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Poda de árvores em Santos segue rigoroso critério para garantir boa convivência entre a natureza e o meio urbano

Publicado: 5 de dezembro de 2022 - 11h09

Kauany Silva

Santos tem entre 35 e 40 mil árvores em espaços públicos, que demandam cuidados e avaliações diárias para que a natureza e os cidadãos possam conviver em harmonia. Por mês, são realizadas entre 1,5 mil e 2 mil intervenções arbóreas embasadas nos pareceres técnicos de engenheiros agrônomos, que levam em conta critérios técnicos, legais e ambientais.

A maior parte das espécies de grande porte, que exigem os maiores cuidados, foi plantada nos logradouros públicos entre as décadas de 70 e 80, quando o ambiente urbano ainda não contava com tantas interferências quanto agora, como fiações de energia, postes de luz, redes de telecomunicações, entre outros elementos. Hoje, a coexistência da natureza e a infraestrutura nas ruas da Cidade demandam manejo especial em relação às árvores, para que o dia a dia dos munícipes não seja prejudicado.

O ingazeiro (Inga laurina (Sw.) Willd.) é uma das espécies de grande porte mais presentes no Município. Sua poda pode parecer excessiva à primeira vista, mas o engenheiro agrônomo Ernesto Tabuchi, responsável pela equipe técnica da Coordenadoria de Paisagismo (Copaisa) da Secretaria de Serviços Públicos (Seserp), explica que a adoção da medida visa, em primeiro lugar, a segurança da população.

“Nós podamos essas árvores normalmente durante um período, retirando partes que pudessem interferir nas redes de telecomunicações, de esgoto, iluminação pública, entre outras. Porém, elas continuaram crescendo em altura, apresentando um risco maior de queda. Dentro dos critérios técnicos, é necessário realizar uma poda mais agressiva neste caso, para diminuir a copa desses exemplares e, consequentemente, seu risco de queda”, afirma Tabuchi.

O profissional reconhece que o resultado pode não ser visualmente agradável, mas que esta espécie suporta o manejo mais agressivo, visto que este só é realizado a cada 5 ou 7 anos. “Nosso critério é intervir de forma com que não seja necessário suprimir as árvores e nem precisar vê-las caídas posteriormente, como aconteceu na Avenida General San Martin e Rua André Vidal de Negreiros, ambas na Ponta da Praia, durantes os fortes ventos de agosto”, complementou o engenheiro. Somente neste ano, foram registradas 143 ocorrências relacionadas à queda de árvores, galhos ou risco de queda em Santos.

Atualmente, são dez equipes atuando no manejo de árvores na Cidade: nove pertencentes à empreiteira que atua sob supervisão da Seserp (cinco equipes de poda, duas de trituração de galhos, uma de remoção e uma de recolhimento de tocos) e uma composta por profissionais da própria secretaria, que atuam em casos especiais e específicos, como no atendimento das demandas dos munícipes, com o objetivo de respondê-las o mais rapidamente possível.

A Cidade conta com cronograma específico de poda, que passa de bairro a bairro, durante o ano todo, de segunda a sexta. Todos os serviços são realizados somente após a análise e na presença dos engenheiros agrônomos da Prefeitura, que atualmente conta com quatro profissionais desempenhando este papel.

SOMBREAMENTO

A poda das árvores, muitas vezes, afeta o sombreamento das ruas, fato que gera reclamações por parte dos munícipes durante os meses mais quentes do ano. Contudo, as sombras são proporcionadas por árvores de médio e grande porte, que invariavelmente provocam interferência no meio urbano, não sendo possível manter suas copas em toda a sua plenitude, conforme explica Ernesto Tabuchi.

“Para reduzir o risco de queda, é preciso podá-las e isso pode afetar, sim, o sombreamento das ruas. Porém, nosso critério é segurança em primeiro lugar, e temos um cronograma a seguir, que dura todos os meses do ano. Não é possível paralisar nos períodos quentes, porque senão depois não há efetivo suficiente para desempenhar todo esse trabalho represado ao longo dos outros meses”, explica o engenheiro agrônomo.

PÁSSAROS E NINHOS

No manejo arbóreo, os ninhos são preservados o máximo possível, porém, quando as árvores apresentam risco de queda, Tabuchi explica que é preciso priorizar a segurança dos munícipes em detrimento de alguns ninhos que estejam presentes nos galhos. “Não podemos manter um galho com risco de queda em cima de pessoas, carros ou da fiação elétrica por haver um ninho neste ponto da árvore. Nós os preservamos desde que estes não entrem em conflito com questões de maior relevância”, afirma Tabuchi.


Engenheiro agrônomo Ernesto Tabuchi

O profissional ainda complementa dizendo que, após análises, foi constatado que a maioria dos pássaros que habitam o meio urbano santista são aves sinantrópicas, como rolinhas do campo (Columbia spp) e bem-te-vis (Pitangus spp), que não possuem risco de extinção. “Muito pelo contrário, elas se beneficiam da convivência com o ambiente urbano, além de migrarem, naturalmente, para outras árvores, caso haja interferência na qual habitam”, diz o engenheiro.

OUVIDORIA

Para solicitar poda, remoção, denúncia ou outro tipo de intervenção na arborização da Cidade, é possível contatar a Ouvidoria pelo telefone 162 ou registrar o pedido pela Ouvidoria Digital. O prazo para atendimento é de até 20 dias.

Antes de solicitar o serviço, é recomendado que os munícipes consultem a situação da árvore por meio do SigSantos. No site, é possível saber se a árvore está com poda, vistoria ou outro serviço programado.

MULTA

Seja em área pública ou particular, é proibido o corte ou a poda de árvores sem autorização prévia da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semam). A determinação faz parte da Lei Municipal nº 973, em vigor desde agosto de 2017. Interessados em poda ou corte de árvores em área particular devem entrar com requerimento via Poupatempo. O descumprimento da lei acarreta multa de até R$ 50 mil.