Visita monitorada ao Orquidário atrai atenção de crianças surdas em Santos

Luigi Di Vaio

O som estridente das três espécies de arara-azul, durante o voo de um galho para outro, chamou a atenção de Marcello Ribeiro da Costa. Com deficiência auditiva, o garoto de 4 anos usa um aparelho para ouvir desde quando tinha 1 ano, o que facilita sua comunicação. Acompanhado do pai Marcell Costa de Castro, ele  foi um dos participantes da visita monitorada que a  Seção Centro de Referência em Saúde Auditiva (Secresa), da Secretaria de Saúde de Santos, promoveu na manhã desta sexta-feira (29), no Orquidário Municipal de Santos, no José Menino.  

A atividade reuniu um grupo de crianças com deficiência auditiva e serviu para refletir sobre o Dia Mundial do Surdo, lembrado em 17 de setembro. Em Santos, a Secresa fornece aparelhos auditivos para quem tem, como o pequeno Marcello, baixa audição.

Durante o passeio, Marcello disse que gostava de animais em geral, mas também estava na expectativa de brincar no playground do parque zoobotânico. E acabou ouvindo do pai a promessa de ganhar um hamster.

Quem também estava na expectativa do passeio no Orquidário era Artur Benjamin, 4 anos, que nunca tinha visitado o equipamento. "Apesar de a gente morar no Gonzaga, nunca trouxe ele aqui", comentou sua mãe, Luciana Lima.

Morador do bairro Areia Branca, Taylor Lima, 7 anos, tinha ido ao Orquidário quando era bem pequeno. Ele estava com sua mãe, Dayane Lima. "Quero ver os macacos", contou o garoto, que estuda no 1° ano da UME Padre Leonardo Nunes. Além do contato com animais, Taylor também se diverte quando vai à praia ou pega uma piscina. "Ele está usando o aparelho auditivo desde maio. A comunicação melhorou bastante. Antes, por não ouvir direito, ele gritava muito", destacou Dayane.

PASSEIO

A primeira parada do grupo foi logo na entrada, na Fonte da Ninfa. As instrutoras do parque explicaram que pássaros bebem água na escultura, que chegou a ficar em frente a uma igreja. Mas, por estar nua, desagradou os padres, que pediram sua retirada. A criançada adorou ver a espécie de macacos bugio-ruivo, que é da Mata Atlântica. Os machos desta espécie gritam muito alto para marcar território e se comunicarem.

Como as crianças que acompanharam o passeio estavam usando o aparelho auditivo, a intérrprete de libras (linguagem de sinais) que acompanhou o grupo nem precisou ser acionada. As monitoras do parque falavam em um tom em que as crianças, prestando um pouco de atenção, entendiam. Assim souberam, por exemplo, que os animais que estão no Orquidário não foram tirados da natureza. Foram resgatados pelas equipes de cuidadores, e não podem mais voltar ao habitat natural porque perderam o instinto de procurar comida e fugir dos predadores.

COMO TER ACESSO AO SERVIÇO

Psicóloga do Secresa, Ludmila Gonçalves de Souza destaca que o órgão, embora vinculado à Secretaria de Saúde de Santos, atende os surdos dos nove municípios da Baixada Santista. São feitos 1 mil procedimentos mensais, entre consultas, entrevistas e exames.

O encaminhamento para o setor começa, em Santos, nas policlínicas. Caso seja detectada uma deficiência auditiva, o paciente é encaminhado para um otorrinolaringologista em uma das unidades do Ambulatório Médico de Especialidades (Ambesp). No Secresa, são feitos exames de audiometria, entrevistas e testes com os aparelhos auditivos para ver qual o melhor aparelho a ser usado por cada paciente.

SERVIÇO - O Secresa atende na Avenida Bernardino de Campos, 617, Gonzaga, de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h. Telefones para mais informações: (13) 3224-4192 e (13) 3221-5295.

Esta iniciativa contempla o item 3 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: Saúde de Qualidade. Conheça os outros artigos dos ODS