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Vila Progresso, ponto mais alto de Santos, completa 56 anos

Publicado: 15 de março de 2022 - 7h00

A exatos 184,7 metros acima do nível do mar, a Vila Progresso completa mais um ano nesta terça-feira (15). Já são 56 anos em que o ar interiorano e os ventos mais frescos fazem parte do cotidiano daqueles que desafiaram as leis da natureza e decidiram habitar o ponto mais alto do Morro da Nova Cintra.

Movidos por um desastre natural, os primeiros moradores do bairro chegaram em 1966, após um deslizamento no Morro do Jabaquara, que exigiu a procura por um novo local para chamar de ‘lar’. Descendentes de portugueses que já habitavam outras partes do morro e imigrantes nordestinos que buscavam uma condição de vida melhor se juntaram e ergueram, então, o povoado que apelidaram de Vila Progresso, em referência à união dos povos em mutirões que visavam o crescimento do bairro. 

Antes da nomenclatura que perdura até os dias atuais, a região também carregou o nome de ‘Balança Saia’, em razão das subidas íngremes e dos ventos fortes e frios que atingem a vila em razão da altitude. Lá em cima, a temperatura está sempre dois graus abaixo do restante da Cidade, o que faz da localidade o bairro mais frio, ou menos quente, de Santos.

Antes ocupado apenas por bananais e vegetação típica da Mata Atlântica, o bairro possui, hoje, cerca de 470 imóveis residenciais, onde vivem aproximadamente quatro mil pessoas. Na vila, estão situadas duas escolas, uma municipal e uma estadual, uma policlínica e uma Vila Criativa, que possui uma quadra poliesportiva e o primeiro cinema público da região dos morros.

São mais de 160 mil m² habitados por vizinhos que se conhecem há décadas, crianças que brincam em cada canto e se reúnem, ao fim da tarde, com os mais velhos na Praça do Céu, que serve de mirante para o restante da Cidade, agraciando os olhos com uma vista privilegiada do pôr do sol e do vai e vem de navios no Porto de Santos.

CRESCERAM COM O BAIRRO

A dona de casa Maria Aparecida Brandão mora na vila desde que nasceu, há 53 anos. O bairro onde mora com o marido, criou as duas filhas que, seguindo os passos da mãe, permaneceram no bairro mesmo depois de crescidas. “A gente se sente completamente seguro aqui, tanto em relação a furtos quanto à chuva, porque não se vê alagamentos nessa parte da Cidade”.

Cida viu o bairro sair das estradas de barro para ruas asfaltadas, que permitiram a subida de carros e, mais tarde, de transporte público. Ela também observou a maneira como as casas foram construídas e a forma como o comércio se instalou no bairro aos poucos, contribuindo com o dia a dia dos moradores. “Tudo melhorou com o tempo e, hoje, a Vila Progresso é um lugar maravilhoso. Não troco por nenhum outro”.

José Ricardo dos Santos, 57, também é morador antigo do bairro. O agente de saneamento ambiental está na vila há 44 anos, para onde foi em busca de uma condição de vida melhor.

Zezé, como é conhecido, considera o bairro “excepcional". Foi lá que criou a filha, hoje com 36 anos, e dá continuidade à educação dos três enteados adolescentes, com quem frequentou várias vezes o cinema da Vila Criativa. Hoje, curte os barzinhos das redondezas, a Lagoa da Saudade no bairro vizinho e a quadra esportiva onde são realizadas atividades com a comunidade. "Aqui é um lugar muito tranquilo, muito bom de morar. Como todos se conhecem, não temos problema com ninguém”.