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Roda de conversa leva questões de educação sexual a pessoas com deficiência em Santos

Publicado: 24 de março de 2022 - 19h37

Familiares e alunos da Apae Santos participaram, na tarde desta quinta-feira (24), da roda de conversa Educação Sexual é um direito, que fez alusão ao Mês da Mulher e fechou a programação da Semana de Conscientização sobre a Síndrome de Down, alusiva ao dia internacional da síndrome, celebrado na última segunda-feira (21).

O bate-papo, que contou com a participação de alunos com deficiência intelectual, autismo e síndrome de Down, foi guiado pelas coordenadoras municipais de Política para a Mulher (Comulher), Diná Ferreira, e de Defesa de Políticas para Pessoas com Deficiência (Codep), Cristiane Zamari. Os participantes tiraram dúvidas, trouxeram relatos e assuntos para serem debatidos.

Relacionamentos amorosos, assédio, violência doméstica e contra a mulher, bullying, discriminação velada e outros assuntos foram tratados durante a conversa. As coordenadoras orientaram os alunos a se abrirem sobre essas questões com a família e/ou com os professores da instituição.

“Muitas vezes são as professoras que atuam como conselheiras sobre essas questões, porque em muitas famílias esse assunto é visto como tabu”, explicou a coordenadora da Codep. Segundo a assistente social Adriana Politano, que atua na Apae, o assunto realmente costuma surgir quando os alunos atingem por volta dos 14 anos. “Eles ficam com dúvidas e, muitas vezes, não perguntam para os pais pois não têm essa abertura. Então eles nos trazem e nós trabalhamos esses assuntos com eles até mesmo com auxílio da psicóloga”.

A coordenadora da Codep explicou que a ação teve o objetivo de mostrar que pessoas com deficiência também possuem direitos sexuais e reprodutivos. “Nós queremos conscientizar sobre a importância de se informar cada vez mais, de ter autoconhecimento, preservar o próprio corpo e saber identificar possíveis abusos e violências, mas sem esquecer que eles têm o direito de escolher seu parceiro, fazer um projeto de vida, ter um casamento ou união estável. Tudo isso reflete na conquista da autonomia e da independência ao longo da vida”.

A coordenadora da Comulher ainda explicou que a sexualidade é um assunto importante, mas que as questões ruins relacionadas ao tema também devem ser debatidas. “Precisamos trazer essas questões para os jovens, tanto meninos quanto meninas, e com a presença dos pais, para que todos fiquem atentos aos sinais de violência ou assédio. Nós entregamos, inclusive, a cartilha sobre violência contra a mulher, que traz um teste que facilita a identificação dessa situação”.

APRENDIZADO

Guilherme Nascimento Góis Silva, 21 anos, tem síndrome de Down e uma série de planos para o futuro, como trabalhar e formar família com a atual namorada. Durante a palestra, o aluno aprendeu coisas importantes que vão contribuir para o seu relacionamento. “Tenho que tomar cuidados no namoro. Não posso agarrar, beijar sem que ela queira. Um dia vou conversar com ela sobre isso”.

Guilherme participou do bate-papo ao lado da mãe, Alaíde, 64. “Converso muito com ele sobre o respeito que tem que ter com os amigos e com as meninas. No assunto sexualidade não entrei muito ainda, porque o acho um pouco imaturo. Mas sempre observo os conteúdos que ele assiste no computador ou celular para que ele não acesse páginas não recomendáveis”.

Alaíde também conta que acha importante debater o assunto para que ele se torne cada vez mais natural entre as pessoas. “Seria bom se as pessoas se abrissem mais. Tanta gente com problemas e não tem coragem de falar. Pelo menos nessas rodas eles podem escutar, levar para casa e começar a pensar sobre o assunto. Talvez até procurem alguém que possa ajudar depois disso”, finalizou.

 

Galeria de Imagens

imagem em close de mãos segurando uma cartilha sobre violência contra a mulher. #paratodosverem
Participantes receberam a cartilha com orientações para combater a violência contra a mulher