Seu navegador não possui suporte para JavaScript o que impede a página de funcionar de forma correta.
Conteúdo
Notícias

Aulas de surfe dão oportunidade de recomeço e bem-estar para santistas 50+

Publicado: 14 de setembro de 2023 - 14h35

Caterina Montone

“Uma nova razão para continuar vivendo”. Essa é uma fala unânime da turma 50+ da Escola Radical de Surfe, em Santos, ao definir a sensação de subir em uma prancha. A motivação é tanta que nem a névoa que tomou conta do céu da Cidade, na última terça-feira (12), fez os alunos ficarem em casa. Lá estavam eles no Posto 2, na orla da Pompéia.

Antes de surfar, o ritual de preparação para a prática do esporte é sempre de muita alegria. Começa com uma reunião calorosa entre a turma; um momento de dança ao som de músicas do estilo rock and roll, o alongamento, finalizado com o lema da escola: "aloha", palavra da língua havaiana usada como forma de saudação ou despedida.

Em seguida, os alunos seguem sorrindo para a água segurando pranchas e com uma animação contagiante, sempre atraindo a atenção de vários banhistas que estão na praia.

Durante a prática de manobras do esporte, o coordenador do equipamento e professor Francisco Alfredo Alegre Araña, mais conhecido como Cisco, acompanha os alunos orgulhosamente. “Cada um tem seu objetivo individual, uma vontade de aprender e superar coisas diferentes. Mas a nossa finalidade com eles, é conectá-los com o amor. Se depender de mim, esse projeto sempre existirá para o bem dessas pessoas”.

No caso de Denise Dias, 67 anos, ela viu na prática do esporte, há 6 meses, uma forma de ajudar a superar a dor do luto que carrega há 3 anos, desde que o marido faleceu. “Me emociono ao lembrar que a perda do meu marido foi forte para mim, acabei me fechando para mim mesma. Esses anjos me salvaram e hoje distribuo sorrisos. O surfe foi o melhor caminho”. Para a aposentada, se pudesse definir as aulas em uma só palavra, não teria dúvidas de que seria ‘vida’.

Além da adrenalina através das ondas, e a busca pelo bem-estar, as aulas também trouxeram para Claudemir Fernandes, 72, que mora em Santos há 1 ano e meio, a oportunidade de fazer amigos. “Eu devo tudo ao surfe. Sou novo na cidade e me sentia solitário, sem alguém para conversar. Hoje estou muito mais feliz e ainda ganhei uns 100 amigos. Eu saio daqui diferente de tanta satisfação, não importa o clima”.

A colega de Claudimar, Guiomar Costa, 60, fez questão de reafirmar a amizade que existe entre os participantes. “Às vezes conversamos: Oi, estou precisando bater um papo. Vamos sair? Nos abraçamos e compartilhamos uma relação forte que está além da praia”, completou.

Na despedida do treino, após um dia de renovação de energias, a turma realiza um “mantra marinho” em frente ao mar e respira profundamente enquanto contempla a natureza. No final, os alunos se abraçam promovendo o que eles conhecem como “coração com coração”. O sentimento presente neste momento entre todos é o de gratidão por superaram obstáculos e desafios e enxergaram no surfe a possibilidade de um recomeço.

Este ano, a primeira escola pública de surfe do País, localizada no Posto de Salvamento 2, completou 32 anos. Atualmente, são 200 alunos na turma de 50 a 80 anos, divididos em turmas de segunda e terça-feira. Mais informações podem ser obtidas através do telefone (13) 3251-9838.

FOTOS: KLEBER MOURA/PMS

Esta iniciativa contempla o item 3 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: Saúde de Qualidade. Conheça os outros artigos dos ODS.