Santos se despede do ator e diretor teatral Tanah Corrêa

Sob clima de muita emoção, na tarde desta quinta-feira (29), Santos se despediu do ator e diretor teatral Tanah Corrêa. Após dois dias de velório, no Teatro Rosinha Mastrângelo, o corpo do artista foi sepultado no Cemitério Memorial. Diversas autoridades, amigos e familiares prestaram sua última homenagem ao artista, que também foi o primeiro secretário de Cultura de Santos, de 1985 a 1988.

“Tanah foi uma figura importante. Um grande agitador, que impulsionava a cultura da nossa cidade. Estive junto a ele na montagem da peça sobre a história de José Bonifácio, que ocorreu em plena Praça Mauá. Foi fantástico vê-lo levando o teatro pra rua, movimentar os coletivos culturais. Ele deixa uma história muito importante para a cultura santista e com certeza a Cidade irá homenageá-lo da maneira que ele merece”, comentou o prefeito Rogério Santos.

Já o ator Alexandre Borges, um dos dez filhos de Tanah, relembrou a relação do pai, nascido em Bauru, com a cultura de Santos. “Foi uma vida linda, maravilhosa. E que tem muito a ver com esse lugar aqui, o Centro de Cultura Patrícia Galvão. Meu pai foi secretário de cultura, dirigiu peças aqui, além de ter percorrido toda a Baixada com peças e formando vários atores e atrizes. Então, queria agradecer todo carinho comigo e com a família nesse momento. E o Tanah Corrêa é isso, é teatro, é X-9, é resistência”, afirmou Alexandre.

O corpo de Tanah Corrêa deixou o Teatro Rosinha Mastrângelo pontualmente às 14h, coberto pelos pavilhões do Palmeiras e da X-9, sua escola de coração, da qual também foi enredo em 2011, no desfile campeão com o tema ‘Xisnoviano, macuqueiro, arteiro, teatreiro, a X-9 Pioneira saúda Tanah Corrêa e a arte na cultura brasileira’.

O cortejo até o Cemitério Memorial passou pela Bacia do Macuco, onde fez uma breve pausa na sede da X-9, que homenageou o artista ao som da bateria ‘Pioneira’. Em seguida, o cortejo passou pelas casas populares do bairro, e pela sede da Tescom. Em seguida, o cortejo foi à Ponta da Praia, passando pela Escolástica Rosa e Rua Ricardo Pinto, onde o artista morou.

Antes de chegar ao destino final, o cortejo fez uma pausa em frente ao Paço Municipal (Praça Mauá), onde foi feita uma homenagem pelo Maracatu Quiloa. Tanah e o grupo de cultura popular tinham uma relação muito próxima. Foi em um galpão cedido pelo artista, em 2007, que o Quiloa desenvolveu suas ações por anos. 

“Na nossa trajetória ele sempre foi um apoiador, um incentivador, sempre presente na sua forma de conduzir as coisas. Ele incentivou desde artistas iniciantes até os profissionais, promovendo sempre uma interação entre eles”, comentou Felipe Romano, produtor cultural do Maracatu Quiloa. 

TRAJETÓRIA

Athanazildo Corrêa Neto, mais conhecido como Tanah Corrêa, morreu na madrugada de terça-feira (27), aos 82 anos. Mesmo nascido em Bauru (SP), Tanah jamais escondeu seu amor por Santos, tendo até mesmo recebido o título de cidadão santista, em agosto de 2005. Na Cidade fez curso de Licenciatura Plena em Educação Artística - Artes Cênicas na Fundação Lusíada, atualmente Unilus.

A partir de 1969, ainda no teatro amador, Tanah deu início a uma carreira incrível, com passagens marcantes também na televisão e cinema. Fora das telas e palcos, era figura presente nos debates dos rumos da cultura em Santos.

De 1984 a 1985 foi assessor municipal de Cultura de Santos, para logo a seguir tornar-se o primeiro secretário de Cultura do Município, cargo que exerceu até 1988. Ele ainda foi membro da Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (Cinc), do Ministério da Cultura; secretário-geral da Confederação Nacional de Teatro Amador (Confenata) e diretor-presidente da Sociedade Brasileira de Autores (SBAT).

O artista também foi fundador do Teatro Plínio Marcos e do Cine-Arte Lilian Lemmertz, e também passou pelo Memorial da América Latina, todos na capital paulista. Ele também foi tema do samba enredo campeão de 2011, pela escola de coração, a X-9, com o tema ‘Xisnoviano, macuqueiro, arteiro, teatreiro, a X-9 Pioneira saúda Tanah Corrêa e a arte na cultura brasileira’.

O diretor teatral deixou a esposa Orleyd Faya e os filhos André, Geórgia, Kenia, Natasha, Geovana, Janaína, Natália, Fernanda, Ludmilla Corrêa e Alexandre Borges.