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Santos recebe autoridades esportivas, políticas e milhares de fãs para iniciar despedida ao Rei

Publicado: 2 de janeiro de 2023 - 18h50

Santos recebe os holofotes de todo o mundo neste triste e histórico momento da despedida ao Rei Pelé. Desde as primeiras horas desta segunda-feira (2) milhares de pessoas se deslocaram de outros países, de vários estados brasileiros e de suas casas na própria Cidade que acolheu o gigante dos campos de futebol, para entrarem no Estádio Urbano Caldeira (Vila Belmiro), onde ocorre o velório de Edson Arantes do Nascimento.

Do presidente da Fifa Gianni Infantino (Fifa) ao Ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, passando pelo ministro de Relações Exteriores da Turquia, Mevlüt Çavusoglu; o governador do Estado, Tarcísio de Freitas; o prefeito Rogério Santos, inúmeras autoridades e milhares de fãs foram dar adeus a uma das figuras mais importantes do século.

Na sequência: Alejandro Dominguez (Conmebol), Ednaldo Rodrigues (CBF), Gianni Infantino (Fifa) e Mevlüt Çavusoglu (Turquia)

Pela manhã, também estiveram no estádio do Santos FC os presidentes das principais confederações do futebol e esportivas, como Alejandro Dominguez, da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol); Ednaldo Rodrigues, da Confederação Brasileira de Futebol (CBF); Reinaldo Carneiro Bastos (Federação Paulista de Futebol - FPF)  além do Paulo Wanderley Teixeira, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Outra presença de destaque dentre os dirigentes esportivos foi o vice-presidente do Real Madrid (Espanha), Emilio Butragueño.

No campo político, os prefeitos Ricardo Nunes (de São Paulo) e José Paulo de Paiva Gomes (da cidade natal de Pelé), Três Corações/MG) também prestaram homenagens na Vila Belmiro.

José Paulo de Paiva Gomes (Três Corações)

EMOÇÃO

Ex-jogadores e companheiros de equipe de Pelé, além de muitos amigos, demonstravam emoção, caso do jornalista Milton Neves que não continha as lágrimas antes de prestar a última homenagem ao amigo. “O Pelé não morreu! Nem vai morrer nunca”! Gritou o jornalista, com uma camisa da torcida organizada “Camisa 10” do Santos erguida. Neves, que era amigo pessoal do Rei, garantiu que ainda estará presente ao sepultamento.

MELHOR AMIGO

O ídolo do Santos Manoel Maria era, além de colega de time, um amigo que o Rei costumava chamar de irmão mais novo.  “Um irmão que Deus colocou na minha vida. Tenho que me adaptar a essa nova realidade, no meu coração ele nunca irá morrer”.

O ex ponta-esquerda lembra com carinho dos conselhos de Pelé, em especial, a frase que mais o marcou: “'O grande saber da vida é que você não sabe nada e precisa cada vez aprender mais', ele sempre cuidou de mim, com muito carinho”.

Manoel Maria, Serginho Chulapa e Clodoado

“VOCÊ ESTÁ MUITO DEVAGAR”

As orientações do maior atleta de futebol de todos os tempos também foram lembradas pelo tricampeão do mundo em 1970, Clodoaldo Tavares Santana. “Você está muito devagar”, repete a frase que ouvia, aos risos. “Ele era de outro planeta e esperava que todos estivessem no mesmo nível dele; eu dizia: “Pelé você é inigualável”.

O meio campista lembra que uma das maiores qualidades do Rei era saber exatamente o que fazer quando a bola chegava, mas isso só era possível pela capacidade que ele tinha de enxergar o campo inteiro. “Antes da bola chegar no Pelé ele olhava para todo o campo, de cabeça erguida, via todas as possibilidades e quando ela chegava, fazia a mágica acontecer”.

Quase todo torcedor santista que viveu na década de 1980 era fã de Serginho Chulapa, um artilheiro nato que encantou a torcida com gols e seu temperamento forte. Mas quando menino, torcedor alvinegro, era ele que se encantava com o brilho de sua majestade. “Eu cabulava aula e ia para o Pacaembu ver o Santos e o Pelé, fazia questão de ver o maior do mundo, como santista nato que sempre fui. Nunca poderia imaginar que um dia vestiria essa camisa gloriosa e conheceria tantos craques, dentre eles o maior de todos”.

OUTROS CRAQUES E AMIGOS

Pela manhã, muitos outros ex-craques e ídolos do Santos passaram pela Vila Belmiro, como Zé Roberto, Lima, Abel, Elano, Lalá e Aguinaldo, além de ‘rivais’, como o atacante Emerson Sheik e o meio campista Mauro Silva, que brilharam por Corinthians e Bragantino respectivamente.

Aliás, não houve espaço para a rivalidade entre as homenagens prestadas a Pelé. A predominância absoluta era de camisas do Santos FC, mas se via uniformes de times opositores, em claras demonstrações de veneração ao Rei, transcendendo gostos particulares.

CALOR E ESPERA

Sob um calor de mais de 30 graus, a fila dos fãs para ter acesso ao interior do estádio, onde está o caixão, chegava a ganhar três quadras na Avenida Bernardino de Campos (canal 2), impondo longa espera.

Após aguardar por três horas para dar o adeus, o visitante Romero Galdino falou sobre sua presença. “Pelé é eterno; com ele nós conquistamos três Copas do Mundo; sou palmeirense, mas vim prestar essa homenagem ao Rei Pelé”.

Torcedor do Santos, o motorista Leonel do Nascimento Santana, conta que assistiu ao Pelé jogar com a camisa alvinegra e que, por conta disso, não poderia deixar de se despedir do ídolo. “Não tem outro igual; vi o Santos ser campeão com o Pelé, é muita glória junto!”.

Teve gente que veio de muito longe para render homenagem, como o colombiano Alexsander Zuleta, torcedor do Atlético Nacional, de Medellín. Alexsander conta que chegou a morar em São Paulo, mas voltou ao seu país em 2020. De férias no Brasil, o fã do futebol brasileiro não perdeu a oportunidade de dar adeus ao Rei do Futebol. "Peguei duas horas de fila, mas isso não importa", comentou. Quanto à aposentadoria da camisa 10 do Peixe, o colombiano considera uma questão complexa. "É difícil avaliar isso pelo o que ela representa no mundo".
 
Thiago Silva veio de Recife, Pernambuco, exclusivamente para o velório de Edson Arantes do Nascimento. Torcedor do Santa Cruz, ele foi com a camisa do clube de coração para a despedida do Rei do Futebol. "O Pelé representou tudo. A força do negro, a vontade de vencer. Na minha avaliação, ele é o brasileiro mais importante de todos os tempos".
 
Morador de São Vicente e torcedor do Peixe, João Carlos Dias dos Santos contou que foi emocionante passar, mesmo que por poucos segundos, perto do caixão. "Deus sabe de tudo", conformava-se ele que, na década de 70, foi mascote dos Meninos da Vila.
 
Os amigos Ricardo Dantas e Flávio Melo vieram de São Bernardo do Campo para o adeus. Ricardo é torcedor do São Paulo, e Flávio, do Peixe. "Não vi ele jogar, só imagens pela internet. Mas Pelé representa o Brasil, não apenas os torcedores do Santos", contou o são-paulino. Para Flávio, estar na Vila Belmiro desta vez representou uma emoção diferente. "Eu ouvia meu pai falar muito do Pelé. Tenho camisa autografada dele. Mesmo ontem, vendo as reportagens pela TV, chorei bastante".

SEPULTAMENTO

O velório segue por 24 horas, até as 10h de terça-feira (3). As homenagens públicas terminam com cortejo pelas ruas da Cidade, saindo da Vila Belmiro, passando em frente à casa de dona Celeste Arantes do Nascimento, mãe do ex-jogador, e tendo como destino final a Memorial Necrópole Ecumênica. No local, numa cerimônia reservada apenas para a família, o corpo será sepultado a partir das 14 horas.