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No Dia das Mães, santistas mostram o amor incondicional pelos filhos

Publicado: 8 de maio de 2022 - 10h01
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A relação entre mãe e filho é construída de maneira diferente em cada ambiente familiar, cada uma com seus próprios desafios, que podem ser o da fala, da criação solo, das limitações e até da aceitação. Mas, o que nunca falta é o amor incondicional.

Nathália, Márcia e Luzia são exemplos disso. As mães santistas trazem em suas histórias a prova de que a ligação criada pelo cordão umbilical nunca se quebra, nem mesmo diante de obstáculos ou das mais diversas questões vividas no dia a dia.

 LINGUAGEM DO AMOR

José Luiz, apelidado de “Zezinho” pelos familiares, nasceu em 2018, fruto de um relacionamento que durou pouco mais de um ano. No momento em que chegou ao mundo, fez a mamãe Nathalia Barbosa Pestana Filipe, de 35 anos, sentir algo que nunca havia sentido na vida. “Muito, muito, muito amor. Estava muito emocionada”. Ela, que é surda desde o nascimento, não pôde ouvir o choro do filho ouvinte, mas aprendeu com ele que um sentimento tão grande poderia ser expressado de outras formas além de um bom e sonoro “Eu te amo”.

Em 3 anos e 7 meses, Nathalia e Zezinho desenvolveram diferentes linguagens do amor: uma delas é o toque, quando ela chega do trabalho e ele corre para abraçá-la; o carinho, nas várias vezes em que ele a enche de beijinhos ao longo do dia; pelos gestos, não no sentido figurado da palavra, mas por formas gestuais reais, através das mãos, seguindo a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Quem o ensina é a mamãe, que além de professora de Libras, é fotógrafa e produz canecas personalizadas para venda.

Zezinho já sabe falar com as mãos sobre os parentes, comida e sentimentos como amor e saudade. A mãe coruja não esconde o orgulho. “Ele é muito esperto, muito inteligente”. Ele já ajuda a mãe no dia a dia. Quando a campainha ou o telefone toca, ele corre para avisá-la ou a avó, que divide o apartamento com eles e é peça fundamental na criação do pequeno.

Nathalia destaca que, além de ser uma criança feliz e brincalhona, Zezinho também tem aptidão para as artes. Ele ama fotografia, assim como a mãe, e adora fazer expressões faciais imitando personagens de novela ou pessoas do convívio. Ela pensa em colocá-lo no teatro ou em uma agência de modelos daqui a alguns anos. “Ele pode ser o que quiser, não me importo, desde que goste”, afirma a mamãe.

A admiração pelo pequeno é tão grande que Nathalia guarda uma porção de fotos e vídeos de Zezinho no celular, material que compartilha no Instagram, num perfil criado exclusivamente para ele, e mostra às pessoas sempre que tem oportunidade. Para Nathalia, cada momento ao lado do filho é uma nova aventura. Apesar de não ouvi-lo, consegue ler cada olhar, gesto e palavra, mostrando que mães realmente têm superpoderes.

"SE ELA É FELIZ, EU TAMBÉM SOU"

Há 24 anos, Ludmilla Oliveira, ainda aos 21, contou à mãe que era lésbica. Surpresa? Nenhuma. “Na verdade, ela mesmo que me alertou. Eu tinha uma amiga que sempre ia lá em casa e em um belo dia minha mãe disse : "Você sabe que essa sua amiga aí é apaixonada por você, não é?". E eu: "Tá louca, mãe? Não viaja, nada ver". E ela estava certa. Pouco tempo depois, as duas acabaram se envolvendo. Dona Luzia Vilela de Oliveira, 82, disse que já pressentia. “Acho que é coisa de mãe”, opinou.

Para Luzia, não há nenhum problema. Ela, inclusive, conta que acha a nora uma ótima pessoa e que por isso não se preocupa com a vida amorosa da filha. “O importante na vida é ser feliz. Se ela é feliz assim, eu também sou”, afirma. Se a revelação da sexualidade é um drama para muitas famílias, principalmente no passado, o mesmo não aconteceu nessa história. A mãe inclusive vira "onça" para proteger a filha de comentários maldosos até hoje.

A relação entre as duas não poderia ser melhor. Ludmilla, hoje com 45 anos, vai à casa da mãe pelo menos três vezes na semana, tanto para matar a saudade da comida quanto para conversar sobre a vida e ver como ela está. No fim de semana, leva a mãe para “tomar uma cervejinha e comer um negocinho”, muitas vezes após uma caminhada na praia, destino rotineiro do dia de "mãe e filha".

Para Dona Luzia, a filha é a melhor coisa de sua vida, referindo-se a ela como um presente de Deus: "A coisa mais perfeita que já fiz em meus 80 anos na Terra". Ludmilla retribui e diz que a mãe significa “amor”, no sentido mais profundo da palavra. “Todo o amor que eu já recebi no mundo, recebi dela. Ela é tudo pra mim”, diz a filha.

Hoje, a relação entre as duas se inverte. Antes, a mãe era quem sempre buscava estar junto da filha, acompanhando todas as etapas, cuidando, guiando e se certificando que Ludmilla não fizesse nada de errado, além das artes costumeiras de criança. Agora, a filha assume esse papel. “Hoje eu que sou a mãe e ela que é a filha. Ela é malcriada, me desobedece, de vez em quando tenho que chamar a atenção, mas é ótimo o nosso relacionamento", brinca.

A história delas mostra que o amor sempre prevalece. "Acho que cada um tem a sua opinião e pode definir o que considera certo, mas penso que, como mães, se a gente ama os nossos filhos, temos que aceitá-los do jeito que eles são e fazer de tudo para que sejam felizes”, finalizou Luzia.

SOB OS HOLOFOTES DA MÃE

Sob os holofotes desde os 15 dias de vida, Giovanni, hoje com 16 anos, demonstra aptidão para as artes, principalmente o teatro. Logo após o nascimento, ele teve participação no filme "Querô". Hoje se destaca nas aulas de atuação na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Santos, onde é o "menino dos olhos" do professor da disciplina. “Tem uma interação muito boa, realmente entra no personagem”, elogiou a mãe, Márcia Cristina Costa Teixeira, 59, que se orgulha da evolução do menino que veio ao mundo com Síndrome de Down.

Último dos três filhos da artesã, Giovanni está naquela fase da adolescência em que não quer mais fazer tantas coisas ao lado da mãe. “Antes a gente brincava, fazia várias atividades juntos, mas agora ele não quer mais. Não gosta mais de ficar grudado comigo”. A única mania que não se perdeu ao longo do tempo foi o bate-papo. Eles conversam durante todo o caminho da escola até a casa. “Eu pergunto como foi o dia dele, com quem ele brincou, quais lições fez. Ele já se acostumou e, se eu não pergunto, ele me cobra”, conta Márcia.

Quando está em casa, Giovanni se diverte no celular e assiste a desenhos e youtubers de que gosta. No fim de semana, quando o garoto não está com o pai, a mãe prepara pipoca e os dois se aconchegam no sofá para uma sessão de cinema. “Pego minhas agulhas de crochê, ele pega o balde da pipoca, e ficamos assistindo a um filme e conversando”, conta a mãe.

Para Gi, como é chamado pelos amigos e familiares, “ela é a mãe mais legal do mundo”. Ele conta que ela o ajuda na lição de casa e que sempre contribui com os seus estudos ensinando-o a ler e escrever. O que ele não sabe é que também foi um grande professor para Márcia. “Aprendi a ter um pouco mais de paciência e entender que cada pessoa faz as coisas no seu tempo. Agora, também sei olhar pequenas coisas, porque eles percebem coisas que nós, às vezes, não damos tanto valor, mas que são importantes para eles”.

O aprendizado que Márcia tenta sempre passar ao filho é que ele seja ele mesmo, que faça coisas que o deixam feliz e, o mais importante, que nunca sinta vergonha de ser quem ele é. Quando questionada sobre como é ser mãe de Gi, ela não sabe definir em palavras. “As pessoas falam que sou especial, guerreira, forte, mas eu não me sinto assim. Sou só mãe. Com ele, aprendi o que é ser mãe”.

 

FOTOS: Nathalia (Arquivo Pessoal), Luzia (Rogerio Bomfim/PMS) e Márcia (Carlos Nogueira / PMS)

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