Simpósio de esclerose múltipla capacita profissionais da saúde em Santos
O 3º Simpósio de Esclerose Múltipla, organizado pela Associação de Esclerose Múltipla do Litoral Santista (Alsapem) e a Associação dos Portadores de Esclerose Múltipla da Baixada Santista (Apembs), promoveu palestras com especialistas da saúde sobre a doença nesta quarta-feira (31), no Teatro Guarany (Centro). A ação integrou o Agosto Laranja, mês de conscientização sobre a doença, e serviu para capacitar profissionais da rede municipal de saúde, que foram convidados pela Alsapem e Apembs em parceria com a Secretaria de Saúde.
As palestras abordaram temas como o diagnóstico, prevenção, tratamento e medicamentos. O médico Joseph Brooks, membro titular da Academia Brasileira de Neurologia, foi um dos palestrantes. Ele explicou as maneiras de identificar um paciente de esclerose múltipla em surto e os tratamentos disponíveis para esses casos. Ele falou sobre a necessidade de eventos para informar sobre a doença, que ainda é pouco conhecida entre muitas pessoas.
“As doenças raras têm uma prevalência de 65 pacientes para cada 100 mil habitantes. A estatística regional da esclerose múltipla é de 15 para cada 100 mil, ou seja, trata-se de uma doença raríssima. Isso mostra a importância de ensinos médicos continuados para desenvolvermos um diagnóstico correto e precoce”.
Entre os demais palestrantes, a coordenadora do Centro de Atendimento e Tratamento de Esclerose Múltipla (Catem Santos) da Beneficência Portuguesa, Rosana Ferreira, que abordou as medicações disponíveis para o controle da doença e a acessibilidade a esses remédios. O diretor jurídico da Alsapem, Eduardo Bochnia, tratou sobre os trâmites jurídicos para acesso a medicamentos de alto custo, e neurologista e professora da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), Andrea Anacleto, abordou a ação das medicações no organismo, falando sobre os cuidados e efeitos colaterais.
Além de profissionais da saúde, participaram também estudantes e pacientes, que puderam tirar suas dúvidas após as apresentações. Adriane Carvalho de Meneses, 23 anos, estuda medicina na Unimes e é presidente da Liga de Neurologia e Neurocirurgia da universidade. Ela compareceu ao simpósio buscando mais informações sobre o assunto, que ainda está começando a se familiarizar.
“Sempre gostei muito de neurologia. Considero o evento importante para compreender o lado das pessoas que enfrentam a doença e saber a maneira certa de abordar esses pacientes. Tenho muita curiosidade sobre os guidelines (diretrizes) do tratamento porque sei que a área de neuro é muito moderna mas ainda tem muitas pesquisas que precisam ser desenvolvidas, então quero saber o que tem de novo nesse campo”.
A presidente da Alsapem, Ana Bernarda dos Santos, destacou o trabalho educativo da associação, que visa combater a doença através do diagnóstico precoce, evitando complicações mais graves a longo prazo. O tempo estimado para identificar a doença pode levar até sete anos.
“Como o nosso trabalho é regional, a gente se preocupa em levar a conscientização sobre a esclerose múltipla a outras cidades da Baixada Santista. Não podemos deixar que o diagnóstico da doença seja feito tardiamente por causa da falta de conhecimento e divulgação”.
TRATAMENTO
Em janeiro deste ano, Santos inaugurou o primeiro ambulatório de especialidades de esclerose múltipla no Ambesp Nelson Teixeira, que atualmente atende cerca de 30 pacientes. A vice-prefeita de Santos, Renata Bravo, ressaltou a relevância do espaço para esse tipo de tratamento e dos treinamentos promovidos pela Prefeitura.
“O ambulatório foi um ganho muito importante para o Município. É uma forma de garantir uma qualidade de vida melhor para os pacientes e evitar sequelas, através do atendimento contínuo com especialistas. Hoje, nosso maior desafio é a qualificação, e eventos como este simpósio são fundamentais para a formação de profissionais que atuam nessa área, para que possam integrar a luta contra a esclerose múltipla”.
O secretário de saúde, Adriano Catapreta, explica que, por conta dos sintomas da doença serem muito semelhantes aos de outras patologias, muitos médicos não a reconhecem facilmente, o que dificulta o procedimento adequado na unidade especializada.
“Alguns pacientes não são encaminhados ao ambulatório pela complexidade do diagnóstico. Por isso, começamos a trabalhar com a saúde básica, conscientizando e chamando atenção para o corpo médico sobre a doença. Muitas pessoas são afetadas pela esclerose múltipla e não sabem disso”.
CARACTERÍSTICAS
A doença costuma afetar pessoas entre 20 e 40 anos de idade, especialmente mulheres. Os principais fatores de risco estão relacionados ao ambiente, como baixa exposição ao sol (que diminui os níveis de vitamina D), infecções virais e exposição a solventes orgânicos, além de outros fatores como o tabagismo e obesidade.
Os principais sintomas da esclerose múltipla são
- Embaçamento visual
- Formigamento em partes do corpo
- Dificuldade para falar
- Falta de coordenação motora
- Dificuldade de equilíbrio
- Fraqueza
- Fadiga
- Tontura
- Perda de controle de urina e fezes.