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Prefeitura pede a ministro devolução de imóvel para a colônia japonesa

Publicado: 19 de junho de 2006
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A luta pela reintegração do imóvel onde funcionava a Sociedade Japonesa de Santos, na Rua Paraná, 129 - Vila Mathias, teve mais um capítulo favorável. Nesta segunda-feira (19), o prefeito João Paulo Tavares Papa entregou ofício ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, reivindicando a agilização do processo de devolução do imóvel confiscado em 1942, durante o Governo Vargas. Na ocasião, o local abrigava também a Escola Japonesa de Santos. O documento foi entregue durante a estada do ministro em Santos, onde inaugurou a nova unidade da Polícia Federal no Centro. Nele, cita-se o trâmite do processo, referindo-se ao projeto de lei de autoria do então deputado Koyu Iha, que autoriza a devolução do imóvel, aprovado pela Câmara Federal. O projeto, porém, sofreu emenda no Senado para evitar indenização e retornou à Câmara onde se encontra na Comissão de Justiça. No ofício, Papa considera justo o pedido de devolução do imóvel onde futuramente deverá ser implementado o Centro Cultural Japonês de Santos. E menciona outro documento enviado pela Associação Japonesa de Santos e demais entidades da colônia nipônica da Baixada Santista à secretária do Patrimônio da União (SPU), Alexandra Reschke, em Brasília. Este ressalta que em 2008 acontecerão as comemorações do centenário da Imigração Japonesa e a devolução do imóvel marcaria um momento histórico para a comunidade nipo-brasileira da região. FESTIVIDADES A Prefeitura instituiu recentemente comissão para organizar as festividades alusivas ao centenário, por meio do decreto 4.594. O grupo de trabalho criado conta com representantes de secretarias municipais e de entidades da colônia nipônica, além da Comissão Especial de Vereadores (CEV) criada para esse fim. A artista plástica Tomie Otake, uma das mais conceituadas do país, já se prontificou a doar escultura para marcar as comemorações. CONFISCO DO IMÓVEL O imóvel foi confiscado durante a 2ª Guerra Mundial (1939-1945), quando o Japão integrava as chamadas forças do Eixo ao lado da Alemanha e Itália, inimigas dos países aliados, entre os quais o Brasil. Diante disso, Getúlio Vargas assinou o decreto-lei 4.166/42, proibindo qualquer manifestação cultural dos japoneses e o imóvel foi incorporado ao patrimônio da União. Assim, a edificação que até então era a sede da Escola Japonesa de Santos teve seu nome alterado para Sociedade Instrutiva Vila Mathias. O estrago foi maior com a declaração de guerra ao Japão, em 8 de julho de 1943, que desarticulou o sistema organizacional da sociedade japonesa, bem como dissolveu as sociedades civis de imigrantes de nações do Eixo. Tempos depois, o imóvel foi cedido ao Ministério da Guerra, que o entregou ao Exército. Durante muito tempo, o prédio foi utilizado para alistamento militar. Já em 1952, a então Sociedade Japonesa, hoje denominada Associação Japonesa, pleiteou sua representação junto à colônia e ao Consulado Japonês. Em 1990, em tempos mais flexíveis, formalizou sua constituição jurídica até que, em 1994, o deputado Koyu Iha apresentou o projeto de lei pedindo a reintegração do patrimônio à comunidade nipônica. COLÔNIA O Brasil possui a maior colônia japonesa do mundo. E Santos tem importância fundamental como porta de entrada dos imigrantes que incorporaram sua cultura e contribuíram para o desenvolvimento nacional. Os primeiros imigrantes desembarcaram em Santos no dia 18 de junho de 1908 vindos no navio Kasato Maru. Eram 781 pessoas agrupadas em 165 famílias. Depois de 52 dias de viagem, alguns foram trabalhar nas plantações de café no interior do Estado. Apesar do clima, idioma, religião e costumes diferentes, os japoneses se adaptaram bem ao seu novo país e aqui formaram novas gerações. Entre 1908 e 1968, estima-se que quase 250 mil japoneses vieram para o Brasil. Além da agricultura, atuaram em outros setores, como comércio, pesca, artes e prestação de serviços. Em Santos, os imigrantes se concentraram na Vila Belmiro, Marapé, Campo Grande, Ponta da Praia e nos morros da Nova Cintra e Santa Maria. Calcula-se que hoje existem cerca de 400 famílias na Cidade. Vários clubes e entidades foram criados. Há ainda um monumento na orla da praia em homenagem aos imigrantes japoneses.