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Projeto do CMDCA ensina artesanato e culinária e traz novo significado à vida de santistas; veja como contribuir

Publicado: 9 de maio de 2024 - 15h53

Caterina Montone

“Por que ignorar uma pessoa quando você pode dar uma nova oportunidade a ela?”. A assistente social e coordenadora do projeto Saber Sabor Solidário, Luci Tavares, de 58 anos, promove uma reflexão sobre a iniciativa santista que traz luz à vida de pessoas em estado de vulnerabilidade social. E, para continuar com a missão, o projeto depende do financiamento oriundo de campanhas de destinação e que contam com a contribuição dos munícipes.

Com o objetivo de compartilhar os saberes e fomentar a geração de renda das pessoas que participam, o Saber Sabor Solidário promove atividades diversificadas, que vão desde culinária com aulas de doces, salgados e sucos até artesanato, que se subdivide em aulas de fuxico, crochê, costura, customização, produção de sabonetes e velas artesanais. O meio ambiente também é pauta séria no projeto - os participantes aprendem sobre descarte correto de resíduos e reciclagem, além de plantarem e cuidarem de hortas comunitárias. 

O projeto, que visa a inclusão produtiva garantindo o acesso à renda e ao trabalho, é uma das iniciativas financiadas pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) de Santos e atende, atualmente, 60 pessoas em núcleos na Vila dos Criadores (Alemoa), nos bairros São Manoel e Areia Branca e em unidades escolares e de saúde em diversos pontos da Cidade. Em 2023, o projeto alcançou 1.136 mil beneficiados, que conseguiram obter uma renda extra, ganhar novos conhecimentos e, principalmente, criar laços. Até hoje, em dois anos de projeto, já foram realizadas 79 oficinas e 32 parcerias e articulações públicas e privadas. 

O convite para conhecer o Saber Sabor Solidário vem de articuladoras do projeto, que apresentam os propósitos e conteúdos em associações de moradores e equipamentos públicos. Assim como também consiste no atendimento de famílias referenciadas nos Centros de Referência da Assistência Social (Cras) e nos Centros de Referência Especializados da Assistência Social (Creas) de Santos.

NOVAS OPORTUNIDADES

No São Manoel, os encontros ocorrem quinzenalmente, sempre de tarde, e contam com quinze participantes, que comprovam que o Saber Sabor Solidário foi um agente transformador de vidas. 

Quem observa de perto o desenvolvimento dos alunos é a coordenadora do projeto Luci Tavares, que está em sua segunda gestão. “As integrantes, em sua grande maioria, estão deixando um passado difícil para trás, muitas vezes de dor e sofrimento. Aqui, elas estão descobrindo seus próprios potenciais e talentos durante as aulas. O interessante é que cada uma tem algo que mais gosta de fazer; algumas dão show em costura e outras na produção de docinhos e salgados. Mas a verdade é que sou suspeita, elas me orgulham em todas as produções”. 

Luci também reflete sobre as novas portas que as participantes deixaram abrir em sua vida, apesar da lembrança de parentes e amigos que viraram as costas para elas. “Com o que aprendem sobre gastronomia ou artes, as nossas alunas enxergam que são capazes de muito, e hoje, conseguem ganhar novos clientes e receber encomendas. Elas se sentem acolhidas porque, em meio a tantas decepções, surgiram pessoas que olharam para os seus trabalhos com carinho e admiração. Por que ignorar uma pessoa quando você pode dar uma nova oportunidade a ela?”. 

RECOMEÇOS

“Olha as minhas árvores de Natal, tapete e aquelas mandalas de crochê. Fui eu quem fez todas”. Juliana Fernandes, 24, exibe todas as suas produções com um brilho aparente nos olhos. E todo esse orgulho não é por menos: a artesã sai da sua residência no conjunto habitacional Tancredo Neves, e vai a pé até o São Manoel ao encontro das suas colegas, em busca de mais um aprendizado. 

Juliana conheceu o projeto no ano passado pela amiga Amanda, também participante, durante um período de depressão, quando se viu sozinha, sem oportunidades e rejeitada por pessoas próximas. “Eu era uma pessoa triste, só queria dormir. Não saía, não tinha muitas amizades, a não ser com a Amanda. Fui ao primeiro encontro e faltei no seguinte. De repente, apareceram várias mensagens das minhas colegas do projeto me perguntando onde eu estava, que sentiam a minha falta e precisavam de mim. Isso me renovou por completo”, contou Juliana enquanto enxugava as lágrimas. 

A artesã aproveitou para reproduzir o que mais escuta após o período que, com a gratidão e vontade de aprender que demonstra, deixou para trás. “As pessoas me param para falar: ‘Parabéns. Você venceu’. Hoje eu recebo várias encomendas, principalmente no Natal. Estou tão feliz!”. 

FINANCIAMENTO DO CMDCA

Para manter o propósito de ser um agente transformador na vida de pessoas em situação de vulnerabilidade, o projeto Saber Sabor Solidário, executado pela União de Amparo á Comunidade de Escolas Públicas (UACEP), conta com o financiamento do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) de Santos, que atua como órgão deliberativo e controlador das ações destinadas a crianças e adolescentes. Isso porque a iniciativa consegue acolher a família como um todo e, dessa forma, promover uma melhor qualidade de vida para a criança, como explica o coordenador da comissão financeira do CMDCA, Cláudio de Oliveira. 

“O Saber Sabor Solidário é voltado para toda a família porque temos esse pensamento de que a reestruturação começa da base. Quando acolhemos a mãe, o pai ou qualquer representante legal que esteja desempregado ou precisando de uma capacitação, esse cuidado também chega à criança, que precisa de um lar constituído", diz

CAMPANHA ATÉ 31 DE MAIO

Com isso, o CMDCA e o Conselho Municipal do Idoso (CMI) promovem uma campanha de destinação às iniciativas contempladas pelos órgãos, que vai até o dia 31 de maio, onde os contribuintes podem destinar 3% do valor do Imposto de Renda (IR), a ser pago ou restituído, ao Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e 3% ao Fundo dos Direitos da Pessoa Idosa. Vale ressaltar que a porcentagem não será acrescida, ela será somada à restituição ou abatida.

"Ao fazer uma doação, o munícipe estará ajudando a proporcionar educação e saúde de qualidade e, principalmente, a proteção da família. Ver que estamos conseguindo levar distração e um estímulo a quem necessita, por meio dessa iniciativa, é a melhor garantia que temos”, acrescenta Cláudio.

Para participar da campanha e fazer a diferença na vida de pessoas como Juliana, é necessário seguir alguns passos simples. Confira o tutorial oficial da ação.

Esta iniciativa contempla os itens 8 e 10 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU: Trabalho Decente e Crescimento Econômico e Redução das Desigualdades.
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