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Dia da mulher: uma lutadora do asfalto

Publicado: 7 de março de 2001
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A Prefeitura de Santos tem 214 motoristas. Deste universo, Leila Lopes Ferreira, 43 anos, é a única mulher. No final de 1992, ela prestou três concursos: para guarda municipal, cobradora e motorista da CSTC. Taxista por 15 anos e perueira de transporte escolar, ela foi reprovada exatamente na função em que tinha mais experiência e que realmente desejava. Leila não se deixou vencer. Prestou outro concurso, agora para motorista da Prefeitura e no mesmo ônibus em que foi barrada no exame da CSTC, fez o exame e conseguiu a vaga: foi a 31ª colocada. Há cerca de quatro anos, Leila é motorista do ´Programa de Internação Domiciliar´ (PID) da Secretaria de Saúde (SMS). Para ela, a função é supergratificante, apesar de o forte calor que tem de enfrentar nestes dias de verão e do trânsito, cada vez mais intenso. "Eu já trabalhei atendendo ao laboratório, quando ninguém queria por causa do cheiro insuportável. Inovei, trocando a velha bandeja de madeira, onde as amostras eram transportadas, por isopores, mas seguros e higiênicos", lembra. A bela morena, de sorriso farto, que gosta de dançar e de ir à praia, diz que já enfrentou muito preconceito por ser mulher e exercer uma função tipicamente masculina. "Teve uma vez que era preciso empurrar uma perua para eu poder estacionar na minha vaga. Quando uns colegas ameaçaram me ajudar, um outro disse que se eu queria fazer serviço de homem, tinha de ir até o fim. Não pensei duas vezes. Sai do volante e empurrei sozinha o carro", conta. Na opinião de Leila, as mulheres não sabem proteger uma às outras, como os homens. Nos relacionamentos, ela diz que eles acabaram ficando muito egoístas. "Hoje, é mais fácil uma mulher assumir um homem, do que o homem assumir a mulher", afirma com propriedade de quem foi casada, tem três filhos e um neto. "As mulheres são polivalentes, já encontraram o seu caminho e estão mostrando que são capazes", conclui.