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Projeto valoriza saberes e sabores da Ilha Diana

Publicado:
2 de março de 2019
11h 00

ANDRESSA LUZIRÃO

 

Ao chegar na Ilha Diana, bairro com pouco mais de 200 habitantes da Área Continental de Santos, o visitante é recebido não só pela paisagem bucólica que o leva a um estado de contemplação, sossego e conexão com a natureza, mas também por uma mesa farta de café da manhã. Preparada pelas mãos da comunidade, é composta por chá de capim cidrão, pão caseiro, bolo de cenoura, torta de frango e suco natural de abacaxi com hortelã.

Bem alimentado, segue para uma verdadeira viagem à cultura caiçara em visita guiada por quem tem a propriedade no que diz: os próprios moradores. Trata-se do projeto Vida Caiçara – educação ambiental e turismo de base comunitária, desenvolvido pela comunidade local com renda totalmente revertida aos participantes.

Eles apresentam a Capela do Bom Jesus, o campo do Esporte Clube Diana, a casa da moradora mais antiga - dona Dina, falecida em 2011 - e falam de suas tradições e costumes, sua história e modo de vida. “A Ilha Diana começou com quatro famílias. No começo, não tinha luz nem água. As casas eram de madeira, construídas com materiais aproveitados dos restos dos navios”, conta aos visitantes a moradora Patrícia dos Santos, que é uma das diretoras do projeto.

Visitantes também passeiam de barco pelo canal do estuário e têm a oportunidade de conhecer o Rio Diana, onde os moradores pescam seu próprio alimento. “Aqui tem tainha, robalo, camarão. Não comemos peixe congelado, pois o gosto é diferente. Podemos pescar do lado da nossa casa”, disse a guia Angela de Souza Lima, explicando aos visitantes que atualmente são cerca de cinco famílias que vivem só da pesca. “Hoje, temos a visão de proteger o mangue”, completa.

A programação inclui o saboreio de delicioso prato típico da culinária caiçara, em que não falta peixe fresco em receitas para todos os gostos: filé frito, ensopado, pirão, além de farofa e molho de camarão, polenta com marisco e ainda arroz, feijão e salada. Sucos naturais de limão e de maracujá completam a refeição. Fechando o passeio, moradores mostram aos visitantes instrumentos de pesca utilizados por eles na captura de peixes, siris e mariscos.

 

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

O ‘Vida Caiçara’ nasceu de um programa de educação ambiental desenvolvido pela DP World, ligado ao licenciamento ambiental da empresa portuária junto ao Ibama. Construído de forma participativa com os moradores locais desde outubro de 2012, tem apoio da Prefeitura e conta com a participação de 40 pessoas, entre adultos e jovens moradores desta região da Cidade. Os passeios guiados por eles funcionam à base de rodízio. “Um ajuda o outro”, explica Patrícia.

Além de contribuir para compor a renda familiar dos moradores, o projeto também representa um modo de cultivar e valorizar as raízes e saberes locais, e mostrar a importância dos manguezais na região. “Nenhum progresso pode passar por cima das pessoas. Por isso, a DP World aporta capacitações do pessoal e dá apoio estrutural. Mas temos o cuidado de assegurar a autonomia dos moradores. Hoje, podemos afirmar que é um projeto da comunidade, ele anda com as próprias pernas. Os moradores ganham e investem no projeto uma parte do que ganham”, ressalta a coordenadora do trabalho, a bióloga Ana Maria Marins, que presta consultoria em educação ambiental para a DP World.

 

COMO FAZER O PASSEIO

Interessados no passeio pela Ilha Diana devem agendar pelo telefone (13) 99741-8690, com Patrícia. É preciso formar grupos de 15 pessoas, no mínimo, e 45, no máximo. Preços dos pacotes a combinar. O passeio completo, incluindo café da manhã e almoço, inicia às 8h30, na barca atrás da Alfândega, com retorno às 14h.

 

Fotos: Rogério Bomfim  e Fabrizio Neitzke

 

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