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Médica tem forte ligação com a população dos Morros

Publicado: 31 de outubro de 2019 - 12h33

A evolução dos serviços de saúde voltados para a população do Morro Santa Maria e entorno se confunde com a história da médica Maria Aparecida Garcia Glória Pinto, também conhecida como Cida, de 64 anos. Há 13 anos, a servidora municipal fez parte da equipe que cadastrou os moradores para a implementação da estratégia de Saúde da Família no bairro e, desde então, não deixou mais de atuar na área, hoje dotada com uma moderna e ampla sede própria.

“Nós andávamos a pé conhecendo território e cadastrando as pessoas. Não tinha a unidade e, no começo, atendíamos na igreja católica e depois na igreja evangélica. Fazíamos reunião no carro e cheguei até a usar meu próprio carro para o trabalho”, conta a profissional, que antes de atuar no Morro Santa Maria já havia trabalhado por nove anos na Policlínica do São Bento, além de período compartilhado com a unidade do Gonzaga e plantões na Nova Cintra.

Uma enfermeira que tinha trabalhado com a profissional no Gonzaga percebeu a sua vocação para a Saúde da Família. “Ela falou numa reunião: 'Você tem perfil, é interessada, nunca vi fazer corpo mole para atender ninguém'. E, então, me convidou para ingressar no programa”.

No Morro Santa Maria, Cida encontrou muitos pacientes que já conhecia da unidade do São Bento, o que ajudou na adaptação. Para atuar na Saúde da Família, a médica especializada em pediatria passou por reciclagem nas áreas de ginecologia/obstetrícia e clínica médica, sendo hoje a responsável pelo atendimento médico básico de quase quatro mil moradores.

FAMÍLIA

Depois de tantos anos atuando junto à comunidade local, a médica viu crianças que eram suas pacientes se tornaram pais, realizando o pré-natal das mulheres gestantes e hoje acompanhando seus filhos. Muitos dos pacientes viraram seus amigos, até como se fossem seus familiares. “A relação aqui é tipo família. Eu perdi minha mãe há dois anos e meio e o meu pai teve um AVC há dois meses, e eles (os pacientes) sempre me perguntam como é que estou. E eu sei que é de coração”.

O segredo, segundo ela, está na simplicidade nas conversas com os moradores. “Aqui a gente olha no olho, a gente conversa. Eu acho que tratar com dignidade é ser tratado com dignidade”.

VOCAÇÃO

“Ser servidora estava um pouquinho no sangue”, descreve Cida de onde surgiu a vocação para ser servidora pública, pois seu pai Sylvio José Glória, 89 anos, é servidor aposentado e foi professor de artes gráficas na escola de educação especial Maria Carmelita Proost Villaça, na Ponta da Praia. Maria Aparecida, que foi a primeira médica da sua família, acabou transmitindo para dois dos seus três filhos a vocação para a área da Saúde. O primogênito Márcio, 33 anos, é médico especializado em radiologia. Já a filha do meio, Marina, 30, é nutricionista e trabalha no Complexo Hospitalar dos Estivadores. Somente o caçula Marcos, 27, não faz parte do setor e é despachante aduaneiro.

“Ser servidora é me colocar no lugar dele (do paciente). Eu sou da população, sou santista. Um dos princípios do SUS (Sistema Único de Saúde) é que ele é para todos. Precisamos pensar que a pessoa que está ali para ser atendida é filha de alguém. Assim como eu a estou atendendo, meu filho pode estar sendo atendido em outro lugar”.

APOSENTADORIA

Após quase 40 anos de carreira médica, contando o período de iniciativa privada antes do ingresso na Prefeitura, Maria Aparecida está próxima da aposentadoria, o que deve ocorrer no próximo ano. Ela já tem o tempo necessário para se aposentar e deseja agora ser avó. Enquanto este sonho não se concretiza, treina a função com as crianças que atende. “Já que não sou vó, vou tirando 'casquinha' dos filhos dos outros”, brinca a médica, revelando todo o seu amor e carinho no atendimento ao público.

EXEMPLO

O secretário municipal de Saúde, Fábio Ferraz, ressalta que a médica é um exemplo de dedicação. “Toda vez que estive no Morro Santa Maria escutei muitos elogios dos seus colegas de unidade e de toda a população. Esta relação que a doutora Cida tem com a comunidade é muito forte e serve de referência para outros médicos que atuam dentro e fora do serviço público”.