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Repúblicas resgatam valores e laços de amizade entre idosos

Publicado: 25 de setembro de 2011
18h 00

Eles não têm parentesco, mas são como irmãos, uma família constituída além dos laços biológicos, com amizade, respeito e solidariedade. Assim vivem 42 idosos, entre homens e mulheres, moradores nas quatro repúblicas mantidas pela prefeitura: Bem Viver (Encruzilhada), Fraternidade (Macuco), Vitória e Renascer (ambas na Vila Mathias).

Ligado à Seas (Secretaria de Assistência Social), o serviço oferece apoio e moradia digna a baixo custo (R$ 67,30 por mês) a idosos em situação de risco pessoal e social, com vínculos familiares rompidos ou fragilizados, preservando a autonomia e convivência comunitária.

Sala com TV, cozinha, banheiros e quartos para duas pessoas são os cômodos compartilhados. De acordo com a chefe da Seção Repúblicas, Celiana Nunes, os próprios moradores gerenciam as atividades da casa.

“São responsáveis pela alimentação, limpeza e divisão das despesas de luz e água, além de cada um pagar o valor símbólico do aluguel. Formam uma família de irmãos, exercitando valores importantes para viver em comunidade, como paciência, tolerância e solidariedade”, afirma.

Segundo ela, os idosos também recebem atendimento individual com equipe da Seção, e participam de reuniões periódicas para trabalhar questões de convivência.

Com a chave de casa nas mãos, têm liberdade para entrar e sair, independentemente do horário. Morador da República Vitória há oito anos, Walter Santiago, 75, é um dos que não têm hora para chegar. “Meu negócio é mais na rua, à noite, pois canto em vários lugares”, conta ele, que há 55 anos é cantor.

A veia artística é notória em seu quarto: há aparelhos de videokê, gravador, teclado, DVD, os CDs que já gravou, além de quadros pintados por ele. “Gosto daqui, me dou com todo mundo. Somos como uma família, que de vez em quando tem rusgas também”. Com seu vozeirão, deu uma 'palha' cantando 'El dia que me quieras', demonstrando a alegria de viver ali.

Amizade
“Esse é meu cantinho, meu endereço, minha casa”, fala Nilza Mota, 66, mostrando o quarto que ocupa na República Vitória. Sentada na cama enfeitada com um cachorrinho de pano que diz ter há 20 anos, ela diz que o local transformou sua vida.

Antes de ir para lá, sofreu um acidente de carro. “Entrei em maio do ano passado. Aqui adquiri o meu respeito. Como fui enfermeira, sou muito prestativa. Dá emoção falar da minha vida”. Entre as mudanças positivas, ela já participou da Universidade Aberta da Terceira Idade, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), e agora cursa informática no programa Vovonauta, da Secretaria de Educação.

Nilza tem em Maria José Tavares, 70, uma amiga para todas as horas. “Tomamos café, almoçamos e jantamos juntas”, conta. Maria José considera-se em família. “Tenho muitas amizades. Gosto de acordar cedo, vou ao mercado e às vezes almoço no Bom Prato. Aqui o pessoal é bacana, a gente se divide, cada dia uma pessoa limpa a casa”, disse ela, que visita amigos em outras repúblicas e vai até Peruíbe e Mongaguá, pois tem outras amigas por lá.

Como em qualquer residência, cada um tem seus hábitos. Se Walter gosta de cantar, Maria José prefere costurar. “Faço bainha de calça e prego zíper para quem me pede”.

Lista de espera
Para morar em uma das repúblicas mantidas pela prefeitura é necessário ter mais de 60 anos, renda mínima de um salário e máxima de dois, ter autonomia física e psíquica, não possuir imóvel próprio nem residir com parentes.

No momento, não há vagas. Os interessados ficarão em lista de espera e devem apresentar RG, CPF e comprovante de renda na Rua Barão de Paranapiacaba, 14, Encruzilhada. Outras informações: 3225-3986.