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Thamiris, prata da casa

Publicado: 19 de setembro de 2001
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No começo ela não gostava de balé. Ia às aulas, no Centro Comunitário São Judas Tadeu, no Marapé, por ser em frente à sua casa e mais para agradar a família. Com o tempo, porém, foi demonstrando uma destreza incomum para alunas da sua idade. Foi quando sua mãe resolveu levá-la para fazer o exame de seleção na Escola de Bailado Municipal de Santos (Ebms). À época, com 8 anos de idade, ela passou no teste e por sua habilidade já foi admitida direto no segundo ano da escola. Assim foi o início da bailarina Thamiris Monteiro Prata, que hoje é considerada uma das maiores promessas na dança clássica do Brasil. Com 14 anos, cursando o sétimo ano da Ebms, ela ganhou o primeiro lugar na modalidade solo juvenil do Festival de Dança de Joinville, o maior do País, que aconteceu em meados de julho, recebendo elogios do público e do júri. Foi uma emoção muito grande. Eu não esperava dançar tão bem. Na hora que eu soube do resultado comecei a chorar. Fui ligar para a minha mãe e não conseguimos falar porque ela chorava de um lado e eu do outro, relembra. Para atingir esse resultado tão expressivo, Thamiris segue uma rotina, desde os seus 10 anos, que não deixa a desejar a nenhum profissional de balé. Ela começa o dia às 6h30, quando acorda e se prepara para ir à escola (cursa a 8º série). Estuda das 7 às 11h50, almoça por volta da 13h e descansa, se não tiver lição para fazer, até às 15h30. Às 16h30 se dirige ao Teatro Municipal, onde a partir das 18h começa a maratona de ensaios, que se dividem em duas horas de aula para aperfeiçoar a técnica e três horas de ensaios das coreografias. Isso tudo de segunda a sexta. Aos sábados, ensaia o dia inteiro até a noite. Folga? Só no domingo, e olhe lá, diz a bailarina. Indagada se essa rotina tão pesada não atrapalha sua vida e o seu convívio com os jovens ‘normais’ de sua idade, Thamiris fala com firmeza: até atrapalha, mas é isso que eu gosto de fazer. Se eu não gostasse parava agora. Ela diz que sempre sobra um tempinho para a diversão e confessa que nas poucas festas que tem oportunidade de ir, gosta de ouvir e dançar músicas do ‘É o Tchan’ e do ‘Bonde do Tigrão’. Sei todas as coreografias deles, fala brincando. Para Renata Pacheco, coordenadora da Escola de Bailado, Thamiris se continuar assim tem um futuro brilhante pela frente. Além de um físico perfeito para o balé (pesa 45 quilos e tem 1,63m), ela tem equilíbrio e um talento fora do comum, atestam suas professoras. Sobre o futuro, Thamiris diz que pretende cursar duas faculdades. Uma obviamente de dança e a outra de fisioterapia. Quer seguir na carreira como bailarina profissional. Diz também que gostaria que a dança no Brasil tivesse mais apoio. Ela acha que a Escola de Bailado, pelo nível técnico que tem, deveria ser patrocinada. Agradece, também, o apoio da Prefeitura que possibilita a muitas pessoas da Cidade, como ela, cursar uma escola de alto nível sem pagar nada. Seu amor pela dança é tanto que confessa que mesmo no pouco tempo que passa em casa ela se põe diante do espelho e fica aperfeiçoando o seu equilíbrio. Além disso, diz que adora colocar CDs de música erudita e ficar dançando pela casa criando suas próprias coreografias. Pelo jeito, além de uma excelente bailarina, em breve Santos poderá contar com mais uma coreógrafa.