‘nossa praia’ busca sensibilização de usuários

O tempo estava nublado e exatamente no horário de início do trabalho, foi possível sentir ligeiros pingos, prenunciando chuva. Indiferente a essa previsão, que acabou não se confirmando durante o dia, a equipe do Programa Nossa Praia, formada por 26 jovens, apresentava-se novamente pronta para cumprir mais uma jornada. Como vem acontecendo há dois meses (completados hoje), todos os finais de semana os adolescentes promovem um verdadeiro arrastão de ponta a ponta nas praias santistas. Não para tirar nada de ninguém, mas para abastecer os banhistas de informações que os sensibilizem a serem co-responsáveis pela limpeza daquele ambiente (areia e água). Iniciativa da Prefeitura, o programa é executado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semam), com patrocínio de empresas e apoio de entidades e organizações não-governamentais. Todo sábado, domingo e feriado, 25 adolescentes (há ainda um coordenador do grupo), se dividem em cinco equipes, cada uma assumindo a ação sobre um trecho de praia. Além do uniforme (camiseta e boné), têm uma barraca – cinco, no total, localizadas na Ponta da Praia, Embaré, Boqueirão, Gonzaga e José Menino -, que serve de base para o grupo. Enquanto um fica sempre no posto (forma de rodízio), outros quatro saem para abordagem ao público. Falam sobre a importância de manter a praia limpa e também sobre preservação ambiental. Por fim, oferecem a sacolinha para que o banhista deposite os detritos gerados durante sua permanência no local, pedindo, por fim, para que seja colocada nas lixeiras e não deixada na areia. Em geral, são bem recebidos. Às vezes, tem gente que pensa vamos vender alguma coisa e já vai dizendo: não quero, muito obrigado, conta Victor Azenha Ferreira, 17 anos, que como todos os demais é oriundo do Programa de Jovens (parceria da Prefeitura, Governo do Estado e Unesco). A maioria porém, ouve tudo com atenção e muitos não pegam a sacolinha porque já trouxeram de casa, diz Camile Cristina, da mesma idade. MUDANÇA DE HÁBITOS Para os jovens, a tarefa é um autêntico desafio. Esse é um trabalho em que se busca a conscientização ambiental das pessoas e isso não é algo que se consiga de imediato. Na verdade, é demorado, pois exige a mudança de hábitos que vêm de muitos anos, avalia Enrico Carvalho Rezende Watanabe, também de 17 anos. Como o processo envolve a alteração da cultura enraizada na sociedade, defende que a educação ambiental invista principalmente nas crianças. As gerações mais jovens precisam ser trabalhadas para que se possa ter um mundo melhor, também em relação ao meio ambiente. Conforme o Departamento de Planejamento Ambiental da Semam, a proposta do Nossa Praia é realmente de promover a mudança de atitude e por isso o programa tem continuidade durante todo o ano, não ficando restrito apenas à temporada de verão. Já a Seção de Educação Ambiental da secretaria, destaca que os jovens têm treinamento e atividades de reforço, realizadas periodicamente pelas duas Ongs parceiras do programa, o SOS Praias e o Centro Educacional Água-Viva. Cada jovem que atua no programa recebe vale-transporte e bolsa-auxílio no valor de R$ 100,00. Os patrocinadores são Banco do Brasil, Vopak, Granel Química, Marimex e o Litoral Plaza Shopping. O Nossa Praia conta ainda com o apoio do Rotary Club Santos-Ponta da Praia.