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Santos testa armadilha para controle de mosquitos da dengue

Publicado: 12 de novembro de 2019 - 14h16

Uma tecnologia não agressiva ao homem, que impede a reprodução do mosquito Aedes aegypti (transmissor da dengue, chikungunya, zika vírus e febre amarela urbana) e reduz a sua infestação, está sendo experimentada de forma pioneira em Santos. A Cidade é a segunda do País e a primeira em São Paulo a testar as armadilhas já utilizadas nos Estados Unidos e outros 65 países. 

“O estado da Flórida teve, em 2016, uma epidemia com mais de cinco mil casos de zika vírus e, com a tecnologia, reduziu para quase zero o número de casos”, explica o diretor executivo da Truly Nolen, Marco Antônio Bertussi, empresa que tem a exclusividade de distribuição da tecnologia no Brasil.

As armadilhas de autodisseminação foram desenvolvidas pela empresa holandesa In2Care que, em maio deste ano, obteve registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso em saúde pública. Após autorização, a sua utilização começou em outubro na cidade de Pará de Minas, por meio de contrato com o governo estadual de Minas Gerais.

Em outubro e novembro, integrantes da empresa estiveram em Santos e conheceram a infraestrutura da Secretaria de Saúde. “A Cidade foi escolhida para o teste porque o setor de Vigilância em Saúde tem estrutura e técnicos muito preparados, à frente da maioria das cidades e que estão abertos para adoção de novas tecnologias”, ressalta Bertussi. O projeto-piloto terá duração de 90 dias, sem custos aos cofres públicos.

A chefe do Departamento de Vigilância em Saúde (Devig) de Santos, Ana Paula Valeiras, explica que Santos conta com 461 armadilhas de captura de mosquito fêmea, com sistema georreferenciado (localização em mapa) que indica os pontos de maior incidência do Aedes. “A diferença é que estas novas armadilhas são disseminadoras de larvicida e têm como objetivo principal reduzir a população dos insetos alvo, enquanto as outras são armadilhas para monitoramento da infestação por Aedes aegypti, que nos permitem direcionar as medidas de controle”.

       

CONTADOR

Um total de cinquenta armadilhas está sendo instalado nos bairros Encruzilhada e Vila Mathias, escolhido pelo histórico de presença de mosquitos nas armadilhas e de infestação e grande concentração de pontos estratégicos e imóveis especiais (unidades de saúde, escolas etc.).

Ao fundo do Complexo Hospitalar dos Estivadores, no centro da área, também foi instalada uma contadora automática de mosquitos criada pela empresa alemã Biogents AG. “Com base nos dados anteriores da região e das áreas do entorno, vamos comprovar se está aumentando ou diminuindo a presença do Aedes no trecho do projeto”, complementa Marco Bertussi.

 

 

Fêmea contaminada ajuda evitar reprodução em água parada

 

A armadilha em teste, segundo estudos comprovados pela empresa, atrai mosquitos fêmeas do Aedes Aegypti, os quais estão prestes a produzir ovos. Atraído pelo cheiro da água dentro do recipiente, o mosquito repousa em gaze próxima à superfície e deposita os ovos na água. Partículas da gaze, com produtos biológicos feitos de larvas e fungos, são transmitidas ao inseto e também para seus ovos.

Quando os ovos se transformam em larvas na água, mais odores são gerados e atraem outros mosquitos para a armadilha. Antes de completarem o estágio de desenvolvimento, quando se tornariam pupas, as larvas morrem, impedindo que virem mosquitos.

O mosquito fêmea contaminado sai da armadilha e procura outro lugar com água parada para depositar mais ovos. O larvicida nas suas pernas se dissolve e contamina a água em pneus, vasos, entre outros lugares, repetindo o mesmo ciclo que ocorre dentro da armadilha e matando novas larvas.

O fungo que infecta o mosquito também o torna menos ativo e reduz sua disposição em picar seres humanos, além de inibir o desenvolvimento do vírus da dengue no seu sistema digestivo. Após alguns dias, ele morre. Assim, gradativamente vai reduzindo a presença dos vetores na região coberta pela armadilha. Cada equipamento cobre até 400m².