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Os quilombos de santos na luta abolicionista

Publicado: 12 de novembro de 2008
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Nos arredores das grandes cidades, escravos fugitivos construíram comunidades clandestinas que sobreviveram com ajuda de negros libertos e brancos simpatizantes. Esses redutos, denominados quilombos, se tornaram focos de resistência na luta abolicionista. Santos fez jus ao seu título de 'terra da liberdade' e não ficou de fora dessa campanha contra a escravatura. A cidade teve vários abrigos para escravos fugidos: o Quilombo do Jabaquara, o de Pai Felipe, o de Santos Garrafão e outros sem denominação conhecida no Vale do Quilombo, área que atualmente pertence ao município de Cubatão. O Quilombo do Jabaquara, o mais famoso da região, foi um dos maiores do Brasil e estima-se que tenha abrigado 10 mil escravos fugidos das fazendas do interior do Estado. Fundado em 1882, por iniciativa dos abolicionistas Américo Martins e Xavier Pinheiro, tornou-se o ‘Cana㒠dos acolhidos por Quintino de Lacerda, negro alforriado que administrava a comunidade. Forte e destemido, Quintino arrebanhava os fugitivos e expulsava os capitães-do-mato que os perseguiam. De difícil acesso, atrás da Santa Casa Velha, o Quilombo do Jabaquara ocupava um extenso espaço perto do Morro do Bufo, logo após a saída do túnel Rubens Ferreira Martins. Era formado por uma série de casinhas ligadas entre si e por um grande barracão, onde também havia um armazém para fornecer alimentos a todos. No pátio comum, em frente ao terreiro aconteciam as reuniões para descanso e festas. PAI FELIPE O quilombo de Pai Felipe surgiu na encosta do Monte Serrat, onde hoje é a sede da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), no início da Av. Ana Costa, na Vila Mathias. Protegidos pela vegetação cerrada e caminhos tortuosos, seus ocupantes trabalhavam no corte de madeira para lenha e construção e na confecção de chapéus de palha. Além de protetor de escravos, Pai Felipe, negro da nação Nagô, é considerado o precursor do carnaval de rua, que teve sua primeira manifestação pública no dia 13 de maio de 1888, durante os festejos da Abolição da Escravatura, quando o povo saiu de suas casas para festejar, com desfile de carros alegóricos, batalha de flores e papéis coloridos picados. O quilombo do Garrafão recebeu esse nome em homenagem ao português José Theodoro Santos Pereira, o Santos Garrafão (apelido adquirido por ser baixo e gordo), que vivia maritalmente com a ex-escrava Brandina, dona de uma pensão na Rua Setentrional (ao lado do atual prédio da Alfândega). Santos Pereira ajudou a manter o quilombo do Jabaquara e comunicava aos abolicionistas a descida de escravos fugidos pela Serra do Mar. O quilombo do Garrafão ficava onde está hoje a Praça Antonio Teles, no Centro Histórico. O Vale do Quilombo foi ocupado por negros que se agrupavam em vários locais, independentes uns dos outros, desde a metade do século XIX. Por esse motivo, os seus sítios são de difícil localização. As ruínas do Engenho do Quilombo foram tombadas em 1974.