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Servidores de Santos participam de simpósio sobre acolhimento de pessoas em sofrimento psíquico

Publicado: 27 de setembro de 2022 - 17h18

Servidores de diversas secretarias da Prefeitura Municipal de Santos participaram de simpósio que discutiu as formas de abordar e acolher pessoas em sofrimento psíquico. Cerca de 200 pessoas estiveram na Universidade São Judas para o evento, que aconteceu nesta segunda e terça-feira, e integrou a programação do Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio.

A ação da Secretaria de Saúde foi organizada pelos Departamentos de Atenção Básica (Deab), Atenção Especializada (Deaesp) e participação do Departamento de Vigilância em Saúde (Devig).

As palestras também trataram das ferramentas disponíveis na rede de saúde municipal que podem ser utilizadas para o atendimento e condução dos casos e promoveram uma troca de experiência entre profissionais e usuários.

A coordenadora de Saúde Mental, Letícia Katarine, fala sobre a importância do trabalho de acolhimento dentro serviços públicos, para que esses espaços sirvam como multiplicadores dos métodos de tratamento debatidos no evento.

“A pessoa em sofrimento vai bater em qualquer porta. Às vezes ela não conhece os serviços disponíveis e vai àquele que é mais próximo da sua casa ou àquele que alguém fez uma indicação e as equipes precisam de preparo. A gente entende que é um processo muito delicado, lidar com o sofrimento do outro é muito difícil e precisamos de uma certa estrutura para poder dar conta disso”.

A coordenadora de Atenção Básica, Daniela Moutinho, afirma que a ação é uma forma de proporcionar um conhecimento interpessoal entre os servidores e fortalecer o apoio dentro desse espaço. 

“Através desse conhecimento, uma pessoa vai apoiando a outra dentro da própria rede. Então o evento também estimula a criação de pequenas âncoras em vários lugares, que trazem a possibilidade de conduzir melhor os casos quando eles acontecerem”.

Ela ainda destaca o trabalho de apoio da rede de saúde, que possui todas as unidades ligadas à assistência psicossocial, com portas abertas para atendimento, sem necessidade de encaminhamento e com livre demanda.

“O trabalho da rede é muito responsável. A pessoa que chega à unidade com alguma queixa tem esse primeiro acolhimento e, caso haja necessidade, ela é encaminhada. Então ela nunca fica ‘solta’. Existe uma conexão para que não se perca a oportunidade do cuidado”.

A assistente social da Seção de Vigilância Epidemiológica (Seviep), Ana Rosa Platzer, foi uma das palestrantes. Ela abordou o panorama geral dos casos de violência interpessoal autoprovocada no Município através de dados coletados de violência com intenção suicida, dividindo os casos de tentativas e óbitos por faixa etária, sexo e meios de agressão.

Ela alerta para o aumento de tentativas de suicídio entre os anos 2020 e 2021, saltando de 144 para 265 casos. A maioria corresponde à população entre 20 e 49 anos (44,5% das ocorrências). As mortes por suicídio mantêm-se na média de 24 casos por ano desde 2017.

Outro dado ressaltado foi o aumento de notificações de intoxicação exógena (causadas pelo contato com substâncias químicas que prejudicam o organismo, podendo provocar danos graves e morte) de 208 casos em 2020 para 334 em 2021. Entre todos os casos registrados no último ano, 79% foram tentativas de suicídio, a maior parte com uso de medicamentos.

“Muitas vezes esses medicamentos fazem parte do tratamento da pessoa com transtorno, por isso é necessário um cuidado mais próximo de pessoas que passam por esse procedimento para evitar casos como esses”.

Maria Anunciação, membro do Núcleo de Saúde da Saúde da Família (Nasf) do Centro, e Mariana Matteucci, terapeuta ocupacional do Caps (Centro de Atenção Psicossocial) Tô Ligado, falaram sobre as Pics (Práticas Integrativas e Complementares em Saúde) e apresentaram algumas das atividades disponibilizadas pela rede de saúde de Santos como a acupuntura, terapia comunitária e medicina tradicional chinesa.

Segundo elas, essas atividades são uma maneira de tratar as pessoas e suas emoções com um foco maior na escuta e vínculo do paciente com o terapeuta. 

“As Pics são práticas leves e pouco invasivas que são muito eficazes. Às vezes elas são tratadas como coadjuvantes, mas consigo vê-las como protagonistas do cuidado. Elas oferecem um cuidado seguro, mas com tecnologias mais suaves do que outros procedimentos”, explicou Mariana.

Além dos profissionais de saúde, a paciente da Seção de Reabilitação Psicossocial (Serp), Dagmar Augusto de Souza, compartilhou sua experiência como usuária dos serviços de saúde mental. A Serp também realizou a venda de materiais confeccionados pelos pacientes, atividade organizada pela seção que promove a inclusão social dos usuários através de oficinas de geração de renda.

ATENDIMENTO

Pacientes em situação de sofrimento psíquico devem procurar a sua policlínica de referência. Tanto a Atenção Básica quanto a rede especializada, que abriga os Caps, e a área de urgência e emergência realizam atendimento imediato de alguma forma. Caso as equipes de saúde identifiquem a necessidade de encaminhamento, elas o fazem de acordo com a demanda.