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Redução de Danos resgata dignidade de dependentes químicos. Assista ao vídeo

Publicado: 25 de novembro de 2018
21h 18

Atualmente, cerca de 1,5 mil adultos são acompanhados pelo Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD), da Secretaria de Saúde (SMS). Em comum, o histórico do uso abusivo de substâncias que os levaram para a margem da sociedade, sem emprego, por vezes com quebra de vínculos com familiares e amigos. A recuperação da dignidade dessas pessoas ocorre por meio da política da redução de danos, cujo Dia Municipal é celebrado neste sábado (24).

Trata-se de uma metodologia que tem o olhar voltado ao indivíduo de forma integral e não apenas como um dependente químico. A abstinência, nesse caso, não está no ponto de partida, mas na linha de chegada após um caminho que envolve o resgate como ser humano: a retomada das relações em sociedade, o retorno aos estudos, a busca por um emprego e, no caso de pessoas em situação de rua, o abrigo. Toda a rede de serviços do Município é articulada para ajudar.

A diminuição ou até o abandono do uso das substâncias químicas é consequência do resgate da produção de vida dessas pessoas. Um exemplo de sucesso é Talita Duarte, de 30 anos (confira no vídeo). “Oferecemos um cuidado humanizado, amplo, que garante os direitos delas como cidadãs. É uma visão para o sujeito e não para as drogas”, explica Nathália Barros de Andrade, chefe do CAPS AD.

A pessoa que procura a unidade passa inicialmente por acolhimento, a partir do qual será construído um projeto terapêutico especialmente para ela, denominado de Projeto Terapêutico Singular, realizado com base na realidade de vida do usuário do serviço, sua história e suas relações, que incluem as vontades e necessidades desse paciente, dentro de seus limites e possibilidades. Além disso, o conhecimento técnico da equipe que o atende, sempre com um profissional de referência para cada caso, é o suporte que o cidadão que procura o serviço recebe.

Oficinas, grupos, consultas com psiquiatras e outros profissionais da equipe de saúde (terapeuta ocupacional, psicólogos, acompanhantes terapêuticos, farmacêuticos, enfermeiros) fazem parte da rotina de quem está em tratamento. Oficinas de música, leitura, atividade física, autocuidado estão entre as atividades oferecidas. Uma vez por mês, são realizadas assembleias com os pacientes.

“A pessoa que usa drogas muitas vezes passa a ser excluída do ambiente familiar, da escola e de todas as instituições. A gente joga as pessoas a fecharem relações apenas com as drogas, e, na verdade, deveríamos fazer o contrário, diminuir o espaço da droga ofertando outros espaços, com mais acolhimento, de forma a se manterem na escola e no trabalho”, destaca o acompanhante terapêutico Rafael Ferreira de Souza.

 

Atendimentos

Em 2018, 316 novos cadastros foram abertos no CAPS AD. Desde a reforma psiquiátrica no Brasil, que baniu os manicômios, cerca de 12 mil pessoas já passaram pelo serviço de redução de danos em Santos. Em casos extrema necessidade, em que o uso abusivo de substâncias químicas gera um risco alto à vida do paciente e de outras pessoas, após rigorosa avaliação da equipe técnica do CAPS, é feita internação no Polo de Atenção Intensiva do Hospital Guilherme Álvaro, que pertence ao governo do Estado.

 

Prefeitura tem serviço voltado a crianças e adolescentes

Para os menores de 18 anos em situação de uso de álcool e outras drogas, a Prefeitura de Santos oferece os serviços do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas Infanto Juvenil (CAPS AD IJ), unidade de saúde que é voltada para qualquer criança e adolescente com transtorno psiquiátrico, sofrimento mental e/ou que faz uso de álcool e outras drogas.

“Geralmente, quando há uso de substâncias químicas, esses adolescentes já chegam com ruptura com a escola, trazidos por pessoas com as quais mantêm um maior vínculo. Álcool e cocaína são as drogas mais prevalecentes. Também recebemos adolescentes encaminhados por via judicial”, informa Naira Rodriguez, chefe do CAPS AD IJ.
Não são realizados atendimentos sem que a família ou alguém que tenha um vínculo estreito com a criança ou adolescente possa auxiliar no trabalho de redução de danos.
É adotada a melhor estratégia para aproximar essas pessoas: podem ser realizadas visitas domiciliares, grupos de família e atendimento individual.
O acolhimento inicial tem como foco identificar as principais necessidades dos jovens. Além dos grupos terapêuticos, consultas psiquiátricas e com outros profissionais de saúde, há oficinas de cinema, música, canoagem e futebol. Em dezembro, haverá oficinas culinárias.

Para pacientes em situação extrema, é oferecida internação dentro do próprio CAPS AD IJ, que possui três leitos.

 

Santos é pioneira em redução de danos

A redução de danos foi adotada pela primeira vez no Brasil em Santos, no ano de 1989. Na época, foram distribuídas seringas aos usuários de drogas injetáveis para que deixassem de ser compartilhadas, assim, evitar novas infecções pelo vírus HIV. Santos, na década de 1980, realizou o primeiro seminário de AIDS do mundo.

Essa prática de sucesso é originária da Europa – Inglaterra do pós- Guerra, na década de 1950, em relação ao uso de opióides por soldados britânicos e retomada pela Holanda em 1980 para redução de contaminação por uso compartilhado de seringas que disseminava a hepatite.

Tornou-se política pública nacional no Brasil, adaptando-se às necessidades apresentadas, de forma a aliar saúde, cultura, educação, assistência social, trabalho e renda. O conceito de dano ganhou caráter mais amplo além dos causados pela droga no organismo, pois percebeu-se que, com o uso abusivo de substâncias nocivas à saúde, outros danos ocorrem na vida das pessoas, como perda de emprego, quebra de vínculos familiares e sociais, por exemplo.

 

Onde procurar ajuda

Os CAPS são unidades de saúde que estão de portas abertas para receber novos pacientes. Não é necessário nenhum encaminhamento.

O CAPS AD, que atende adultos (a partir de 18 anos), funciona na Rua Silva Jardim, 354 (Macuco), de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. Telefone: 3237-2681.

Já o CAPS AD IJ fica na Rua Campos Melo, 298 (Encruzilhada). Funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18 h. Telefone: 3221-8367.

 

Foto: Raimundo Rosa