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Dia Mundial da Criatividade: Santos registra amplo crescimento na economia criativa nos últimos anos

Publicado:
21 de abril de 2024
11h 08
pessoas olham produtos em feira #paratodosverem

Nilton Sergio

No Dia Mundial da Criatividade, celebrado neste domingo (21), Santos tem muitos motivos para comemorar. A cidade criativa da Unesco, de 2015, tem registrado um crescimento exponencial do setor nos últimos anos. O Município fechou 2023 com 21,4 mil empresas atuantes na economia criativa, um aumento de 7,3% em relação às 19,9 mil empresas registradas em 2022.

O desenvolvimento do segmento ao longo dos anos impressiona. O número de empresas santistas do setor em 2023 é 209% maior do que o registrado em 2013 e não parou de crescer nem mesmo durante a pandemia da covid-19, quando a economia do mundo todo foi prejudicada pela necessidade do isolamento social para barrar a transmissão da doença.

Os dados foram levantados pelo Departamento de Empreendedorismo e Economia Criativa (DEEC), da Secretaria de Empreendedorismo, Economia Criativa e Turismo (Seectur), com base em números da Secretaria de Finanças e Gestão (Sefin), e referem-se à microempresas (ME), empresas de pequeno porte (EPP) e outras de maior tamanho.

Essencial para movimentar a economia da Cidade, a oferta de empregos na área também aumentou. Em 2023, o saldo entre contratações e demissões foi de quase 700 postos de trabalho criados, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), crescimento que se mantém desde 2021.

Já entre os 43,3 mil microempreendedores individuais (MEI´s) de Santos, 11,3 mil são focados na área de economia criativa, de acordo com o Cadastro Nacional de MEI´s.

SETORES

Economia criativa é considerada o conjunto de atividades econômicas relacionadas à produção e distribuição de bens e serviços que utilizam a criatividade e as habilidades dos indivíduos ou grupos como insumos primários. Ela é dividida em quatro núcleos: consumo (design, moda, arquitetura e propaganda e marketing), cultura (música, patrimônio e artes, gastronomia, artes cênicas e artesanato), mídias (audiovisual e editorial) e tecnologia (tecnologia da informação e comunicação).

Em Santos, o setor com maior número de empresas é o da gastronomia (5,2 mil), seguido de tecnologia da informação e comunicação (4,9 mil), editorial (3,6 mil), audiovisual (3 mil) e música (1 mil).  Porém, o que mais cresceu, entre 2022 e 2023, foi o de propaganda e marketing (26,9%).

De acordo com o prefeito Rogério Santos, o Município é criativo e sustentável, com o reconhecimento internacional da Unesco, e jamais separa o desenvolvimento humano do progresso econômico e do respeito à natureza. “Uma sociedade saudável é aquela que investe nas pessoas, que respeita o cidadão, as boas ideias e gera oportunidades para se obter a qualidade de vida de forma democrática, estendida a todos, por todo o município. Os números do empreendedorismo no setor criativo refletem nossa vocação para este segmento e o resultado do trabalho sério e transparente que vem sendo desenvolvido em prol da criatividade”.

Proprietária de uma das milhares de empresas de gastronomia santistas, a empreendedora Samara dos Santos Bizerra Vasco, de 31 anos, é uma prova do crescimento da economia criativa local. Após começar há dois anos como microempreendedora individual (MEI), atualmente está iniciando os procedimentos para migrar a marca ‘Espetinho da Família’ para microempresa (ME), em virtude do aumento de faturamento. “Vale a pena trabalhar com isso. Mas é preciso ter um bom atendimento ao cliente, qualidade no produto e estar sempre se qualificando”.

Samara é cadastrada no programa Feito em Santos e participou da turma de gastronomia do Programa de Aceleração de Empreendedores Criativos (leia mais sobre essa e outras ações da Cidade abaixo). Ela faz questão de atribuir seu sucesso aos ensinamentos da capacitação. “Aprendi noções de marketing, finanças, atendimento ao cliente. Me ajuda demais participar também das feiras Feito em Santos, a procura tem sido cada vez maior”.

PIONEIRISMO

A artesã Maristela Henrique Silveira, de 54 anos, pode ser considerada uma pioneira da economia criativa. Há 35 anos é uma das expositoras da FeirArte, considerada a primeira feira de rua do gênero do Brasil, montada aos sábados à noite na orla do Boqueirão e domingo na Praça do Sesc (Aparecida). Atualmente, trabalha com arte urbana feita de recicláveis, como tampinhas de garrafa, mas já atuou com outros materiais, tais como madeira, cerâmica e resina. “É muito prazeroso fazer parte da cadeia da economia criativa. É uma enorme satisfação ver os produtos que você inventa serem aceitos, acolhidos pelo público”.

“Esse crescimento não me surpreende. Porque, se você amar o que faz, a economia criativa traz retorno sim!”, acrescentou a artesã.

BRASIL

Em todo o Brasil, levantamento do Observatório Nacional da Indústria (ONI), núcleo de inteligência e análise de dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), aponta que um milhão de novos empregos serão gerados pela economia criativa até 2030.

Este setor emprega atualmente 7,4 milhões de trabalhadores no Brasil, segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este índice pode subir para 8,4 milhões em 2030.

Santos realiza diversas iniciativas para estimular o setor

A Cidade desenvolve uma série de ações para estimular o segmento na Cidade. Com o programa Santos Criativa, em 2015 o Município ingressou na rede de cidades criativas da Unesco, na área de cinema. Em 2022, a 14ª Conferência Anual da rede foi realizada no Blue Med Convention Center, na Nova Ponta da Praia.

A partir de 2021, a Secretaria de Turismo incorporou a Economia Criativa e o Empreendedorismo, transformando-se na atual Seectur para centralizar e ampliar as ações municipais de qualificação profissional, fomento às empresas e estímulo da criatividade da população.

As principais ferramentas destas ações são as 10 vilas criativas. Espalhadas nos bairros de maior vulnerabilidade social (menor IDH), atendem atualmente mais de 5 mil pessoas por ano com qualificação profissional, atividades culturais e de convívio social, fortalecendo as capacidades sociais, civis e políticas de grupos menos favorecidos.

Entre 2021 e 2023, ofereceram sete mil vagas em cursos de qualificação. Para 2024, estão previstas mais 2 mil, além de cerca de 150 atividades esportivas, culturais e de lazer, como aulas de música (violão, percussão), dança (balé, ritmos, ritmix, zumba, hip hop, flamenco), esportes (skate, alongamento, capoeira, ginástica 3ª idade, musculação) e informática (inclusão digital) e muitas outras. Para participar, basta comparecer a uma delas com documento pessoal e comprovante de residência, a fim de verificar a disponibilidade de vagas e os horários.

FEITO EM SANTOS

Para mitigar os efeitos da covid-19, a Prefeitura criou em 2020 o projeto Feito em Santos, por meio do qual empreendedores divulgam seus produtos no Instagram @feito.emsantos. Atualmente, a iniciativa conta com 1 mil artesãos cadastrados e quase 15 mil seguidores. Também oferece apoio profissional para alavancar os negócios, como orientações para melhorar as vendas e dicas de como se posicionar nas redes sociais.  

Em 2023, em parceria com coletivos criativos, o Feito em Santos realizou 57 feiras com a participação de 2,6 mil empreendedores. O faturamento total deles chegou a R$ 1 milhão. Vale lembrar que muitas destas feiras ocorrem nos eventos organizados pela Prefeitura no Centro Histórico, como os festivais Santos Café, do Imigrante, Afroempreendedorismo, Inverno, Primavera e Natal Criativo. Mais de 440 mil pessoas compareceram a estes eventos no ano passado.

Com seu Programa de Aceleração de Empreendedores Criativos, o Feito em Santos também capacitou 90 empreendedores de artesanato, gastronomia e audiovisual, em parceria com o Sebrae e universidades.

CASA DO ARTESÃO

A Casa do Artesão, inaugurada em 2023 na Casa do Trem Bélico (Rua Tiro Onze, 11), desenvolve oficinas para pequenos empreendedores com novos métodos e inovações. O equipamento já atendeu 620 alunos em 31 cursos de várias modalidades de artesanato. Neste prédio repleto de história, também funciona a Loja Colaborativa Feito em Santos, espaço criado para fomentar a atividade criativa com pessoas talentosas expondo e vendendo seus produtos. Funciona entre quarta e sábado, sempre das 11h às 17h.

A secretária de Empreendedorismo, Economia Criativa e Turismo, Selley Storino, afirma que o crescimento da economia criativa é mais um estímulo para impulsionar as atividades em prol da criatividade em Santos. Ela cita como exemplos a revitalização do Mercado Municipal, que receberá uma escola pública de cinema; a futura vila criativa da Vila Mathias e novos festivais temáticos que a Prefeitura vem preparando. “São números que trazem muito orgulho, mas igualmente a responsabilidade de que o trabalho não pode parar. O aperfeiçoamento das nossas conquistas na área permitirá que Santos se torne cada vez mais criativa, inclusiva, sustentável e economicamente forte”.

Para o chefe do DEEC, André Falchi, os avanços são consequência direta de todas as políticas públicas que Santos vem adotando em prol do segmento, como a criação do Escritório de Inovação Econômica (que hoje é o DEEC), a instituição do projeto Feito em Santos e a adesão da Cidade à rede de cidades criativas da Unesco. “Ações que estimularam criatividade, inovação e a cultura no Município em todos estes anos”.

 

Esta iniciativa contempla o item 11 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU: Cidades e Comunidades Sustentáveis. Conheça os outros itens do ODS

Fotos: Carlos Nogueira, Raimundo Rosa, Francisco Arrais, Marcelo Martins e Isabela Carrari/Arquivo PMS