Seu navegador não possui suporte para JavaScript o que impede a página de funcionar de forma correta.
Mensagem do Periodo Eleitoral

Atenção

Em cumprimento ao Artigo 73 da Lei Eleitoral nº 9.504/97, as redes sociais e o portal da Prefeitura, a partir de 6 de julho até o final do processo eleitoral de 2024, publicarão apenas conteúdo de utilidade pública.

Conteúdo
Notícias

Santos é reconhecida como a primeira do Brasil a banir carne de cação da merenda

Publicado: 17 de dezembro de 2021 - 15h29

Santos foi reconhecida, nesta sexta-feira (17), como primeira cidade do País a banir definitivamente a carne de cação da merenda escolar da rede municipal de ensino, de acordo com a Sea Shepherd Brasil (unidade da maior organização sem fins lucrativos de proteção da vida marinha e do oceano do mundo).

A carne de cação, segundo estudos recentes, possui alto teor de mercúrio, o que coloca em risco a saúde das crianças. Além disso, o alto consumo ainda incentiva a caça indiscriminada de tubarões, gerando graves distúrbios ambientais.

Desde 2010, esse tipo de carne, que pode ser de tubarões e até mesmo raias, já não faz parte do cardápio da rede municipal de ensino. Anualmente, o consumo de peixes na merenda escolar da Cidade é de 40 mil quilos por ano, o que representa aproximadamente 440 mil kg de carne de cação que foram poupados de ser consumidos pelas crianças no Município.

“Quando pensamos na gestão da alimentação escolar, temos que avaliar uma série de fatores como o nutricional, mas não podemos deixar de analisar o impacto ambiental e os resíduos que geram a nossa compra”, explica Sofia Bonna Boschetti, nutricionista e coordenadora de Merenda Escolar da Secretaria de Educação de Santos. 

A decisão da Prefeitura de não incluir cação na merenda escolar é definitiva e é mais uma de uma série de iniciativas da Cidade a favor da preservação do oceano. Em novembro de 2021, Santos foi a primeira do mundo a estabelecer a cultura de preservação dos oceanos na rede de ensino, sob a Lei Municipal nº 3.935, fato reconhecido pela Unesco.

De acordo com Marcus Fernandes, coordenador de políticas ambientais da Secretaria de Meio Ambiente de Santos (Seman), a medida é essencial e se soma a outras ações do Município. “Já realizamos diversos trabalhos voltados à preservação do oceano. Traduzimos para os países de língua portuguesa a cartilha Cultura Oceânica, da Unesco e, em parceria com o Instituto de Pesca, criamos o Programa Pesca Fantasma, sobre o descarte de petrechos. Agora, com a Sea Shepherd, ampliaremos essas ações, lembrando que estamos na Década da Ciência Oceânica", explicou.

Nathalie Gil, diretora executiva da Sea Shepherd Brasil, ressalta a importância da medida e o protagonismo de Santos. “Um braço essencial da Sea Shepherd é a educação e a disseminação de conhecimento sobre questões ambientais ligadas ao oceano". "Nosso objetivo é que este seja um marco. Queremos que todas as prefeituras sigam o exemplo de Santos e busquem alternativas mais saudáveis e sustentáveis para a merenda escolar”, analisa. 

Problemas da carne de cação

A bióloga Bianca Rangel, cientista da campanha Cação é Tubarão, da Sea Shepherd Brasil, alerta para os riscos de toxicidade da carne do animal. “O tubarão, por ser um animal de topo de cadeia, se alimenta de outros diversos animais. Por meio do processo de bioacumulação, todos os agentes contaminantes, incluindo metais pesados como mercúrio e arsênio, além de pesticidas e derivados de petróleo, se acumulam na carne, sendo um alimento longe de ser saudável, ainda mais para crianças”, aponta a cientista.

A OMS recomenda um limite diário de consumo de 0.5mg desses metais para uma pessoa adulta, e não recomenda para crianças ou gestantes. Estudos já revelaram a presença de duas vezes mais dessa quantia na carne do animal. Os riscos do consumo vão desde intoxicação alimentar até mesmo danos cerebrais.

Riscos ambientais

Já em relação aos riscos ambientais, causa desequilíbrio do ecossistema marinho, pelo fato de o tubarão ser um predador de topo de cadeia alimentar. Além disso, a carne de cação se refere a uma grande gama de espécies, que contempla raias e tubarões, o que muitas vezes acaba incluindo o consumo de espécies criticamente ameaçadas e proibidas de comercialização, como tubarões-martelo e raias-viola.

A carne de cação é vista como um subproduto do mercado de barbatanas de tubarões, altamente consumidas em alguns países asiáticos. Como a carne do animal não é de interesse para a maioria dos países, o Brasil adquire a um preço atrativo, em comparação com outros animais, o que faz com que o País seja atualmente o 1º importador e consumidor de carne de tubarão em escala mundial. 

Sobre a Sea Shepherd

A Sea Shepherd é reconhecida globalmente como a organização mais poderosa e passional da proteção da vida marinha e dos oceanos. Estabelecida em 1977 pelo capitão Paul Watson, a entidade sem fins lucrativos tem como missão defender, proteger e conservar os oceanos e a vida marinha. Ela conta com a maior marinha privada do mundo, e lidera campanhas colaborativas de ação direta 'Pelo Oceano'. 

No Brasil ela está presente desde 1999 e conta hoje com ações diretas de limpeza de praias, proteção de cetáceos e de educação ambiental. 
Para mais informações sobre a Sea Shepherd Brasil e suas campanhas, basta acessar o site: www.seashepherd.org.br.

 

Galeria de Imagens

carne de cação #paratodosverem
Especialistas alertam para os riscos de toxicidade da carne. Foto: Divulgação
tubarão na água #paratodosverem
Alto consumo incentiva caça indiscriminada de tubarões