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Mergulhadores avaliam estrutura de bags na Ponta da Praia em Santos

Publicado: 18 de novembro de 2022 - 16h19

O levantamento preliminar da primeira vistoria feita com mergulhadores na estrutura de geobags da Ponta da Praia aponta avaria em pelo menos dois dos 49 sacos geotêxteis instalados em trecho do mar, em Santos, para diminuir o impacto das ondas e armazenar areia. A última parte desta etapa do trabalho aconteceu na manhã desta sexta-feira (18).

O relatório completo de como ficou a estrutura instalada em 2018, incluindo os dados da inspeção com os mergulhadores, deve ficar pronto até dezembro, segundo o secretário de Meio Ambiente de Santos, Marcos Libório, que acompanhou o trabalho. 

A estrutura de geobags consiste em uma barreira submersa colocada em formato de 'L' a partir da mureta na altura da Rua Afonso Celso de Paula Lima. No trecho junto à calçada foi instalada estrutura perpendicular de 275 metros de comprimento. Anexa, já no mar, paralela à praia, outra estrutura, com 240 metros de extensão, tem o objetivo de armazenar areia e recuperar trecho de praia naquela região. Os 49 bags foram preenchidos com cerca de 7 mil metros cúbicos de areia. Cada saco pesa cerca de 300 toneladas.

O projeto-piloto para Mitigação e Monitoramento dos Efeitos Erosivos foi desenvolvido pela Unicamp, e é pioneiro no País visando combater a erosão e, como consequência, minimizar os efeitos da ressaca.

AÇÃO HUMANA

O que a equipe de mergulhadores já passou para a Semam é que as avarias em dois geobags foram causadas por ação humana: em uma delas foram encontrados restos de rede de pesca, outro foi cortado possivelmente por um arpão. Há suspeita em relação a um terceiro geobag, que perdeu areia. 

Os dados coletados pelos mergulhadores desde quarta (16) até esta sexta-feira (18) vão compor um relatório detalhando as avarias e, no cruzamento de dados, eventuais danos estruturais ou físicos com relação à movimentação das marés nas luas cheia e nova, de maior interferência na correnteza. O relatório também terá dados da batimetria, mostrando o total de areia acumulado naquele trecho e se há necessidade de recomposição dos geobags. 

"Grande parte da estrutura está preservada. Ela tem surtido efeito na retenção de areia e na contenção das ondas nesta região", avalia Marcos Libório. Ele explica que a estrutura dos geobags não fica no trecho onde as muretas da Ponta da Praia foram afetadas pela forte ressaca registrada na Ponta da Praia em 11 de setembro. "A parte abrigada pelos geobags não foi danificada pela ressaca".  

CAÇA SUBMARINA

Além de minimizar os efeitos da ressaca, a instalação dos geobags interferiu diretamente no aumento da vida marinha no local. "Começaram a aparecer pequenas lagostas, polvos, tartarugas e garoupas. A vida marinha está se recompondo, e absorvendo os bags como elemento natural".

Para melhor preservar este cenário e a estrutura, a Semam vai instalar placas na Ponta da Praia proibindo temporariamente a caça submarina no entorno dos bags. "A ideia é preservar a estrutura dos geobags do uso de arpão ou outro elemento cortante ou perfurante. Essa proibição é uma cautela com relação à estrutura. Vamos acompanhar isso ao longo do tempo".

MATERIAL GRAVADO

A vistoria desta sexta-feira foi feita com uma equipe de quatro mergulhadores e um supervisor. A equipe entrou em um barco e, após a verificação da listagem dos equipamentos de segurança, o grupo fez uma prece pedindo proteção para quem desce ao mar - neste caso, a uma profundidade de 3 a 4 metros.

São passadas as primeiras indicações das posições dos bags para os mergulhadores. Eles descem com câmeras e equipamento de iluminação. As imagens e os sons são transmitidos em tempo real para quem está no barco. O supervisor, no barco, vai passando orientações.

Quando há necessidade de um deslocamento maior, os mergulhadores retornam para o barco até a chegada a outro ponto da estrutura. Na manhã desta sexta, tartarugas faziam companhia à equipe de mergulhadores. O estudo não é feito somente no mar. Em terra, uma equipe de topografia faz a leitura da posição dos prismas (estruturas de sinalização na água) para verificar eventuais deslocamentos dos geobags.