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Comoção na praça josé bonifácio

Publicado: 7 de março de 2001
0h 00

Meio-dia e meia. Havia um silêncio incomum, nas ruas do Centro, especialmente a Amador Bueno e a Avenida São Francisco, abertas apenas para os pedestres e à espera do cortejo com o corpo do governador Mário Covas. Quanto mais próximo da Praça José Bonifácio, maior o número de pessoas que foram até lá dar adeus ao santista ilustre. Na praça, equilibrando-se nos galhos das árvores, sobre os bancos ou nos canteiros, protegendo-se do sol forte sob as copas ou agitando bandeiras nas calçadas, centenas de admiradores aguardavam, pacientes. Inúmeras faixas diziam o que sentiam aqueles corações: Coutinho, Covas, Pelé e Pepe – Gol do Brasil em qualquer lugar; Covas, leva contigo nossa eterna gratidão; Nossa Cidade perde um grande amigo... e nós também. Em muitas mãos, fotografias de Covas, distribuídas pelo prefeito de Itu, Lázaro Piunti, correligionário e amigo pessoal do governador. Em outras, bandeiras de todos os tipos e tamanhos: Covas, o exemplo estava escrito em algumas; outras mostravam a sigla da confederação Social Democracia Socialista – SDS, da qual Covas era membro. DE TODA PARTE Junto ao monumento ao Soldado Constitucionalista, um grupo exibia faixas e fotografias do governador. Entre eles, Washington Ribeiro, morador de Praia Grande, que veio a Santos de bicicleta, para prestar sua homenagem. Covas foi um homem importante não só para o Estado, mas para todo o País. As obras que ele fez aqui na Baixada beneficiaram toda a Região, afirmou. Valéria Moreira, de Vicente de Carvalho, veio com a mãe, o filho e pretendia seguir o cortejo até o Cemitério do Paquetá. Gostávamos muito dele. Se pelo menos 30% dos políticos fossem como ele, já estava bom, disse. Nas janelas dos escritórios, nas sacadas da Catedral e da Sociedade Humanitária, nas marquises, grupos de pessoas permaneciam atentas a qualquer movimento. Da Catedral, pendiam as três bandeiras, do Brasil, do Estado e de Santos, e nos demais prédios, todas estavam a meio- mastro. Até nas antenas dos táxis havia bandeiras, com o nome de Covas. Nas ruas, um mar de gente de todas as idades, locais, ideologias; no céu, um mar de helicópteros. Comoção semelhante só se viu na morte do piloto Ayrton Senna. AO SOM DOS SINOS Às 12h58, surge ao lado do Fórum o carro de bombeiros trazendo o corpo do governador, seguido pela Cavalaria da Guarda de Honra e Escolta e por um grupo da Guarda Motorizada da Polícia Militar. Agitam-se as bandeiras, estouram foguetes, soam palmas e os sinos da Catedral, saudando o filho ilustre que volta à terra natal. Oito cadetes da Academia de Polícia do Barro Branco carregam o caixão, coberto com as bandeiras do Estado e do Santos Futebol Clube, time que era a paixão de Covas, por um pequeno trecho da Rua Brás Cubas, passando pelo Fórum, a Catedral e diante de um pelotão em uniforme de gala. Seguem de perto a viúva Lila Covas acompanhada pelo filho Mário Covas Neto, o governador recém-empossado Geraldo Alckmin e esposa. Depois o esquife é novamente instalado sobre o carro de bombeiros, a caminho do Cemitério do Paquetá. Familiares e autoridades acompanham o trajeto em microônibus e ônibus rodoviários. A praça, até então lotada, começa a se esvaziar. Os sinos ainda tocam tristemente, enquanto uma última faixa é agitada na rua, por artistas da classe teatral de Santos, onde se lê: Adeus, Zuza.