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Piratininga, em Santos, completa 54 anos neste sábado cheio de carinho dos seus moradores

Publicado: 11 de novembro de 2023 - 11h06
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Às margens da Rodovia Anchieta e próximo ao distrito industrial da Alemoa, há um pedacinho especial de Santos: o Piratininga. Em cerca de um quilômetro quadrado, o bairro é formado basicamente por casas e muitas histórias vividas por seus moradores nestes 54 anos completados neste dia 11 de novembro.

Rita de Cássia Bernardo, 64 anos, conta que o local mantém as mesmas características de quando a mãe, Leontina Antonia, chegou aqui há 53 anos, tornando-se uma das pioneiras. Inicialmente o bairro foi planejado para destinar moradias erguidas por meio de programa habitacional a policiais militares, depois foram abertas oportunidades para os demais interessados se candidatarem à compra de um imóvel, conta.

“Viemos de São Vicente em julho de 1970, quando entregaram as chaves. Esta calçada e a de trás foram as duas primeiras do bairro. No começo foi difícil para se deslocar. Tinha que pegar ônibus na Rodovia Anchieta. Não tinha asfalto. Ao redor era tudo bananal”. 

Com o tempo, o bairro foi ganhando melhorias e começaram a surgir as primeiras empresas ao redor, diz a moradora. “Mas sempre me senti como em uma cidade do interior onde todo mundo se conhece. Nossa diversão era andar pelas ruas, pela praça”. 

Rita de Cássia chegou a morar em outra região de Santos, mas o coração sempre esteve no Piratininga. Há poucos anos retornou para cuidar da mãe, que também era apaixonada pelo local. D. Leontina não pôde comemorar mais um aniversário do bairro querido, ela faleceu há duas semanas. 

Mas, antes disso, D. Leontina celebrou o aniversário de 90 anos, em julho, feliz com os amigos construídos ao longo de décadas, diz a filha. “Fizemos uma festa na sociedade de Melhoramentos. Ela escrevia poesia, foi também o lançamento do livro, deu autógrafos e estava muito feliz”.

Como a mãe, ela nem pensa em deixar o bairro. “Gosto muito de morar aqui pela tranquilidade e porque todo mundo se ajuda. Se falta açúcar, tem sempre alguém para oferecer. Meus filhos estão casados, então não penso em sair daqui de jeito nenhum”, diz Rita de Cássia.

Hoje o bairro conta com duas escolas municipais - a tradicional José da Costa e Silva Sobrinho, e a nova Luiz Gonzaga Alca de Sant'Anna - e uma policlínica. A origem do nome pode estar relacionada à uma homenagem à Vila de São Paulo de Piratininga, atual capital do Estado de São Paulo, diz o historiador da Fundação Arquivo e Memória de Santos (Fams) Dionísio Almeida.

AMIZADE É TUDO

Portão aberto, conversa com vizinhos e muita ajuda entre amigos. É assim desde que Moacir Souza Nascimento, 66 anos, passou a morar no Piratininga. Ele também veio com a família em 1970, um ano após a formação do bairro. Casou, criou os quatro filhos e é um apaixonado pelo local. Mesmo tendo que ir agora muito até a Ponta da Praia, para ajudar a cuidar do netinho, ele não se distancia muito do que considera seu lar.

“O bairro é bom demais. Você só vê casas. Todo mundo se conhece. Tenho chave da casa de meus três vizinhos e eles também têm da minha residência também. Se algo acontece, podemos socorrer ou ajudar uns aos outros. Sempre foi assim. Vimos várias gerações nascerem e crescerem aqui”.

DE PORTA EM PORTA

Marcos Jonatas Araújo Moura, 39 anos, sai do Saboó toda quarta-feira pela manhã para atender a freguesia do Piratininga. No carrinho, produtos frescos para quem faz um almoço em casa. E, de porta em porta, vende mandioca, milho, batata, entre outros. O bairro é o único lugar do Município no qual ele trabalha desta forma.

“Só aqui a gente vai de casa em casa porque o bairro é de moradia e você conhece as pessoas. É muito diferente o meu atendimento aqui. Nos demais, fico na feira ou tenho sempre um ponto onde paro e as pessoas vão até lá para comprar”.

INTERIOR DE SANTOS

Myller de Oliveira, 32 anos, também faz parte da família de pioneiros. A avó mudou-se do Macuco para o Piratininga ao ser contemplada com uma casa no local e assim começou a história da família. Ele nasceu e foi criado no bairro. Agora faz o mesmo com o filho, que tem uma infância bem diferente da vivida na ‘cidade grande’.

“Amo de paixão. Brinco muito que é o interior de Santos. É muito sossego. Sempre foi de muita, muita união. A sede da sociedade de melhoramentos foi construída com a participação dos moradores. Meu pai era pedreiro e ajudou muito”, diz Myller.

Após a separação dos pais, Myller foi morar no Macuco com a mãe. Mas, na primeira oportunidade que teve, retornou para o Piratininga. Nesta época, já estava casado. “Minha mulher estranhou um pouco. Na época ainda não tinha policlínica e havia somente uma escola", conta. 

Além do retorno, Myller realizou mais um sonho, que era montar um comércio no Piratininga. Ele tem uma banca onde vende artigos diversos e tem um restaurante que serve refeições e é um dos points dos moradores para assistir a jogos de futebol.

“Era meu sonho desde criança ter um barzinho. Cresci vendo situações parecidas e queria ter meu próprio comércio. Tem outros locais, mas não nos consideramos concorrentes. Aqui tem espaço para todo mundo”.

Para ele, há ainda mais situações impagáveis de se morar no Piratininga, principalmente para quem tem filhos. Myller tem dois: Ana Júlia, de 15 anos, e Thierri, de 7 anos. “Meu filho tem infância raiz. Ele tem muita liberdade. Quando sai da escola, brinca até tarde na rua. A criançada se reúne muito na rua, onde você ainda vê isso? A gente até fala na família que meu filho é o raiz da família. Tem o pé sujo, joelho ralado, porque aqui criança pode ser criança”.

Esta iniciativa contempla o item 11 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU: Cidades e Comunidades Sustentáveis. 
Conheça os outros itens do ODS

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