 1641.

Também nesse ano, no dia 20 de outubro, fundou-se a Ordem Terceira de São Francisco, que teve influência marcante na permanência dos franciscanos no local, que construíram uma capela perpendicular à nave da Igreja em 1691. O templo serviu de abrigo para o primeiro bispo de Santos, dom Bernardo Rodrigo Nogueira.