Santos inicia preparativos para festa da padroeira com trabalho que segue legado familiar

Umas das histórias mais conhecidas da humanidade é retratada de forma única nas escadarias do Monte Serrat. Os nichos que compõem a representação da Via Crucis – feitos de concreto, bronze e granito – estão sendo cuidadosamente revitalizados por uma equipe da Secretaria de Cultura (Secult).

Cuidados deixam o Monte Serrat preparado para uma das maiores celebrações religiosas do Estado

Os 14 painéis, instalados à margem da escadaria do Caminho Monsenhor Moreira, foram entregues à população em 1941, esculpidos por Marino Del Favero, e fundidos no metal por Metelo Benedetti, que iniciaram o trabalho dois anos antes. 

Os serviços de limpeza das obras sacras fazem parte dos preparativos para a festa de Nossa Senhora do Monte Serrat, a Padroeira de Santos, considerada uma das maiores celebrações religiosas do Estado e que tem o ponto alto em 8 de setembro. Iniciadas há 10 dias, as intervenções feitas pela equipe da Coordenadoria de Museus e Galerias da Secult envolvem a raspagem dos resíduos de velas que se acumulam nos painéis; pintura das bases e molduras de concreto; lavagem e polimento do bronze.

Paralelamente correm serviços de manutenção nas escadarias e na capela do alto do morro

EM FAMÍLIA

A manutenção, que deixa os nichos preparados para as visitas dos fiéis, toca fundo nos sentimentos da coordenadora de Museus e Galerias da Secult, responsável pelos serviços de conservação dos 130 monumentos da Cidade, por uma história pessoal. Inês Rangel faz esse trabalho há 17 anos, seguindo os passos de sua irmã, a artista plástica Maria Inah Rangel Monteiro.

Inês responde pelos cuidados com 130 monumentos históricos da Cidade

“Lembro muito dela, que um dia foi responsável por cuidar destas esculturas. Sinto que estou dando sequência ao trabalho que ela tanto amou e se dedicou”, afirma Inês, confessando um carinho especial pelas obras do Monte Serrat.

Maria Inah deixou um importante legado ao patrimônio de Santos, sendo responsável pela restauração das pinturas murais do imóvel onde atualmente funciona o Poupatempo; da Sala Princesa Isabel, na Prefeitura, e dos nichos da Via Crucis, na escadaria do Monte Serrat. Além disso, ela coordenou a conservação e restauração do acervo de arte do Paço Municipal.

Pouco antes de morrer, em 2009, Maria Inah lançou o livro ‘Esculturas Urbanas’, em conjunto com a jornalista Rosangela Menezes, o fotógrafo Tadeu Nascimento e o designer David Cardoso. Na obra, um catálogo dos principais monumentos santistas, escreveu sobre a importância de valorizar nossa história. “Podemos viver sem as esculturas, mas sem elas não podemos recordar”, afirmou em trecho da publicação.