Maternidade Silvério Fontes, em Santos, acolhe bebê que nasceu em carro

Patrícia Fagueiro

“Socorro! Está nascendo!”. Foi este o grito que a enfermeira obstetriz Maria Cecilia Bernardo Pinto ouviu quando estava próxima a seu carro, em frente à Maternidade Silvério Fontes, em Santos. Professora universitária, ela se preparava para acompanhar os residentes da unidade. Prontamente vestiu as luvas que tinha em seu veículo e seguiu o pedido de socorro.

Chegou até um automóvel, solicitado por aplicativo de celular, onde estava a dona de casa Rhayane Caroline Félix Campos em trabalho de parto e iniciou os primeiros cuidados naquele momento, em que a cabeça do bebê já era visível.

O pai da criança, Bruno Félix Campos, havia entrado segundos antes às pressas no hospital pedindo assistência porque o bebê estava nascendo. Como equipe unida trabalha unida, o segurança do hospital acionou rapidamente os profissionais do Pronto Atendimento Obstétrico da Maternidade.

A obstetra Cláudia Matsumoto e a técnica de enfermagem Adriene Garcia Bezerra da Silva foram rapidamente até o carro para então concluir o parto. A médica fez o procedimento de clampeamento, para separar a mãe e bebê via cordão umbilical. Adriene levou o recém-nascido para dentro da unidade e o entregou à enfermeira obstetriz Cristiane Rocha Duarte. Na sequência, Adriene retornou ao carro.

Uma história repleta de personagens, mas em que a união fez a força. Neste momento, o mais importante era garantir o bem-estar do bebê e da mãe. Enquanto Cláudia e Adriene colocavam Rhayane em uma cadeira de rodas e a encaminhavam para avaliação clínica, o bebê que estava com Cristiane recebia os primeiros atendimentos pós-nascimento.

Em poucos minutos, após avaliação clínica, mãe e bebê realizavam o primeiro contato pele a pele e o estímulo à amamentação. No início da tarde, Théo já havia mamado duas vezes. Uma criança que chega ao mundo já fazendo história.

HOSPITAL AMIGO DA CRIANÇA

A Maternidade Silvério Fontes é Hospital Amigo da Criança, iniciativa lançada pela Unicef e pela Organização Mundial da Saúde no início da década de 1990,  e adota todos os protocolos estabelecidos como o cuidado respeitoso e humanizado à mulher durante o pré-parto, parto e o pós-parto, o incentivo ao aleitamento materno e a garantia do livre acesso à mãe e ao pai e a permanência deles junto ao recém-nascido.

SEGURANÇA

Embora o trabalho de parto tenha sido muito rápido, Rhayane se sentiu segura, pois há 1 ano e 7 meses teve o primeiro filho, Benjamin, na Maternidade Silvério Fontes, após 4 horas em trabalho de parto.

Dessa vez, as dores começaram às 6 da manhã e com contrações espaçadas. Logo, ela lembrou da dica recebida na Maternidade no ano passado: no momento da dor, foi para o chuveiro e deixou a água em temperatura morna. A equipe da maternidade acredita que esta ação facilitou o trabalho de parto, uma vez que promoveu relaxamento, diminuindo dor e ansiedade.

Por volta das 7h30, o marido solicitou um carro por aplicativo de celular. Neste momento, não imaginavam que o bebê chegaria tão rápido, pois as contrações continuavam espaçadas, embora a dor fosse intensa. Não avisaram ninguém da família, queriam fazer surpresa.

“Nenhum familiar apostou que Théo nasceria no dia 9. Como um bom ariano, veio no dia em que ele quis”, brinca Bruno.

Os pais fizeram o trajeto de carro em cerca de 5 minutos, pois moram no Castelo, mesmo bairro da Maternidade. Quando o veículo estacionou, a cabeça do bebê se fez visível, ainda dentro da placenta, que se rompeu pouco depois.

E assim Théo Félix Campos chegou ao mundo, com 2,8 quilos e 46 centímetros, após 38 semanas e 5 dias de gestação. Logo a notícia se espalhou por todo o bairro.

FAMÍLIA AUMENTOU

Um bebê planejado, para fazer companhia ao irmão Benjamin, que completa 1 ano e 8 meses no próximo dia 14.

“Meu marido e eu temos irmãos com grande diferença de idade, então gostaríamos que os nossos filhos tivessem idade próxima para que brincassem juntos e tivessem interesses parecidos”, explica Rhayane, que foi atendida pela mesma equipe de plantão nas duas passagens pela Maternidade Silvério Fontes.

“As minhas duas experiências aqui foram muito boas. A equipe tem carinho por nós e explica tudo o que vai fazer conosco. No meu primeiro filho, tive dificuldade na amamentação. Fonoaudiólogo, psicólogo e assistente social nos ajudaram. Agora, mais experiente, o aleitamento está mais tranquilo”, completou Rhayane.

Bruno lembra que o primeiro filho teve icterícia, nasceu com a pele amarelada pelo acúmulo de bilirrubina no sangue. Precisou de banho de luz e permaneceu no hospital por cinco dias. Agora, a expectativa é outra: a previsão é DE que Théo receba alta nesta quinta-feira (11).

LEMBRANCINHA DO HOSPITAL

Assim como todas as mamães, Rhayane recebeu uma lembrança especial da Maternidade Silvério Fontes: um quadrinho em que a sua placenta foi “carimbada” com o uso de tintas coloridas. No entorno da ilustração, informações sobre o nascimento do bebê e a equipe que o atendeu.

Esta iniciativa contempla o item 3 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU: Saúde de Qualidade. Conheça os outros itens dos ODS