Noite especial comemora 20 anos do Instituto Arte no Dique em Santos

WELLINGTON ALEXANDRE

‘Mostrando como é e sendo do jeito que se pode ser, andando por todos os cantos do mundo e promovendo encontros e trocas’. Essa adaptação de “Mistério do Planeta”, dos Novos Baianos, cabe muito bem ao trabalho desenvolvido pelo Instituto Arte no Dique que, na última quinta-feira (2), iniciou as comemorações pelos 20 anos de transformação do Dique da Vila Gilda através da arte e cultura.

Comemorações começaram nesta quinta-feira no Teatro Municipal

“Vejo a nossa história com um olhar alegre. Fico muito feliz porque valeu a pena me deslocar da minha cidade, da minha raiz, para concretizar um trabalho transformador como esse”, disse o soteropolitano José Virgílio, presidente do Instituto, sobre o pontapé inicial dado com o grupo percussivo Olodum (que estava presente no início do Projeto).

"Tinha filhos pequenos na época. Naquele momento era uma coisa muito difícil para mim, mas quando você se compromete e se envolve, você acaba encontrando um caminho. Procurei cuidar dos meus filhos indo lá todo mês e mostrando que estava realizando algo importante. Algo que seria um legado, que um dia eles poderiam compreender. Para mim, não é uma coisa de bom samaritano, é questão de um compromisso com a comunidade que deveria ser levado até o final”, completa Virgílio. 

José Virgílio, presidente do instituto: "vejo nossa história com um olhar alegre"

Em 20 anos de história, o presidente do Arte no Dique não esquece de todas as pessoas que já se foram ou passaram pelo Instituto e contribuíram para pavimentar um caminho de transformação através da amizade e respeito. “Chegar em uma comunidade e trazer a população próxima ao Instituto foi um caminho de entendimento de que aquela seria uma ação profissional e que o desejo e o interesse eram exatamente da transformação, de mostrar que ali havia cidadãos que não precisavam sofrer pelas ações violentas e pela falta de recursos”.

Arte no Dique contribuiu para transformação de muitos jovens no Dique da Vila Gilda

José Virgílio afirma que se sente honrado em ver jovens dali que hoje estão fora do País, exercendo a profissão de músico, além de outros formados através da parceria que o Arte no Dique firmou com a Universidade Santa Cecília, gerando oportunidade às pessoas. Desde sua criação, o Instituto já levou suas ações para países como França e Itália, além de ter sido palco para músicos renomados como Geraldo Azevedo, Gilberto Gil, Jair Oliveira, Simoninha, Moraes Moreira, entre tantos outros grandes nomes da música brasileira.

Projeto Beco Limpo vai capacitar jovens da comunidade para educação ambiental

Hoje o Instituto caminha na subida de mais um degrau. Uma parceria firmada entre o Dique da Vila Gilda e a Secretaria de Meio Ambiente (Semam) resultou no projeto Beco Limpo, que fornece quarenta bolsas a jovens da região que estão sendo preparados por professores gabaritados em questões ambientais e participam de ações para combater e educar a população local sobre poluição e depredação ambiental. “O que as pessoas querem é oportunidade e é com isso que a gente trabalha, oportunidades”, concluiu Virgílio.

NOITE DE HOMENAGENS

Promovida pela Secretaria de Cultura, no Teatro Municipal Braz Cubas, a noite celebrou a história de duas décadas do Arte no Dique.  O evento teve início com a abertura da exposição de fotos, com curadoria de Nice Gonçalvez, que traz a trajetória do Instituto, desde o início até os tempos atuais. Logo após, o Arte no Dique ofereceu o troféu, que leva o nome de Moraes Moreira, às pessoas da sociedade civil e políticos que incentivaram a realização das ações de transformação do local.

Duas décadas do instituto foi celebrada com muitas atrações

“Venho nesta noite, em nome do prefeito e da nossa Cidade, fazer um agradecimento ao Arte no Dique, aqui representado pelo Zé Virgílio. O que vocês fazem, tanto no Instituto quanto na parceria que vocês têm com as nossas escolas não mensuramos em valor, mas na transformação da vida de todas as crianças que estão sendo agraciadas por essa oportunidade”, expressou a vice-prefeita de Santos, Renata Bravo.

Vice-Prefeita Renata Bravo enalteceu trabalho da instituição em Santos

Umas das moradoras do Dique da Vila Gilda homenageadas por José Virgílio, dona Maria da Graça relembrou as palavras ditas pelo presidente do Instituto. “Vinte anos é muito tempo. Lembro de todos os desafios que vivemos e que foram sucedidos com o trabalho coletivo. Lembro também que Zé nos disse “gente, o Arte no Dique é como se fosse um bolo, que vai crescer e vai ser partilhado por todos que contribuíram para que esse sonho se realizasse”, disse.

Moradoras do Dique da Vila Gilda foram homenageadas

A noite seguiu com as apresentações do Coletivo Querô, regido pelo maestro da percussão - o mestre Edson Kabeça, outro grande nome da Instituição, e trio formado pelos músicos baianos Armandinho Macedo, Yacóci Simões (piano) e Marco Lobo (percussão). “José Virgílio é um grande ativista, alguém que merece nosso respeito. Parabéns Arte no Dique”, afirmou Armandinho Macedo. 

Armandinho foi uma das atrações da programação de aniversário