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Santistas no exterior: “A prioridade é a vida"

Publicado: 6 de abril de 2020
17h 02

Andressa Luzirão

Da janela de suas residências, santistas que moram no exterior assistem ao vazio das ruas. Movimento somente nas telas de seus celulares e TVs com as manchetes de uma pauta única, o novo coronavírus (Covid-19). Por verem de perto a disseminação rápida da doença, são unânimes em dizer que o isolamento social é medida essencial para diminuir a contaminação e salvar vidas.

Estados Unidos, Itália, Espanha, França, Suíça, Emirados Árabes Unidos e Dinamarca são os países que Silvia, Rafael, Antoniela, Vivian, Maria José, Victor e Ana Luiza, respectivamente, escolheram para morar por tempo determinado ou indeterminado.

Estados UnidosItália - Espanha - França - Suíça - Emirados Árabes - Dinamarca 

 

ESTADOS UNIDOS - “Somos humanidade”

É em Miami, Flórida (EUA), que há 20 anos reside Silvia dos Santos, 55. O Estado está a cerca de 1.300 km de Nova York, o epicentro da doença. “Lá, as pessoas demoraram a parar. O isolamento é a única forma de não chegarmos como a Itália, de ter que escolher quem morre e quem vive. Nova York já vive isso”, disse.

Silvia é funcionária em uma igreja messiânica e faz limpeza em casas na Flórida, onde as pessoas começaram a se conscientizar sobre a gravidade da situação quando a Disney, que não interrompe atividades nem em fenômenos naturais como furacões, suspendeu seu funcionamento por tempo indeterminado.

“Estamos em tempos difíceis e está na hora do ser humano entender que sua atitude faz parte de um todo, que somos humanidade, não uma unidade solta. Cada um pode fazer a diferença para que a humanidade siga existindo”, desabafa. Sua nora trabalha em um dos maiores hospitais de atendimento público do Sul da Flórida e vive o caos da pandemia. “Ela me disse, chorando, que parece uma guerra”.

 

ITÁLIA - “Ninguém imaginava a gravidade”

O publicitário Rafael Almeida, 39, chegou na Toscana, Itália, no fim de janeiro, para reconhecer sua cidadania italiana e com planejamento de ficar por lá até quatro meses. O que não esperava era vivenciar a pandemia em um dos países onde a decisão tardia de restrições levou ao rápido contágio da doença em poucos dias.

“A sensação é de que ninguém imaginava a gravidade e muitos questionavam a paralisação do país por causa de uma ‘gripe’. Não é uma gripe forte, é uma pneumonia muito forte. Achavam que a medida era radical, porém foi a decisão mais acertada, embora tardia, reconhecida pelo governo italiano. É um país que já passou por situações de guerra e acredito que isso mexe com as pessoas”, afirma.

 

ESPANHA - “Podemos ser um agente transmissor”

É na capital da Espanha, Madri, que Antoniela Couto mora há um ano e dez meses, onde trabalha com terapias corporais. Em quarentena desde 15 de março, ela conta que parte da população demorou para se manter em completo isolamento. ”Acredito que isso tenha sido um fator condicional para agravar a situação”.

No país de regime monárquico-parlamentar, as medidas incluem a aplicação de multas em quem é abordado longe de casa sem justificativa. “É importante segui-las para evitar que o vírus se alastre. Ainda que não façamos parte do grupo de risco oficial, podemos ser um agente transmissor, mesmo não percebendo os sintomas”.

 

FRANÇA - “O isolamento é vital”

Em processo de mudança para Paris, na França, Vivian Larsen, 30, mora com o marido desde 2016 em Milão, cidade mais afetada da Itália pelo coronavírus. Desde 13 de fevereiro, o casal está no país francês a passeio e para visitar apartamentos. Desde então, não conseguiu voltar à cidade italiana para buscar seus pertences para a mudança definitiva.

“O isolamento social é, em uma palavra, vital. A prioridade é a vida das pessoas”, diz ela, que tem um casal de amigos contaminado pela doença em Paris. “Não lembro de ter vivido algo tão surreal, mais do que o surto da H1N1, em 2009. Se as pessoas não ficarem em casa, contribuirão para que o problema se estenda por mais tempo”.

 

SUÍÇA - “Quarentena é o único meio de parar a transmissão”

Do 5º andar de seu prédio na cidade de Martigny, Cantão do Valais, na Suíça, a aposentada Maria José Monteiro, 65, avista a vazia Avenida de la Gare. Ali próximo, na esquina de sua casa, há uma padaria onde trabalhava uma mulher de 52 anos, que está nas estatísticas de mortos. “Eu não a conhecia pessoalmente, mas foi muito triste. Não há vacinas nem remédios. A quarentena é o único meio de parar a transmissão. Com essa medida conseguiram que a curva de incidência se estabilizasse”, diz ela, que vive naquele país desde 2002.

 

EMIRADOS ÁRABES - “Isolamento é indiscutível”

Em Dubai há 9 anos, o modelo Victor de Oliveira, 36, contraiu coronavírus, está internado, mas se recupera da doença, cujos sintomas foram leves. “Conheço pessoas que não tiveram a mesma sorte. O pai de um amigo mora na Itália e está na UTI com uma melhora lenta. Como os respiradores não estavam ajudando mais, os médicos tiveram que abrir um orifício na traqueia para auxiliar na respiração”.

Para ele, o isolamento é essencial. “Por ser uma cidade de trânsito, a disseminação em Dubai foi mais lenta do que a de países como Itália e Espanha. Mas vendo pessoas jovens e saudáveis sendo hospitalizadas com sintomas graves e pessoas como eu, que, sem sintomas graves, poderia estar circulando e espalhando o vírus, acredito que o isolamento é indiscutível”.

 

DINAMARCA - “Que o Brasil não chegue a isso”

É na Dinamarca, país que avalia a retomada gradativa das atividades após medidas restritivas antecipadas, que há oito meses faz intercâmbio a estudante Ana Luiza Presa dos Reis, 16, da Ponta da Praia. Ela mora com uma família de dinamarqueses na cidade de Randbøl, perto de Billund. “Os dinamarqueses só saem quando necessário. Estou participando das aulas on-line da minha escola daqui e do Brasil, além de ver séries e ler livros”.

Mãe da família que a hospeda, a hostmom Sine Klitgaard Møller, 48, ressalta que o país conseguiu quebrar a curva após três semanas de quarentena e entende que é difícil ficar em casa, “mas não tanto quanto se você estivesse no hospital, sendo médico ou enfermeiro, e tendo que escolher entre a vida e a morte, que é o que estão fazendo na Espanha e na Itália. Podemos ver claramente a diferença entre o que fizemos na Dinamarca e em Nova York. Que o Brasil não chegue a isso”, disse Sine.

 

Fotos: acervos particulares

Galeria de Imagens

Imagem feita dentro de carro percorrendo estrada vazia. No console do carro há um bichinho de pelúcia. #Paratodosverem
Miami
Imagem de rua tirada do alto de um prédio. À esquerda estão os prédio e abaixo, a avenida vazia. #Paratodosverem
Martigny, na Suíça
Mulher faz selfie em janela de apartamento. #Paratodosverem
Maria José Monteiro, na Suíça
Mulher faz selfie em janela de apartamento. #Paratodosverem
Antoniela Couto, em Madri
Ponto turístico de Paris, com Torre Eifell bem ao fundo, na frente de um rio. #Paratodosverem
Paris, França
Mulher tira selfie em rua vazia. A calçada, ao lado direito da foto, é gramada. #Paratodosverem
Silvia dos Santos, em Miami