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Profissionais da seac lidam diariamente com situações difíceis no atendimento à população de rua

Publicado: 6 de novembro de 2000
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O trabalho com as pessoas que estão nas ruas é muito difícil e exige dos profissionais da Secretaria de Ação Comunitária e Cidadania (Seac) muita dedicação, paciência e, mais do que isso, um acreditar permanente de que é possível modificar a vida de quem há anos acumula sofrimentos. Em maio deste ano a Seac reformulou o atendimento à população de rua adulta e desmembrou o trabalho até então feito exclusivamente na Casa Aberta em duas frentes: plantão social e abrigo. A reformulação da Casa Aberta foi motivada por duas razões. Primeiro porque o imóvel onde funcionava a Casa Aberta, na Rua Visconde do Rio Branco, 30, precisava passar por ampla reforma. Segundo, porque repensou-se no trabalho e foi verificado que não estava sendo produtivo manter todos os serviços oferecidos a esta população misturados, já que entre eles havia desde pessoas crônicas na rua, que sofrem devido a vários problemas, principalmente o alcoolismo, e outras que já apresentavam alguns avanços em relação à perspectiva de mudança em suas próprias vidas. Em função disso, o plantão social da Casa Aberta foi transferido para a Praça dos Andradas, ao lado da Rodoviária. Neste local são feitos o cadastramento, a higienização e o encaminhamento do usuário, de acordo com suas necessidades. Há, inclusive, acomodações para os que precisam de pernoite, que conta atualmente com 30 vagas. Para os usuários que já se encontram em condições de ser albergados, a Prefeitura destinou um novo espaço, na Rua General Câmara, 249, onde funciona um abrigo com 30 vagas (18 para homens e 12 para mulheres). O local foi totalmente reformado para o início do atendimento, em uma parceria com o proprietário do imóvel, que colabora bastante com a Seac no sentido de garantir a manutenção da casa, que possui quatro quartos, banheiros individualizados, sala, copa, cozinha, área para oficinas e quintal. No mesmo imóvel são realizadas assembléias entre os usuários e oficinas que visam à promoção e ao resgate da cidadania, como por exemplo, as oficinas da palavra (incentivo à alfabetização e continuidade dos estudos); da auto-estima (que proporciona corte de cabelos, barba e outros); de ikebana e vagonite (conduzida por uma idosa que faz parte do ´Projeto Vovô Sabe Tudo´); de desenho, pintura em tecido, pintura em tela, tapeçaria, cestaria em jornal, caixa de presentes (conduzida por uma funcionária da própria casa) e crochê (dada por uma usuária). Além disso, eles também têm atividades interativas, como jogos e vídeo. A compreensão do trabalho com a população de rua precisa ser a mesma para todas as equipes que atuam com a demanda, desde os Educadores de Rua, que mantém o primeiro contato, ainda nas ruas, até a equipe que faz a primeira acolhida, na Casa Aberta – Plantão Social. FORÇA DA EQUIPE Para garantir o atendimento dos moradores por 24 horas na Casa Aberta – Abrigo e Oficinas, a Seac disponibiliza uma equipe formada por dois assistentes sociais, seis operadores, uma auxiliar de enfermagem, quatro merendeiras, uma instrutora e uma guarda municipal. Para a operadora social Márcia Silveira Farah Reis, o maior desafio do trabalho é lidar, cotidianamente, com problemáticas tão diferentes. Recebemos aqui idosos, dependentes químicos, pessoas com problemas psiquiátricos, aqueles que estão se restabelecendo de problemas físicos, adolescentes que vivem nas ruas, famílias. Temos pessoas que estão aqui há dois dias e outras que estão há três anos. Enfim, uma gama muito grande de peculiaridades que torna o trabalho muito difícil. Mas, apesar de tantas dificuldades, a equipe não desiste e está sempre em busca de novas alternativas, principalmente de novos parceiros que colaborem com o atendimento. Além dos Rotary Club de Santos – Praia e Rotary Club de Santos – Ponta da Praia, que têm nos ajudado muito, outras pessoas também têm acreditado no trabalho com a população de rua. Só como exemplo, temos três floriculturas da Cidade que fornecem flores semanalmente para que possamos fazer a oficina de ikebana, a Ivan Flores, a Parisiense e a Brasília. Além disso, o Instituto Dermares acaba de garantir uma vaga para que uma de nossas usuárias possa fazer o curso profissionalizante de cabeleireira e manicure, o que sem dúvida ajudará sua inserção no mercado de trabalho e, mais do que isso, sua inserção social, diz Márcia. São iniciativas como estas que precisam ser reproduzidas e ampliadas.