‘Mãe Santista’ comemora menor taxa de mortalidade infantil da história em 2023

Patrícia Fagueiro

A redução da mortalidade infantil em Santos nos últimos anos e a manutenção dentro do índice recomendado pela Organização Mundial da Saúde, de até 10 mortes por mil nascidos vivos, desde o ano de 2020, são os principais resultados da implantação do Programa Mãe Santista, em 10 de janeiro de 2013, e que completou 10 anos nesta semana.

De janeiro a abril de 2023, Santos contabiliza índice de 7,8 óbitos por mil nascidos vivos, o menor da história da Cidade e que considera mortes e nascimentos de santistas ocorridos em qualquer hospital. Porém, nas maternidades municipais Silvério Fontes e Estivadores, que integram o Programa Mãe Santista, o índice é ainda menor: três por mil nascidos vivos.

A redução da mortalidade infantil em Santos tem outro motivo de comemoração: o momento é considerado desafiador pelas autoridades sanitárias. Desde 2018, a taxa de nascimentos em Santos cai ano a ano. Como o índice de mortalidade é calculado na razão dos óbitos pelo total de nascidos vivos vezes mil, para manter-se dentro do patamar da OMS é necessária vigilância constante e aprimoramento do programa, que já beneficiou cerca de 14 mil gestantes.

As informações foram transmitidas nesta sexta-feira (12), em evento comemorativo realizado no Teatro Guarany (Centro Histórico), no qual profissionais de saúde foram homenageados.

“Hoje, o número de nascimentos em Santos é bem menor do que o registrado em 2013, quando o programa começou. E, mesmo assim, desde 2020 conseguimos manter o índice de mortalidade infantil dentro do preconizado pela OMS, demonstrando que as ações adotadas nos últimos anos surtiram efeito”, afirma o prefeito Rogério Santos.

Rogério destaca ainda que a principal preocupação da Prefeitura é cuidar das pessoas. “Executamos um planejamento responsável das ações, aprimorando cada vez mais o nosso atendimento como forma de oferecer segurança às mamães e aos bebês. Investimos em infraestrutura e na capacitação dos profissionais. O valor de uma vida é inestimável”, destaca o chefe do Executivo.

VIGILÂNCIA PERMANENTE

Ao longo dos últimos 10 anos, identificou-se que o principal fator de risco para a mortalidade infantil em Santos é a prematuridade. O município fechou 2022 com índice de 12,7% de prematuros e o objetivo é reduzir esse número, a partir de ações que previnam o nascimento precoce do bebê (antes da 37ª semana de gestação).

Neste ano, Santos criou um comitê de enfrentamento à sífilis, doença transmitida da mãe para o bebê capaz de gerar a prematuridade, e, em breve, lançará o projeto ‘Santos na Prevenção da Prematuridade’, com ações voltadas a todos os fatores de risco. A Policlínica Castelo será a unidade-piloto, pois foi contabilizado índice de 23% de bebês prematuros na localidade em 2022.

“Temos uma vigilância muito boa em relação às gestantes. Se a paciente falta, nós telefonamos, os agentes comunitários de saúde fazem visita. Por meio do pré-natal evitamos complicações e várias doenças. Por isso que nosso foco é o aprimoramento das estratégias para evitar desfechos desfavoráveis, quando puderem ser prevenidos”, destaca Adriano Catapreta, secretário de Saúde.

O vereador Chico Nogueira participou do evento como integrante da Comissão de Saúde da Câmara Municipal.

NOVIDADES

Paralelamente, outras ações passam a fazer parte do Programa Mãe Santista. Desde o início de maio, os papais têm acesso a um pré-natal estendido, para cuidar da sua saúde de forma integral. Além de oferecer exames de HIV e sífilis, conforme recomendado pelo Ministério da Saúde, Santos realiza hemograma completo, quantificação de colesterol, triglicérides e glicemia, além de aferição de pressão arterial e atualização da carteira de vacinas.

“Nem sempre o homem faz seu check-up anual na policlínica. Então, esta é uma oportunidade de cuidarmos melhor dessa família. Caso haja necessidade, esse homem realizará exames complementares ou será encaminhado para consultas especializadas”, afirma o secretário.

JOVENS

Outra iniciativa é voltada para as adolescentes (10 a 19 anos) que já têm pelo menos uma gestação anterior: poderão utilizar, caso seja a sua vontade, um contraceptivo em forma de implante subdérmico com duração de até três anos. Esse método estará disponível em breve para todas nas policlínicas e no Instituto da Mulher e Gestante.

“A gestação é um dos momentos mais felizes de uma família, desde que ocorra no momento certo. Além da oferta do contraceptivo, orientaremos em relação ao uso de preservativos, que não pode ser negligenciado”, salienta o secretário de saúde.

REDE DE APOIO

Por fim, o projeto Escola das Mães muda de nome para Escola da Família. Iniciado em 2016 no Instituto da Mulher e Gestante e nas policlínicas, garante o acesso à informação sobre as fases do período do pré-natal, parto/nascimento e pós-parto, assim como planejamento sexual e reprodutivo, por meio de atividades em grupo.

A mudança do nome de Escola das Mães para Escola da Família é ainda um chamamento para que as pessoas mais próximas dessas gestantes possam usufruir desses grupos: o pai do bebê, os avós, tios, ou qualquer outra pessoa que vai compor essa rede de apoio.

Importante ainda salientar que cada vez mais homossexuais brasileiros afirmam sua sexualidade e afeto, buscando viver o casamento civil e a maternidade ou paternidade, de forma biológica ou através da adoção.

O reconhecimento dos sujeitos dessas famílias contribui para o rompimento de preconceitos e a possibilidade de exercerem seus direitos fundamentais de forma igualitária, garantindo o direito ao acesso e à liberdade de circulação, como todos os outros usuários, nos serviços do SUS.

MÃE SANTISTA

O Programa presta assistência para as gestantes e seus filhos de forma integral, com ações que visam a humanização e excelência no atendimento, da descoberta da gestação até o 2º ano de vida da criança.

São realizadas visitas domiciliares pelos agentes comunitários de saúde, oferta de ultrassom morfológico, investigação de óbitos de mulheres em idade fértil, entre outras estratégias.