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´vozes de santos´ traz a experiência de jovens excluídos

Publicado: 1 de dezembro de 2000
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Uma cerimônia bastante emocionada marcou, na noite de quinta-feira (30), o lançamento do livro ´Vozes de Santos´. Escrito por oito adolescentes do Colégio Santa Cecília, a publicação é fruto de um projeto desenvolvido nos últimos 18 meses, a partir de uma parceria da Unisanta e o jornalista Gilberto Dimenstein. A proposta, feita pelo próprio Dimenstein, foi que um grupo de alunos se organizasse e reescrevesse seu livro, ´O Cidadão de Papel´, só que tomando por base os dados colhidos na Cidade. Assim, depois de um ano e meio de pesquisas, visitas e muitos desafios nasceu o ´Vozes de Santos´, um relato que traz as histórias de vida de adolescentes que vivem nas ruas e abrigos da Cidade, de jovens envolvidos com drogas e prostituição e daqueles que são portadores do vírus HIV. Para Dimenstein, que participou do evento, a experiência do ´Vozes de Santos´ é singular. Eles foram às ruas, lixões e favelas para escrever o livro. Se depararam com situações que nem imaginavam, com a realidade da cidade onde vivem. É extremamente importante ver uma iniciativa como esta, onde a escola vai para fora da sala de aula, trazendo o que está fora para dentro. Mais importante ainda, segundo o jornalista, é que a obra será distribuída gratuitamente a alunos da rede estadual de ensino. O livro foi coordenado pela professora Jauranice Cavalcanti e escrito pelos estudantes Alécio Júlio Silva, Daniele Rodrigues Cavalcanti, Isabella Lopes Hespanha de Freitas, Lorena Suppa Pereira Motta, Luciana Rodrigues de Oliveira, Matheus Fernandes Correia, Raphael Moura de Almeida e Priscila Alves Costa Cavariani. O ´Vozes de Santos´ teve a tiragem inicial de 2.500 exemplares. O livro, que está sendo vendido por R$ 5,00, tem 160 páginas e está dividido em seis capítulos: ´Meninos de Rua´, ´Aids e Drogas´, ´Violência´, ´Desemprego´ (onde são abordados o trabalho e a prostituição infanto-juvenil), ´Meio Ambiente´ e ´Educação´. Meninos e meninas atendidos pela Seac são personagens reais do livro Os meninos que vivem no abrigo municipal, mais conhecido como ´Casa Pixote´, também participaram da festa, sendo homenageados por todo o grupo de alunos; pelo chanceler da Unisanta, Milton Teixeira; pela reitora Sílvia Teixeira Penteado; pela diretora-presidente do Instituto Superior de Educação Santa Cecília, Lúcia Teixeira Furlani; e pelo próprio Dimenstein. Essas são as outras vozes de Santos que estão no livro. Os personagens reais, destacou o jornalista. Durante todo o período de elaboração do livro, os estudantes acompanharam de perto o trabalho desenvolvido em vários projetos de atendimento à criança e ao adolescente que se encontram em situação de risco pessoal ou social. Na Seac foram visitados: a ´Casa do Trem´, que atende meninos e meninas que vivem nas ruas e que são usuários de drogas; os abrigos; a ´Casa de Acolhimento´ (que recebe crianças e adolescentes em situação de abandono, vítimas de maus-tratos ou violência e outros); e o ´Espaço Meninas´, que atende jovens envolvidas com a prostituição ou vítimas de exploração sexual. Foi muito difícil iniciar o trabalho, mas o Dimenstein sempre disse que nós deveríamos encontrar nosso próprio caminho. A partir daí, decidimos ir às instituições e serviços que atendem esses meninos e meninas. No começo tivemos medo porque era uma realidade totalmente diferente da nossa. Depois, com o passar do tempo, fomos conhecendo um a um esses adolescentes que estão nas ruas, ficamos amigos, conversamos muito, brincamos, fizemos almoços e hoje temos outro tipo de relação. Já não atravessamos mais a rua com medo deles. Pelo contrário, queremos mais é saber como eles estão, se estão bem. Hoje, nos conhecemos pelo nome, diz a estudante Daniele Rodrigues Cavalcanti. Para Alécio Júlio Silva, o mais importante é ver a evolução de muitos dos meninos durante este um ano e meio. Acompanhamos tudo, desde a fase em que alguns deles estavam nas ruas até hoje, quando encontramos os mesmos meninos morando no abrigo, estudando e trabalhando. Ficamos muito felizes em ver que na Cidade tem muita gente se preocupando com eles. Além da Seac, o grupo também visitou equipamentos da Saúde, como o Centro de Referência em Aids (Craids) e o Centro de Orientação e Aconselhamento Sorológico (Coas), unidades que atendem portadores do vírus HIV. Tivemos uma aula de cidadania e humanidade. Com certeza, seremos cidadãos melhores e mais conscientes, diz Luciana Rodrigues de Oliveira. Santos é a segunda cidade do País a aceitar a proposta de Gilberto Dimenstein (Curitiba foi a primeira). O projeto agora será desenvolvido em Florianópolis, com os alunos da Escola Sagrado Coração de Jesus, que também estiveram no lançamento do livro.