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Projeto Piloto da Ponta da Praia gera expectativa nos moradores

Publicado: 15 de março de 2018 - 17h48

Nos 35 anos que Lucia Maria Queiroz Guietti vive na Ponta da Praia, a paisagem mudou muito. O local que o filho costumava brincar não existe mais e a praia desapareceu. Nos últimos anos, o processo de transformação acelerou e a sensação é de que o canal 6 parece ter ficado mais próximo. “Agora eu digo que não moro em frente à praia. Eu moro em frente ao mar”.

Lucia é proprietária de um dos 228 apartamentos do Edifício Enseada e também síndica do prédio. Com a erosão naquele trecho da orla, as ressacas obrigaram os moradores a adotar uma medida de segurança: um sistema de sirene para alertar sobre o avanço do mar. A preocupação é tanta, que às vezes mesmo antes do alarme ser acionado começa a correria para tirar os carros da garagem. A observação do movimento da maré é constante.

Agora, além de vigiarem o mar, eles acompanham a construção da barreira submersa do projeto piloto da Ponta da Praia e aguardam com esperança que a estrutura diminua a potência das ondas que ameaçam os prédios. “A obra era algo que nós clamávamos. Não dá para viver desse jeito. Os moradores ficam em estado de alerta”, explica Lucia.

Na opinião da síndica do Enseada, os resultados do projeto piloto podem ajudar, inclusive, a valorizar os imóveis. Lucia explica que com o mar invadindo o prédio em dias de ressacas mais fortes, os apartamentos perderam valor e alguns moradores resolveram mudar de endereço. Só com evento registrado em agosto de 2016, o edifício somou R$ 150 mil de prejuízos e 15 apartamentos que estavam alugados foram desocupados. “Agora eu estou bem esperançosa com essa obra”.

Outra moradora do Enseada e que também tem expectativa com o projeto piloto é Patrícia Castaldino Amado. “Estou torcendo para que dê certo. Quem sabe assim eu consigo voltar a ter carro”. Em 2005, quando foi registrada na cidade uma ressaca de grande proporção, ela perdeu o carro que estava na garagem. Em 2016, novamente. “Funcionando, vai melhorar o valor dos apartamentos”.

Obra

Nesta quinta-feira (15), foi instalado e enchido o último bag da primeira fase do projeto piloto, que consiste na construção de uma barreira em formato de “L” com sacos preenchidos com areia. Esta parte da estrutura tem 275 metros e é formada por 13 sacos. O primeiro deles, colocado junto à mureta da orla na altura da Rua Afonso Celso de Paula Lima, foi coberto com pedras. Os outros ficarão submersos.

Antes de iniciar a segunda fase da barreira, com 240 metros, será realizada avaliação do solo e da profundidade do local. Após o trabalho concluído, a estrutura servirá para diminuir a energias das ondas e para minimizar o processo erosivo, ajudando a armazenar areia no local.

O projeto piloto é embasado em nota técnica desenvolvida pelos professores Tiago Zenker Gireli e Patrícia Dalsoglio Garcia, da Unicamp. A obra, que custará R$ 2,9 milhões, recurso liberado pelo Ministério Público Estadual para a Prefeitura, também servirá para ampliar a base de dados e propor solução definitiva para conter o acentuado processo erosivo daquele trecho da orla. Para Luiz Antonio da Silva, presidente da Sociedade de Melhoramentos da Ponta da Praia, bairro com mais 31 mil moradores, apesar de o projeto piloto ser ainda um estudo, já é positivo para a Cidade. “Tinha que ser feito alguma coisa. As pedras não estavam adiantando. Sem quebrar a onda, a água vem com muita força e derruba tudo”.

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