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‘Sebrae da quebrada’: CEO da Wakanda conta, em Santos, como tornou o tema empreendedorismo mais acessível

Publicado: 22 de julho de 2022 - 11h40

Baiana de Salvador, Karine Oliveira tem 29 anos e há quatro dirige a Wakanda, uma empresa de impacto social que tem como principal objetivo potencializar o negócio de quem empreende por necessidade. No quarto dia de palestras do Expo Cidades Criativas Brasileiras, a convite do Sebrae, ela compartilhou com o público parte da experiência que já impactou quase 1 mil microempreendimentos Brasil afora. O evento acontece no Blue Med Convention Center, em Santos.

“Nada melhor do que falar sobre economia criativa, criatividade e diversidade na prática. E começando pelo problema: o desemprego estrutural. Quanto mais desempregados temos no Brasil, mais pessoas ocupam as ruas através do trabalho informal e mais empresas abrem porque precisam – e não porque planejam. Em 2018, eram mais de 11 milhões, segundo dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios)”, contextualizou, logo de início.

A partir dessa realidade, Karine contou que percebeu a necessidade de ‘traduzir’ conteúdos para a realidade do empreendedor periférico, simplificando a linguagem para torná-los mais práticos. Um dos episódios que mais contribuiu com essa decisão foi a ida a um evento chamado Como Conseguir Investimento em Salvador, em que cinco homens ocuparam a bancada falando unicamente da necessidade da criação de startups.

“Eu estava com 24 anos, já dava aulas há seis e não sabia nada de ‘startupês’. Ali tinha gente montando padaria, salão de beleza, produtora de eventos e só se ouvia falar em startup, startup... Fiquei imaginando como seria incrível estar em um lugar onde a pessoa estivesse realmente falando para mim, trazendo minha realidade para o conteúdo. O Sebrae da quebrada, tá ligado? Foi assim que comecei”, lembrou.  

Mas somente a criatividade não bastava. Karine também precisou compreender de fato o que era diversidade para realmente conseguir levar sua empreitada adiante. Para isso, rompeu sua ‘bolha’ provocando conversas com pessoas diferentes, convivendo com quem depende da inclusão e criando uma metodologia de trabalho que contemplasse esses e outros grupos – tanto em sua equipe, como entre suas primeiras alunas, em sua maioria mulheres negras.

Aos poucos, ela se convenceu também de que o dinheiro não garante o engajamento, nem a satisfação dos funcionários. Em sua visão, a equipe passa a render mais quando compra a ideia de quem a emprega. “É preciso mostrar para aquela pessoa que você está construindo com ela. Quando o dinheiro chega, aumenta para todos. Quando diminui, não se perde a qualidade”, defendeu.

Como exemplo, ela lembrou do que aconteceu durante um dos períodos mais críticos da pandemia, no 2º semestre de 2021, quando organizou uma rede de 40 costureiras para produzir e vender máscaras para grandes empresas. Em dois meses a iniciativa resultou em R$ 88 mil, divididos entre a mão-de-obra (60%) e sua empresa (40%), pela intermediação e controle da produção.

Com uma capa da revista Forbes, uma palestra na Tedx e uma temporada do Shark Tank Brasil também em seu currículo, Karine hoje é sócia da empresária Camila Farani e comemora o sucesso de cursos como o “Acelerando seu Corre”, totalmente via WhatsApp, que trouxe clientes como o Governo do Estado da Bahia, a Natura, o LinkedIn e a CCR.  

Nada mal para quem andava frustrada com a faculdade de Serviço Social e inscreveu, quase que despretensiosamente, o projeto do que seria sua empresa em um edital para empreendedores locais. Aprovado e contemplado com um aporte de R$ 50 mil, o sonho saiu do papel para dar origem à Wakanda, batizada em alusão ao filme ‘Pantera Negra’ - não por acaso uma de suas grandes inspirações.