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Paratleta de Santos treina para defender títulos nas últimas provas de ano inesquecível

Publicado: 29 de novembro de 2021 - 16h19

Atual campeã das provas 10Km Tribuna FM e São Silvestre, a paratleta Vanessa Cristina (Fupes//Fast Wheels/Nauru/Unimes/Celulla Mater) treina firme com objetivo de defender o título das últimas competições de maratona em 2021. 

No próximo dia 5, Vanessa, oitava colocada no ranking mundial, categoria T54 (para cadeirantes) compete na prova dos 10Km Tribuna FM, da qual é a atual tricampeã e detentora do recorde, com o tempo de 23 minutos e 54 segundos. 

“Essa competição tem um gosto especial para mim, por ser na cidade que me acolheu e que mudou minha vida. Além disso, o percurso é rápido e me dá a oportunidade de fazer bons tempos”. 

Na sequência, no último dia do ano, Vanessa Cristina participa da tradicional prova de São Silvestre, também defendendo o tricampeonato. “Em São Paulo, participam atletas de todo o País e do exterior, por isso, é bem disputada. É muito importante minha participação para manter o meu nível de competitividade”. 

OBJETIVOS

Para o próximo ano, a atleta da Fupes tem como principal objetivo participar do Campeonato Mundial de Pista, no Japão. “O evento será entre junho e julho e vou intercalar meus treinos entre pista e estrada para manter o condicionamento. Meu primeiro torneio internacional de 2022 deve ser em Los Angeles, em março, mas a data ainda não está confirmada. Em seguida, em abril, tem a prova de Boston. Estes são meus principais desafios para o ano que vem”. 

ANO INESQUECÍVEL

Neste ano, a paratleta fez sua primeira participação nos Jogos Paralímpicos, realizado em Tóquio, no Japão. “Fiquei muito satisfeita com minha participação. Na maratona, cheguei na 12ª colocação. A prova teve um ritmo forte”.  
Ela explica que quase desistiu de participar da maratona, devido a problemas técnicos na cola usada no aro de propulsão da cadeira de rodas em dias chuvosos. “Estava chovendo bastante e a cola que usamos para dar mais aderência na hora de dar o impulso com as mãos começou a desgrudar. Antes da largada, vi que não estava em condições adequadas e até pensei em desistir, mas foquei em todos que estavam torcendo por mim e decidi correr, mesmo sabendo que teria problemas”. 

Em Tóquio, além da maratona, ela participou da prova de 5 mil metros, terminando em oitavo lugar. “Fiquei bem satisfeita, pois não é uma prova que eu estava treinando e mesmo assim, bati o recorde brasileiro e paralímpico. Todas as competidoras bateram o recorde paralímpico anterior, isso mostra como a competição foi difícil”. 

Vanessa se disse realizada com a oportunidade de participar do principal evento esportivo do mundo. “Ao participar dos Jogos Paralímpicos, eu tive uma sensação muito diferente de todas as outras. Já senti assim que entrei no estádio. Por mais que eu já tivesse treinado ali, eu me senti pequena diante daquele estádio”.  

Após os Jogos, Vanessa participou de mais cinco provas internacionais, terminando no Top 5 em quatro delas (Berlim, Nova Iorque, Chicago e Boston), e em sétimo na maratona de Londres. “Em Nova Iorque, eu fui a primeira brasileira, incluindo homens e mulheres, a completar o percurso em menos de duas horas”. 

CARREIRA

Vanessa sofreu um acidente de moto aos 24 anos e precisou amputar a perna esquerda. Cerca de oito meses após a cirurgia, quando já estava usando prótese, enquanto estava em um ponto de ônibus, indo para casa, ela foi convidada por um professor de atletismo para conhecer um projeto desenvolvido pela equipe Fast Wheels, no Ginásio Rebouças, em Santos, voltado aos esportes adaptados. “Em 2015 comecei a treinar para provas de maratonas em cadeiras de rodas e me apaixonei”. 

O primeiro título expressivo foi em 2017, quando venceu, justamente, a São Silvestre. Ainda em 2017, ela participou de sua primeira competição internacional, a meia maratona de Lisboa, em Portugal. “Foi emocionante poder viajar para outro país. Nunca imaginei que isso aconteceria. Eu cheguei em terceiro lugar e fiquei muito emocionada”, revela. No ano seguinte, Vanessa conquistou essa mesma prova. “Eu vi que estava no caminho certo. Participando de competições de alto nível e com um novo ânimo para minha vida”. 

Depois disso, vieram novos títulos internacionais, com destaque para as maratonas de São Paulo (2019), Espanha (2020) e Estados Unidos (2020). Também foi eleita, pelo Comitê Paralímpico Internacional, a melhor atleta das Américas, em março de 2020. 

Com a carreira de atleta consolidada, a ex-garçonete afirma que o esporte mudou sua vida de uma forma que nunca poderia ter imaginado. “Nunca diria que um acidente deixaria minha vida melhor, mas foi assim que conheci o esporte. Desde então, já conheci sete países, participei de inúmeras competições, ganhei reconhecimento e conquistei sonhos jamais imaginados. Além disso tudo, estou concluindo a faculdade de Educação Física, que escolhi por ter me tornado atleta”. 
 

Galeria de Imagens

Atleta ao lado da cadeira de rodas posa para foto #paratodosverem
Vanessa é a 8ª em ranking mundial. Fotos: Isabela Carrari / PMS
Atleta corre com cadeira de rodas #paratodosverem
Atleta corre com cadeira de rodas #paratodosverem