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Jovem judoca santista desponta no cenário nacional e vê Olimpíada como meta

Publicado: 2 de maio de 2023 - 15h22
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Rosana Rife

Quem vê o sorriso tímido e o jeito doce não imagina o que a judoca santista Leticia Batista (Fupes/Gota de Leite) faz ao vestir o quimono e pisar no tatame. Aos 19 anos, já coleciona medalhas com mais de 20 títulos na curta carreira. O último foi o bronze na Taça Brasil Sub-21, em Curitiba (PR), no dia 15 de abril, na categoria -78 quilos. Estreando na categoria neste ano, ela já domina o cenário estadual, em 1º lugar no ranking paulista, e desponta no nacional, aparecendo em 9º lugar no País.

O início da história com o judô começou aos 12 anos, quando a mãe decidiu que ela precisava praticar um esporte, após Leticia desistir dos quatro anos de balé. Na lista entraram o caratê e o judô e foi este último que ganhou o seu coração.

“Eu era mais nova. Via o pessoal indo pra competição e voltando com várias medalhas, então queria fazer o mesmo e tem dado certo”, conta.

Na sua memória, ainda está fresquinha a imagem da medalha mais árdua conquistada numa competição. “Foi quando fui vice-campeã paulista, no ano passado. Não foi o resultado que esperava, mas foi muito importante porque me dediquei muito o ano inteiro”. 

Aliás, dedicação e treinos intensos fazem parte da rotina de Letícia. Ela iniciou no esporte no tatame da Arena Santos em um projeto da Prefeitura. Depois, passou para a Gota de Leite, integrando o “Gotas no Judô”, e hoje já dedica pelo menos cinco horas diárias ao esporte.

Para intensificar a rotina de treinos, ela mudou de cidade após vencer a seletiva para integrar o Centro de Excelência Esportiva, em São Bernardo do Campo, uma espécie de celeiro para preparação de talentos esportivos do esporte.

Mas continua defendendo com muito orgulho a cidade de Santos.

“Ela só vem evoluindo desde que começou. Lembro um dia que a Leticia veio treinar de bicicleta e estava chovendo muito em Santos. Foi a única a vir. Ali foi uma prova de que queria ir longe”, diz o técnico da Fupes/Gota de Leite, Anderson Fonseca. 

E os resultados chegam a cada competição. Tanto que o técnico está empolgado com o desempenho da pupila. Afinal, Leticia mudou de categoria em 2023, deixando para trás a categoria médio (-70kg), que competiu nos últimos anos, e passando para a meio-pesado (-78 kg).

“Ela foi vice-campeã paulista na categoria médio. Mas, no começo do ano, avaliando a categoria meio pesado, vi que ela se encaixava bem, mesmo pesando em torno de 72 quilos. A gente fez um teste e deu muito certo. Em março, ela foi campeã na Copa São Paulo e campeã da seletiva do Sul-Brasileiro (reúne atletas de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo). Também foi campeã Sul-Brasileira, em Canoas, no começo de abril e agora conquistou o bronze na Taça Brasil Sub-21, que é uma das competições mais fortes da modalidade”, diz Anderson. 

“Eu sabia que estava preparada. É uma categoria diferente e por eu ser mais leve, tenho vantagens sobre algumas adversárias. E a Taça Brasil foi a troca da chavinha. Por eu ter perdido a luta, precisei fazer essa virada, para eu voltar mais concentrada e forte do que estava antes”, diz Leticia.

Para 2023, ainda há muita competição pela frente, visando o ranking nacional. “Nosso objetivo é o Campeonato Brasileiro Sub-21. Para chegar lá, temos o Interregional, o Open, que é um campeonato aberto em São Paulo e o Campeonato Paulista”.

E ela sabe que cada vitória, cada luta, cada ippon (golpe perfeito), tudo faz diferença na sua vida. Por isso, sempre que entra numa competição, Letícia tem um ritual próprio, que ela mantém em segredo. Mas deixou uma dica: “Uma semana antes já me fecho, me concentro e meio que desenho a competição na cabeça. É por aí”.

Questionada sobre o seu sonho, ela responde enfaticamente. “Não diria sonho, mas uma meta. Ir para a Olimpíada”. Nessa trajetória, ela tem em quem se inspirar. Aliás, mais do que isso. “Mayra Aguiar é fantástica e está na minha mira para eu vencê-la”. A judoca gaúcha também luta no meio pesado, mas na categoria adulto, e é tricampeã mundial e conquistou três medalhas de bronze olímpicas consecutivas: 2012, 2016 e 2021.

E, com os pés no chão, conta que está construindo passo a passo o caminho até a Olimpíada, quem sabe, já em 2028, em Los Angeles (EUA). Até lá é preciso encarar a dura rotina de treinos e a distância da família.

“Minha família me dá total apoio. Isso é importante. Porque é maçante, cansativo, e desafiador. Mas todo dia tenho algo novo para aprender. E, se eu for anotando, vou evoluindo diariamente. Quem não percebeu isso, eu tento trazer para perto para aprender também”.

PROJETO

O projeto Gotas no Judô estimula e desperta a cooperação, disciplina e espírito de equipe, elementos que são essenciais para o processo de desenvolvimento humano e na atividade esportiva de Judô. O início do projeto aconteceu em 2013, financiado pelo FMDCA – Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. Hoje, 80 crianças e adolescentes, de 6 a 14 anos, treinam com o técnico Anderson Fonseca em turmas do Educacional e de Federados.