Pacientes santistas ajudarão a produzir novas vacinas contra a gripe e a covid-19

Foi dado o pontapé inicial, nesta quinta-feira (27), para que os municípios de Santos e Cubatão se tornem parceiros do Instituto Butantan para a produção de vacinas cada vez mais eficazes contra a gripe e a covid-19. O lançamento do projeto CeVIVAS na Baixada Santista foi realizado no auditório da Universidade São Judas – campus Unimonte, já que a Faculdade de Medicina de Cubatão, ligada a esta universidade, também será parceira da iniciativa.

Durante o período de 5 anos, amostras coletadas de pacientes com suspeita de síndrome gripal serão analisadas pelo Butantan. Havendo confirmação de vírus Influenza ou SARS-CoV-2, o material passará por sequenciamento genético para a identificação da variante. Conforme já ocorre atualmente, as vacinas são produzidas para proteger das variantes mais recorrentes. Agora, Santos e Cubatão se unem a outros municípios do Estado de São Paulo nesta iniciativa.

“É uma honra para Santos participar dessa pesquisa de uma instituição tão séria e crucial para a saúde pública do nosso País. A CoronaVac foi um divisor de águas na pandemia, a primeira vacina disponibilizada, que salvou milhares de vidas. Nos enche de orgulho contribuir para que a nossa população tenha acesso a uma imunidade cada vez mais ampla”, afirma Ana Paula Valeiras, chefe do Departamento de Vigilância em Saúde de Santos, que representou o prefeito Rogério Santos no evento.

O médico Antonio Jorge Martins, do Instituto Butantan, explica a necessidade de respostas para proteger a população por meio de vacinas. “Os vírus fazem de tudo para viver e, para atingir este objetivo, passam por mutações”.

A professora Sandra Coccuzzo, do Instituto Butantan, destaca que “o contínuo desenvolvimento de produtos imunobiológicos é essencial para a manutenção da saúde pública”.
A médica Thaís Cristina Garbelini Salles e a enfermeira Silvia Domingues dos Santos, representantes das vigilâncias epidemiológicas de Santos e Cubatão, respectivamente, apresentaram o panorama da covid-19 e da gripe em seus municípios.

Representando a Faculdade de Medicina de Cubatão, o médico Evaldo Stanislau destacou que Santos e Cubatão são “duas prefeituras atuantes, cientes de suas responsabilidades”.
“Precisamos fazer uma pausa reflexiva: para onde estamos indo e como podemos evitar novas doenças? Na pandemia de covid-19, a Prefeitura de Santos lançou um comitê técnico de enfrentamento à doença muito forte, apartidário, que foi muito importante para o controle da doença”, completou.

COMO FUNCIONARÁ

Em Santos, serão colhidas cinco amostras semanais em pacientes atendidos na UPA Zona Leste com sintomas gripais. A unidade já faz parte do Programa Sentinela da Influenza e agora também do CeVIVAS.

“A mudança de mentalidade é muito importante. Devemos nos tornar cada vez mais preventivos. Tivemos o histórico de uma forte transmissão da H1N1, e depois a covid-19, que teve uma repercussão maior ainda. Precisamos aprender com essas experiências”, destacou Moisés Oliveira, diretor da UPA Zona Leste, administrada de forma compartilhada entre a Prefeitura de Santos e a instituição filantrópica Pró-Saúde.

As amostras serão mantidas refrigeradas, entre 2 e 8 graus Celsius. O transporte até o Butantan será realizado pela Universidade São Judas.

Nos próximos dias, servidores da Vigilância de Santos e funcionários da UPA Zona Leste participarão de treinamento on-line para utilizar o sistema informatizado do Butantan, onde serão inseridas todas as informações acerca da parceria: do cadastro do paciente ao resultado do sequenciamento genético. Haverá diferentes níveis de acesso ao sistema, a depender da função que cada profissional desempenha.

Periodicamente, o Instituto Butantan e a Seção de Vigilância Epidemiológica de Santos farão reuniões para analisar os resultados das amostras, que podem servir também como base para a formulação de políticas públicas locais caso seja necessária alguma intervenção emergencial.

CeVIVAS

Implementado pelo Instituto Butantan em julho de 2022, o Centro para Vigilância Genômica e Avaliação Sorológica (CeVIVAS) é um projeto de pesquisa aprovado na modalidade Centro de Ciências para o Desenvolvimento, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e Fundação Butantan. 

Este projeto visa, entre outros objetivos, realizar uma constante vigilância genômica não só dos vírus Influenza e SARS-CoV-2, mas também DENV (dengue) e outros vírus circulantes no Estado de São Paulo, no Brasil e em países vizinhos.

Esta iniciativa contempla o item 3 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU: Saúde de Qualidade. Conheça os outros itens dos ODS.