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Ministério adverte municípios para risco da dengue hemorrágica

Publicado: 3 de agosto de 2001
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Uma postura realista diante da gravidade que assumiu a epidemia de dengue no País, onde o número de casos foi crescente neste ano (a prioridade é para 618 municípios, onde a situação é mais grave, respondendo por 70% da transmissão), foi assumida pelos representantes do Ministério da Saúde, durante o I Encontro Para Avaliação e Intensificação das Ações de Controle de Dengue no Estado de São Paulo, ocorrido nos dias 1 e 2, em Campinas, com coordenação da Sucen. O montante de recursos reservados para todo o País, mas sem data ainda de repasse, envolve R$ 61 milhões 966 mil, sendo cerca de R$ 36 milhões para recursos humanos, R$ 2l milhões para equipamentos e R$ 4,6 milhões para insumos. Santos receberá o mesmo montante (em torno de R$ 74 mil mês) que já vem recebendo para o combate a doenças endêmicas, inclusive a dengue, dentro do Plano Pactuado Integrado de Epidemiologia (PPI). O Ministério quer os municípios bem preparados, inclusive para a ocorrência do pior, no próximo verão: ou seja a epidemia da dengue hemorrágica. O que se recomenda, a nível nacional, é a implantação de ações permanentes no controle sustentável, com um envolvimento e integração maior de todos os órgãos, especialmente de setores ligados ao saneamento (distribuição de água), coleta de lixo e educação. E conversando permanentemente com as Vigilâncias Epidemiológica e Sanitária, que têm sido pouco eficientes no controle da doença, segundo avaliou o Ministério da Saúde. ¨Vigilância Epidemiológica não é um serviço só para registrar números¨, explicou o diretor do Centro Nacional de Epidemiologia do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa. No Estado de São Paulo, 186 municípios tiveram casos autóctones de dengue e 67 são prioritários para a intensificação das ações previstas. PSF COM PAPEL IMPORTANTE Os programas de Saúde da Família (PSF) e de Agentes Comunitários (PACs) devem participar ativamente no combate à dengue, orientando a população, segundo recomenda o Ministério da Saúde, apontando entre as falhas do combate, o pouco envolvimento da comunidade. Em Santos, esse trabalho já vem acontecendo. Mas a falta de maior participação da comunidade ficou constatada, por exemplo, no grande número de criadouros domésticos. Os bairros da Orla, tais como Boqueirão e Gonzaga, lideram as estatísticas com criadouros do mosquito em vasos de plantas. Mas o principal foco continua sendo os ralos, e isso em toda a Cidade. Entre as novidades nas propostas visando o combate à dengue no Estado e no País, há consenso na mudança de sistematização para avaliar os níveis de infestação larvária. Esse trabalho (coletas para exame em alguns criadouros) deve ser mais ágil, provavelmente mensal. Essa iniciativa também consta na proposta municipal, além da implantação das ovitrampas para monitoramento da infestação. Serão colocadas cerca de 400 ovitrampas nos diferentes bairros da Cidade. Os bloqueios de áreas infestadas também devem ser feitos de forma mais rápida, sendo recomendado agora que não apenas a Sucen atue, como também equipes municipais, que estarão sendo treinadas para a função. Em Santos, 15 agentes colaboraram com a Sucen neste ano, mas agora essa capacitação de uso de máquinas costais vai atingir mais equipes. O plano estadual não recomenda a nebulização por máquina pesada, já que na região da Baixada Santista foi constatada resistência do mosquito aos inseticidas. Ou seja, a pulverização não vem eliminando a quantidade de mosquitos que deveria. Mas o município de Santos estará rediscutindo essa questão com os órgãos estaduais. Com participação de representantes das secretarias municipais de todo o Estado e do Governo Federal, a mensagem passada por Jarbas Barbosa, da Cenepi/Funasa, é que o país deixe de lado o discurso ingênuo da erradicação da dengue a curto prazo, substituído pelo trabalho de controle a longo prazo, a medida que o País não conseguirá tão cedo impedir a transmissão e a presença do mosquito Aedes aegypti. Por essa razão, os municípios devem incluir, em seus orçamentos, de forma permanente, recursos para o controle da doença, tal como já acontece com outras endemias. Convênios de curta duração com repasse de recursos do Ministério também não vão mais ocorrer, na medida que eles são eficientes e bons para epidemia de curta duração, mas não para questões crônicas.