Paratleta recordista, Beth Gomes se prepara para Mundial de Dubai
Patrícia Fagueiro
A paratleta santista Beth Gomes (equipe Fast Wheels/Semes/Fupes) é incansável. Aos 54 anos, é considerada a ‘fênix da equipe’ por estar na melhor fase da carreira em uma idade em que geralmente o rendimento dos atletas tende a diminuir. Só em 2019, quebrou dois recordes mundiais: em junho, no arremesso de peso na classe F52 (cadeirantes) durante o Circuito Nacional de Atletismo Paralímpico, em São Paulo, e em agosto, bateu um recorde que já era dela no lançamento de disco durante os Jogos Parapan-Americanos, em Lima (Peru), quando sagrou-se bicampeã.
Agora, o foco está voltado para o Campeonato Mundial de Paratletismo de Dubai (Emirados Árabes Unidos), em novembro – onde pode garantir uma vaga direta para a Paralimpíada de Tóquio, no ano que vem, se atingir o primeiro lugar no arremesso de peso – modalidade que está competindo.
Os créditos de deste alto rendimento Beth compartilha com a treinadora, Rosiane Farias, com quem trabalha há sete anos, e que também foi convocada para treinar a seleção brasileira nos últimos Jogos Parapan-Americanos.
“Ela me prepara para que minhas marcas melhorem a cada competição. É um anjo na minha vida. O trabalho é árduo, mas compensador”.
Muito suor é derramado. Beth treina de segunda a sábado – uma rotina intensa que envolve a parte técnica, no campo, e o condicionamento físico, com musculação e exercícios aeróbicos em hand bike, que muito contribuem para a performance da atleta.
HISTÓRIA
Em 1993, Beth foi diagnosticada com esclerose múltipla, doença autoimune que atinge o sistema nervoso central, causando lesões cerebrais e na medula. Ela levava uma vida bastante ativa: era guarda civil municipal em Santos e jogadora de vôlei do time santista.
“O vôlei era meu combustível. Quando fui acometida pela deficiência, pensei que não poderia fazer mais nada. O esporte paralímpico trouxe a minha vida de volta, me mostrou que eu poderia querer a vida e não a morte, elevou a minha autoestima”.
Em 1996, passou a integrar a equipe de basquete sobre rodas e representou a seleção brasileira na Paralimpíada de Pequim, em 2010, e o Mundial de Basquete do mesmo ano, na Inglaterra.
O atletismo passou a integrar a sua vida em 2006 e, após os campeonatos de 2010 com a equipe de basquete, despediu-se das quadras e resolveu dedicar-se integralmente ao esporte individual. Desde então, ela disputa arremesso de peso, lançamento de disco e lançamento de dardo. Deu certo.
Desde 2018, todos os recordes mundiais da modalidade F-52 são de Beth Gomes. Vinte e três anos após ingressar no esporte paralímpico, ela se mantém com foco, energia e, atualmente, no topo do atletismo mundial. “Tenho o esporte no sangue. Me reinvento a cada dia. Tento driblar a esclerose múltipla. Digo que ela é minha amiga, mas nunca vai me vencer”.
Madrinha da equipe Fast Wheels Kids, Beth acompanha de perto o nascer de novos atletas paralímpicos em Santos. “Dizem que sou uma referência para eles. É muito gratificante”.
Disputas no atletismo
Parapan-Americanos
- 2011 – Guadalajara (México) – 5º lugar no arremesso de peso
- 2015 – Toronto (Canadá) – 1º lugar no lançamento de disco e 2º lugar no arremesso de peso
- 2019 – Lima (Peru) – 1º lugar no lançamento de disco
Campeonatos Mundiais de Atletismo Paralímpico
- 2013 – Lyon (França) – 10º lugar no lançamento de dardo
- 2015 – Doha (Catar) – 3º lugar no arremesso de peso
- 2017 – Londres (Inglaterra) – 5º lugar no arremesso de peso.