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Pesquisa da dengue em santos mostra a cara do vírus da dengue no brasil

Publicado: 26 de novembro de 2003
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A variabilidade genética do vírus da dengue no Brasil não é a mesma de outros países, e tem uma ¨cara própria¨. Essa é uma das informações já obtidas no estudo que está sendo realizado pelo Instituto de Pesquisas do Hospital Alberto Einsten em Santos, envolvendo a variabilidade genética do vírus, sua relação com a dengue hemorrágica, assim como a "resposta" imunológica de cada paciente pesquisado em relação ao vírus contraído. A pesquisa, cujos resultados preliminares foram divulgados nessa quarta-feira (26), teve sua primeira etapa neste ano, entre março e junho, com 200 coletas de sangue de pacientes do Pronto Socorro da Zona Leste, suspeitos de dengue. A próxima etapa vai obter novas informações sobre "essa ilustre desconhecida doença", conforme definiu a pesquisadora Vanda Magalhães, do Albert Einstein, que ontem participou do III Simpósio de Controle da Dengue, promovido pela SMS, no auditório da Unimonte, divulgando os dados iniciais da pesquisa. O simpósio de treinamento, que acontece pelo terceiro ano em Santos, atraiu cerca de 200 profissionais da região, entre médicos, enfermeiros e funcionários de outras áreas da Saúde. O melhor conhecimento da epidemiologia da doença, (que em Santos registrou 39.929 casos, desde 1997); as novas descobertas em relação ao vírus, com o desenvolvimento do diagnóstico molecular e a forma correta de tratamento dos pacientes, foram temas das diferentes palestras do encontro, que incluiu um treinamento coordenado pela médica Sônia Maris Zagne, da Universidade Federal Fluminense, avaliando na hora, por meio de equipamentos interativos, o conhecimento dos profissionais, a partir de um caso real de uma paciente idosa, atendida em Niterói, com dengue hemorrágica. Mesmo com a presença de muitos leigos na platéia, o resultado foi considerado positivo, já que em muitos quesitos houve bom índice de acertos. A conduta médica nos diversos estágios da doença foi o tema da maior parte das perguntas, entre as quais, a dosagem correta da hidratação, que é considerado o ponto principal para salvar vidas, conforme assinalou a médica de Niterói, Sônia Zagne, a primeira a identificar caso de dengue hemorrágica no início da década de 90. O simpósio, patrocinado pela Aventis Pharma, contou com a presença de representantes da Dir-XIX, da Sucen, do Instituto Adolfo Lutz, entre outras autoridades. NOVA ETAPA O estudo da variabilidade genética do vírus da dengue, pelo Instituto Albert Einsten terá sua segunda etapa de janeiro a maio deste ano, e vai permitir a construção de um padrão de vírus brasileiro, com coleta de sangue pelo menos mais mil pessoas, cujos sintomas forem detectados até o 5º dia, havendo nova coleta na semana seguinte. Nessa primeira etapa, dos 200 pacientes que concordaram em doar amostras, houve confirmação de 113 casos de dengue pelo exame sorológico, sendo que 94 tiveram confirmação por outro exame mais detalhado, que é o PCR (Reação da Cadeia de Polimerase), que permite o diagnóstico molecular. Para dar andamento à pesquisa o Einstein obteve doação do Bradesco de R$ 100 mil, sendo que a primeira etapa dos estudos, vai consumir R$ 150 mil, sem contar a segunda etapa, que terá o seqüenciamento do genoma completo do vírus, ensaio de quantificação, avaliação de expressão gênica, (envolve a resposta imunológica do paciente) e coleta de novas amostras. Em Santos, o estudo ainda não estabeleceu a relação do vírus com a dengue hemorrágica, já que o rápido tratamento dado pela rede pública a cada suspeito de dengue, impede a evolução da doença para seu estágio mais grave, fato que motivou comentário bem humorado da pesquisadora do Einstein. A escolha do município para esse estudo deveu-se, segundo ela não apenas ao fato de Santos ter uma história de epidemias e ser próximo a São Paulo, como também pela ótima estrutura oferecida. "A colaboração da Cidade foi nota 10", definiu a médica.